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8 DE FEVEREIRO DE 1973 4557

Grande parte, se não a totalidade, dos problemas e das carências que ainda hoje se verificam na informação e na comunicação social, em particular entre nós, se irão resolvendo por si, na medida em que, ainda mais do que até agora, os seus responsáveis, no sector público como no privado, procuram sistematicamente aperfeiçoar a sua competência profissional, apurar a sua honestidade de processos e de intenções e, finalmente, desenvolver cada vez mais o seu sentido de serviço da comunidade nacional e internacional - entendidas em termos concretos, não utópicos, nem demagógicos -, de seres com vocações específicas (em certa medida transcendentes no próprio plano da Providência).
Sr. Presidente: Na conclusão do "sumário" do aviso prévio que o Sr. Deputado Magalhães Mota fez o favor de me mandar no mês passado, diz o meu ilustre colega tornar-se prioritàriamente necessária, entre outras coisas, "uma imagem de Portugal novo".
Por meu lado formularei o voto de que os meios de comunicação social portugueses vão dando, cada vez mais oportuna e fielmente, para o interior e para o exterior, a imagem de um Portugal europeu, africano, asiático - e até americano, na sua expressão brasileira - cada vez melhor e mais decididamente empenhado na construção de si próprio e, deste modo, também na construção - em justiça e em paz - do novo século XXI.
Tenho dito.

O Sr. Almeida Cotta: - Sr. Presidente: A política de informação seguida em Portugal foi neste debate largamente examinada e por alguns Srs. Deputados posta em causa.
Creio, porém, que as críticas foram em muitos casos profundamente injustas.
Dizer-se, por exemplo, que o Poder se sente perturbado face aos novos sistemas de informação poderá considerar-se um juízo justo e exacto?
O Poder não teme, nem tem de temer, a informação honesta e verídica. Mas todos nós temos de recear a informação precipitada, a informação desvirtuada, a informação destorcida, a informação tendenciosa, a informação que, sem motivos, alarma e atinge o crédito do País ou os interesses das pessoas.
Nunca, como nos últimos anos, os homens que exercem o poder procuraram com tanta diligência ter a Nação ao corrente do que se faz, ao mesmo tempo que tão largamente auscultaram os anseios, os desejos e até as opiniões dos cidadãos.
A televisão e a rádio têm sido utilizadas para informar o público das ideias do Governo, das suas resoluções e das realizações colectivas.
Diz-se que se deve transcender a simples política do noticiário, para logo, contraditòriamente, se condenar o comentário crítico e esclarecedor.
Diz-se que se deve deixar de pôr o acento tónico na tradição e no passado, como se os meios de informação se limitassem entre nós à apologia da história e não estivessem quotidianamente a dar conta de um esforço consecutivo de desenvolvimento económico e de fomento da instrução e da cultura.

O Sr. Magalhães Mota: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Magalhães Mota: - Em primeiro lugar, V. Exa. estava - e julgo tê-lo seguido com atenção - a notar uma contradição ao salientar que a política de informação que prosseguimos tem sido essencialmente uma política de noticiário. É V. Exa. mesmo quem, mais adiante, salvo erro, vem apontar que a política seguida em matéria de desenvolvimento tem sido noticiar o progresso e o desenvolvimento.
Se bem ouvi, parece que a contradição estará mais nas palavras de V. Exa. do que nas minhas.
Em segundo lugar, o que V. Exa. igualmente criticou foi a oposição entre o noticiário e o comentário. Ora eu julgo que quando se pretende transcender uma política de noticiário é pensar-se que a informação tem alguma coisa mais a fazer do que simplesmente relatar factos. E tem ainda mais do que também o simples comentário desses factos. Há mais missões de informação. E é quanto a esses aspectos, que não são atingidos, ou que pelo menos não me parece serem atingidos, que eu julgo que se deve transcender a simples política de noticiário.
E lembro, quando V. Exa. fala na política de comentário, que esses comentários vêm sendo introduzidos muito recentemente. E estes comentários têm um objectivo que me parece bastante nítido. É que, perante uma informação que se apresenta com aspectos diversos da informação tradicional, as pessoas sentem ainda necessidade de se orientar, e o comentário surge mais como orientação do que propriamente como comentário.
O último aspecto era o do acento tónico na tradição e no passado. Creio, Sr. Deputado, que esse aspecto é por de mais evidente. Basta pensar, por exemplo na nossa televisão, no simples elenco de títulos: "Presença do passado", "O Tempo e a Alma" e um programa sobre curiosidades históricas. Tem toda uma série, muito mais, efectivamente, do que os pontos voltados para o futuro.
Parece-me que é muito importante a história, e longe de mim rejeitá-la, ainda para mais quando, felizmente, o património histórico que possuímos é de molde a que todos dele nos orgulhemos. Mas o que eu gostaria era de que também fôssemos capazes de olhar em frente. Gostaria, por exemplo, de que o culto dos nossos heróis fosse feito não em estilo de homenagem póstuma atrasada, mas a aproveitar a actualidade do seu exemplo e da sua lição. Parece-me que este é um conceito um pouco diferente daquele conceito meramente referenciador das glórias passadas; é o tomar assento nelas, para sermos capazes de as projectar no futuro que queremos construir. E daí as minhas observações.

O Orador: - Sr. Deputado Magalhães Mota: Tenho muita consideração por V. Exa., mas devo dizer-lhe que este método de esclarecimento, este processo de trabalho, não me parece ter grandes virtualidades - isto, pelo muito respeito que tenho pelo lugar donde falamos e pelo auditório para que falamos.

O Sr. Correia da Cunha: - Muito bem!

O Orador - Quero com isto significar que, quer a pergunta, quer a resposta, estão um pouco viciadas de uma certa improvisação: V. Exa., porque não pode saber o que eu viria dizer; eu, porque não posso calcular aquilo que me viria perguntar.