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4558 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 223

Realmente não acho um interesse de maior neste diálogo. Não me entusiasma, e não me entusiasma por aquilo que acabei de explicar.
Por outro lado, corta o fio ao meu pequeno discurso.

O Sr. Magalhães Mota: - Peço desculpa.

O Orador: - Eu vou, no entanto, procurar responder a V. Exa. rapidamente. Mas se outras dúvidas tiver, eu acho que lhas poderei esclarecer acto contínuo, assim que acabe, visto que posso presumir que as dúvidas sejam apenas suas, porque não tenho indicação de que sejam de mais alguém.
Em primeiro lugar, melhor, por aquilo que em último lugar disse, que é o que me recorda mais - a sua pergunta sobre o primeiro ponto foi um pouco extensa -, como dizia, no segundo ponto que apresentou, ou seja, o do acento tónico na tradição e no passado, V. Exa. apresentou três exemplos tirados dos programas da televisão.
Falou de um programa que me parece ser do Sr. Dr. Hermano Saraiva e de um outro programa que já me não recordo, mas que é um programa semanal, suponho eu.
V. Exa. disse há bocadinho que a nossa história é suficientemente rica para que nos orgulhemos dela. Pois parece-me que um programa semanal sobre reminiscências históricas, que não se limitam apenas a dizer que fulano nasceu em tal época e tiram a interpretação que pode ajudar a construir o futuro, pois eu tenho a impressão de que essas reminiscências históricas, que ajudam a reconstruir o futuro, são da maior utilidade e não abusam do tempo, porque, ao que suponho, eram quinzenais ou semanais.
Quanto a outro ponto, V. Exa. referia-se à contradição.
Não há contradição nenhuma, parece-me. V. Exa. é que apontou uma contradição que não existe: disse que deve transcender-se a simples política de noticiário, para logo, contraditòriamente, se condenar o comentário crítico.
Pois, se se faz o noticiário e se V. Exa. diz que o noticiário é pouco, e é preciso o comentário, eu estou inteiramente de acordo e isso não contraria nada essa posição.
O que V. Exa. diz é que o comentário talvez não chegue, ou não será como V. Exa. entende que ele deveria ser feito, sobre determinados assuntos.
Mas isso, bem vê, é difícil adivinhar qual seria o comentário que se ajustasse à sua maneira de ver, qual seria o comentário mais certo em função de determinadas circunstâncias ou determinados acontecimentos.

O Sr. Magalhães Mota: - Não é isso.

O Orador: - Não era?

O Sr. Magalhães Mota: - A minha ideia é que a informação não se reduz à notícia.

O Orador: - E não. Tanto assim que V. Exa. faz a crítica à simples notícia e depois também faz a
crítica ao comentário. De maneira que não há só notícia. Há notícia e há comentário, e não me satisfaz nem só a notícia nem só o comentário.

O Sr. Magalhães Mota: - E não é só também a notícia mais o comentário. São mais coisas. Todo o contexto que é transmitido é ainda informação.

O Orador: - Está bem. E que é que isso tem?

O Sr. Magalhães Mota: - Todos os programas, por exemplo, ainda no domínio da televisão, também eles são uma forma de comunicação social. E são, por isso, informação. A informação deve transcender o simples noticiário. E o que me parece que é um defeito da política vigente é só se preocupar com o tal noticiário. O resto é também informação.

O Orador: - Mas não, porque V. Exa. verifica que, além do noticiário, também há comentário, também há comunicação, também há exposição. Ora, V. Exa. critica não apenas o noticiário e o ponto histórico desse noticiário, mas também critica quando há comentário.

O Sr. Magalhães Mota: - Não é isso.

O Orador: - Se V. Exa. me permite, eu vou continuar.
E até se procura isolar a acção de certo Ministério, merecedora de todo o nosso aplauso, como se essa acção não se integrasse num programa governativo, não representasse parcela de um conjunto e fosse possível sem a orientação, o impulso e o apoio do resto do Governo e do seu chefe.
Não é exacto que a política da informação não esteja actuando poderosamente no sentido do desenvolvimento e da inovação.
Menos ainda que essa política queira uma informação "sistemàticamente calada perante a vida".
Só temos de nos entender a respeito das premissas fundamentais da política de informação.
Se nos colocarmos numa posição relativista e céptica, liberal à moda antiga, o Estado abstém-se de respeitar e de defender valores sociais e morais.
Admite que tudo quanto possa surgir através dos meios de informação é útil, seja a apologia do anarquismo, seja a traição à Pátria, seja a perversão da família, o exagero do sexo, o culto da violência, o incentivo à indisciplina, e assim por diante.
O Estado, como Pilatos, assiste e... lava as mãos.
Os cidadãos que escolham. Os cidadãos que optem entre o pluralismo das ideologias, dos sistemas, das ilusões, dos mitos e até da própria ordem moral. Só que, nos tempos correntes, os "pluralistas" que dominam na informação tendem para uma banda só: a banda do socialismo que leva ao totalitarismo desumanizador, materialista, ateu, desagregador das pátrias e das consciências.
Para quem acredite no ideário marxista do processo histórico e creia, portanto, na fatalidade do advento de uma "sociedade sem classes", que muitos se esfalfam agora em apresentar com face humana, mas que até hoje nunca mostrou senão a face da violência e da opressão - quem acredite nessa fatalidade, claro que deve preconizar a passividade dos go-