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4852 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 240

anos o de chefe de Serviços de Turismo, o de chefe dos Serviços Administrativos, e nunca foram providos três desses lugares; acresce que, na inspecção da indústria hoteleira, as funções de fiscais são exercidas pelos agentes da fiscalização do Fundo de Turismo.
Assim é impossível!
Embora não me tivesse sido possível avaliar a reacção que a publicação do Decreto-Lei n.° 108/73, no dia 16 do corrente, causou entre os industriais de turismo, creio que é de esperar uma melhoria sensível na eficiência dos serviços do Centro de Informação e Turismo, pois de outra maneira não se compreenderia a reestruturação de tão importantes serviços.
Mas é absolutamente necessário dotar esse organismo com as verbas necessárias ao provimento e preenchimento de todos os seus quadros. Deve ser agora possível atrair aos lugares-chave indivíduos com as qualificações necessárias, e eu faço uma referência especial ao subdirector, a quem poderá ser entregue a orientação mais cuidada dos assuntos do turismo e da cultura popular - mais ou menos independentes do outro grande sector da informação e relações públicas.
Tenhamos esperança de que tudo correrá pelo melhor dentro da nova legislação.

Instâncias particulares. - Temos de concordar com o facto de que, quanto a turismo, o pouco que se tem feito, bem ou mal, em Moçambique se deve quase totalmente ao espírito pioneiro da iniciativa particular.
Os esforços deste sector têm sido isolados e não existem, que me conste, estruturas suficientemente preparadas para, na prática, proporcionar à iniciativa particular o apoio técnico e financeiro de que ela carece.
Desconheço se a política do Banco de Fomento Nacional mudou desde 1970 para cá, mas tenho conhecimento de um caso em que foi recusado a uma entidade hoteleira de reconhecida competência um empréstimo de 5000 contos, ainda que garantido pelo Fundo de Turismo!
Quanto a apoio técnico, como é que o Centro de Informação e Turismo o pode dar se não tem nem capacidade, nem meios para pôr à disposição da indústria de turismo?
O que se vem passando com as escolas hoteleiras é exemplo frisante: continuam por abrir, a despeito de se terem já despendido umas largas centenas de contos no aluguer de um edifício na Beira, que só agora está a sofrer obras de alteração, e nos salários de dois técnicos contratados em 1971. Quanto a Lourenço Marques, consta-me que se está a tentar negociar a compra de uma unidade hoteleira para lá se instalar a escola. Oxalá abram ainda este ano, pois a carência de pessoal, mesmo menor, é crítica.
Quanto ao pessoal mais qualificado, que deve, necessariamente, ser recrutado entre os elementos que já prestam serviço em restaurantes e hotéis, preconiza-se a formação de uma escola itinerante;
Os instrutores podiam ser bons chefes de cozinha, de sala e de bar que, recrutados aqui na metrópole, fossem ao ultramar prestar quer serviço permanente, quer serviço eventual nessas escolas itinerantes.
Felizmente que o potencial humano para pessoal da indústria hoteleira é praticamente inesgotável, pois
o autóctone, devidamente instruído, é um magnífico empregado. O efeito no sector económico-socíal de um grupo de milhares de indivíduos empregados nesta indústria, de rentabilidade estável e assegurada, será elemento de grande valor na luta pela promoção social em que estamos empenhados nas nossas províncias ultramarinas.

Pólos de atracção turística. - O Estado de Moçambique goza de uma posição privilegiada quanto às correntes turísticas dos países vizinhos, e só por esta razão se explica que a grande maioria dos turistas que nos visitam se contentem com aquilo que temos a oferecer: areia limpa, mar, sol, camarões e bom vinho!
Mas outros atractivos há que necessitam de infra-estruturas para que o seu valor se possa usufruir. Classificando-os em dois grandes sectores, temos em Moçambique os seguintes pólos de atracção:

a) No interior:

As terras altas, de clima mais ameno, que teremos de dedicar principalmente ao turismo interno, visto os nossos vizinhos terem do lado de lá da fronteira tudo o que os satisfaça - nós, de resto, pouco temos feito;
O Parque Nacional da Gorongosa, especialmente pela riqueza espectacular da sua fauna;
Caça desportiva (safaris), quer para a obtenção de trofeus, quer para fotografar os animais em condições não permitidas no Parque Nacional da Gorongosa. Trata-se de um tipo de turismo muito especializado, que adiante analisarei em mais pormenor.

b) No litoral:

As praias e o mar;
A pesca desportiva;
As cidades.

Para não me demorar sobre a apreciação do potencial destes pólos de atracção turística, aliás perfeitamente óbvios, direi apenas que os requisitos principais para o seu aproveitamento se resumem a estes aspectos:

Fáceis acessos rodoviários e aéreos;
Instalações adequadas ao tipo de turismo a explorar;
Outros atractivos acessórios a criar, nomeadamente o jogo, a exposição e a venda de artigos de artesanato e a exibição de manifestações folclóricas;
E, finalmente, mas não menos importante, a necessária dose de know-how.

Quanto ao primeiro requisito - facilidade de acessos -, gostaria de me referir principalmente ao litoral de Moçambique, concretizando certos casos:

Porto Amélia e António Enes, com as suas belas baías, podem ter um futuro auspicioso no sector do "turismo de praia" mais sofisticado para os que não gostam de grandes multidões; e