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4790 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 237

os homens mais bondosos, ajuizados e criadores - haverem agido como propagandistas daqueles alucinogéneos, sob o lema de que a todo o cidadão americano assistia o direito de, pela droga, descobrir a sua verdadeira personalidade.
O centro da sua actividade situava-se em Newton, Massachusetts, em dois estabelecimentos comunitários que constituíam a "Federação Internacional para a Liberdade Interna", mais conhecida por "Clube I. F. I. F.". Eles próprios viveram a experiência a ponto do Dr. David C. MacClelland, director do departamento das relações sociais da dita Universidade, afirmar que quanto mais drogas Leary e Alpert tomavam, menos interesse denotavam pela ciência. Estes estabelecimentos foram posteriormente substituídos por outro, em Zihuatanejo, México, tendo o seu encerramento sido oficialmente determinado por vários drogados, de mãos dadas, passearem nus pelas ruas da vila.
Era só isto. Muito agradecido a V. Exa.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado, pelo aditamento que fez ao meu pequeno apontamento.
A extensão e gravidade do problema da droga bem justificam, pois, todos os esforços e campanhas que por todo o mundo que têm desenvolvido no sentido de um combate que exije total adesão. E dizemos total, pois que, na verdade, não bastam leis para o resolver. Trata-se de um problema que tem de ser resolvido pela sociedade, se quiser fugir ao estado de psicose colectiva e de revolta psicadélica, evitando, ao deixar-se dominar pelo uso da droga, que, como já alguém disse, faça "uma viagem que nem sempre é uma viagem de ida e volta, pois que aos viciados pode acontecer terem de comprar apenas um bilhete de ida para um asilo, uma prisão, um sepulcro".
Trata-se, efectivamente, de um problema que precisa dos esforços de pais, professores, educadores, médicos, farmacêuticos, jornalistas, assistentes sociais, proprietários de restaurantes e bares, enfim de todos.
Conhecida a natureza e efeitos que não raro levam à loucura e à morte quem, por infelicidade, caia no degradante vício de a tomar, mormente a juventude que é presa fácil para esta hidra de mil cabeças, não pode estranhar-se que os Estados, que despendem rios de dinheiro para defender a saúde física da sua juventude, não possam nem devam ficar indiferentes perante o uso e comércio indiscriminado das drogas nesta era que já foi apelidada de psicadélica.
E, já aqui dissemos - quando na sessão de 22 de Fevereiro de 1972 chamámos a atenção para alguns problemas decorrentes do incremento do comércio e uso da droga entre nós -, uma das razões por que não foi possível manter imune o nosso país à nefasta e deletéria corrupção moral que a droga provoca é que, sendo a dissolução dos costumes usada pelos comandos internacionais da subversão como arma contra as sociedades ocidentais e cristãs, a droga passou a constituir, nos nossos dias, um dos principais veículos para prosseguir essa diabólica actividade que é a poluição moral e em que se mostram interessados todos quantos desejam ser delapidadores da nossa juventude, levando ao envenenamento e inutilização milhares de jovens e reduzindo-os a autênticos farrapos humanos.
Não admira, pois, que os governos, conhecedores dos malefícios causados pelo abuso das drogas e até da onda de criminalidade que vem causando, imponham leis drásticas para a repressão da droga e que esta seja objecto de especulação e de comércio clandestino do mais requintado e abusivo. E não deve ser estranha a esta actuação a não rara interpenetração do consumo da droga com fenómenos da delinquência, sabido como é que não terá sido certamente por mero acaso que a criminalidade entre os jovens tem aumentado paralelamente com o aumento e a difusão do uso da droga, podendo, por isso, sem receio de desmentido, afirmar-se que ela - a droga - constitui um dos factores que hoje em dia influi de modo decisivo na criminalidade.
Daí que a vaga de delinquência observada nos Estados Unidos nos últimos anos já tenha sido interpretada como consequência da epidemia da droga, que ali assumiu já aspectos de flagelo social.
E facilmente se compreende que assim seja, uma vez que, sendo a droga de preço muitíssimo elevado, os viciados, quando lhes falta dinheiro para a comprarem, como acontece na maioria dos casos, entregam-se à prática de actos anti-sociais, nomeadamente à prática de roubos, assaltos a casas e estabelecimentos e até a pessoas em plena rua. É que, procurando nas drogas, por motivos psicológicos, económicos, familiares e patológicos, uma momentânea felicidade, se bem que prejudicial e enganadora, os jovens pensam encontrar na sua utilização e na ânsia de prazeres novos e como lenitivo para seus males ou meio para solucionar seus íntimos problemas, a pacificação dos seus conflitos.
Mas, a par de medidas repressivas que o tráfico dos estupefacientes, a miséria e a criminalidade suscitaram e que se traduzem em providências legislativas, são também adoptados meios terapêuticos adequados para tratamento dos viciados através de centros de desintoxicação e de assistência.
Entre nós, o perigo, se bem que não atingisse ainda a gravidade que já alcançou nalguns países, é, contudo, maior do que geralmente se supõe. A receptividade ao uso da droga é grande em certos meios, em virtude do elevado nível de vida e da desocupação permanente em relação a trabalhos produtivos.

O Sr. Castro Salazar: - Muito bem!

O Orador: - E atingirá volumes cada vez mais preocupantes se não forem tomadas sérias e enérgicas medidas, certo é que a taxa de viciação só a partir de 1971 passou a oferecer carácter alarmante.
Neste combate não devemos esquecer - conforme já esclareceu o Prof. Baraona Fernandes - que: "... nos círculos que começam a estar contaminados formam-se uns clãs que se autoprotegem, por recearem à intervenção das autoridades." A par de uma boa investigação policial, torna-se indispensável uma acção repressiva pronta e enérgica, atinja quem atingir, para salvar a juventude não contaminada - tanto rapazes como raparigas -, e cujo comportamento na sociedade juvenil tanto já está preocupando pais e educadores, bem como a solidez das futuras famílias.
Tudo isto porque, conforme já se escreveu: "Salvar essa gente que está à beira de um abismo de cuja profundidade se não apercebe, é, sem dúvida, muito importante. Mas com ou sem droga o seu futuro