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4848 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 240

vas logo criadas, e com que interesse! O que há, na verdade, é todo um condicionalismo obliterante, que estorva quanto se quer.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: O nosso Presidente do Conselho, a quem se deve em muito o erguer do Plano de Rega, pois quando Ministro da Presidência teve acção destacada, que não esquece, na sua inclusão no II Plano de Fomento, em afirmação incontroversa, disse "ser ilusão perigosa pensar que a expansão económica pode operar-se sem um sólido e constante aumento da produção nacional".
Por tal-qualmente assim o entender, em Dezembro de 1954, pouco depois de tomar o mando das Obras Públicas, o grande Ministro que foi o engenheiro Arantes e Oliveira despachou no sentido "do esclarecimento preciso e definitivo do problema da valorização pela rega da região alentejana".
E agora o teve por igual o Ministro grande que é o engenheiro Rui Sanches, determinando que Alqueva se faça, e com brevidade!
O nosso bem-haja para estes três homens, senhores perfeitamente esclarecidos e plenamente conscientes do interesse nacional.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Mas Alqueva não serve só para regar. A sua prestimosíssima água tem mais destinos de não menor importe. É a energia que dela há-de brotar, "tanto em produção como em potência, conferindo-lhe importância e interesse de relevo no conjunto da rede eléctrica nacional". É a dessedentação de muitas gentes que, pelo Alentejo fora, vivem carentes desse precioso e vital líquido. São 600 000, a passar, ou sejam 64% da sua população total, as vidas, já hoje bastantes sequiosas, que vão ter a sede mitigada pela água do Plano de Rega, quando inteiramente realizado. E é que ele não se pode atardar muito, pois Évora e Beja e mais centros populacionais importantes estão já bastante sedentos.
O matadouro industrial, em construção acelerada, precisa de muita água que só o Roxo lhe poderá fornecer; e o Roxo sem Alqueva mostra-se de um roxo muito esbatido, incapaz de poder ser útil, tanto quanto a ele se lhe vai exigir. E que dizer de Sines, com as suas necessidades de água extremamente exageradas, da ordem dos 200 milhões de metros cúbicos?
Não! Sem água o desenvolvimento industrial é utópico, e há-de ser Alqueva que o há-de promover nesta Beja que por ele anseia.
Ainda o turismo regional, hoje completamente adormecido, há-de ter com Alqueva o seu ledo acordar.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Não é de hoje, nem de ontem, o nosso bem querer pela rega.
O Alentejo regado recebeu grande impulso da Comissão da IV Zona (Sul) do Plano de Fomento Agrário, criado em Julho de 1949, e do qual fomos técnico participante, embora modesto.
Já nesta Casa, em Março de 1966, exaltámos o interesse de um regadio largamente dimensionado e, em Novembro de 1967, mostrámos o nosso desagrado pela não inclusão de Alqueva no III Plano de Fomento, afirmando que "só com muita água seriam viáveis a reconversão que se quer e a pecuária de que se precisa".

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E voltámos a pedir Alqueva, e depressa, em Abril de 1970, quando nos congratulámos com a visita do Chefe do Estado ao local onde vai surgir esse grande lago, um dos maiores da Europa.
Em. Fevereiro de 1971, afirmámos:

Confiar na boa vontade e acerto de acção do Sr. Ministro das Obras Públicas para o pleno aproveitamento do regadio do Alentejo.

E não nós enganámos!

Afinal, Alqueva veio mesmo pela vontade e querer de um Governo que operosamente vem realizando com fé e segurança e de um Ministro que sabe o que quer è quer mesmo.
Mas Alqueva não vem só! O favor para Beja vai muito mais além! No decreto-lei agora aprovado pelo Conselho de Ministros determinam-se "os estudos e propostas do segundo escalão do aproveitamento do Guadiana, o represamento da Rocha da Galé", acima de Mértola, este somente hidroeléctrico, mas com a virtude de triplicar a produção de energia do escalão de Alqueva. Só assim o Baixo Alentejo poderá vir a ser um autêntico pólo industrial, de que tanto se fala e reclama, mas sem energia e água não víamos bem como.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Esopo disse que "a gratidão é o signo das almas nobres"; e, porque é bem nobre a alma do homem sul-alentejano, pela minha voz humilde e bastante enfraquecida, mas maximamente fortalecida no sentir, aqui está ele presente no agradecimento de tão vincada concessão para as suas terras, assim ficando com elas extremamente promovidas e vivificadas.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Aquando da inauguração da barragem do Mira, em terras de Beja, ao vê-la de seu nome, o Sr. Presidente do Conselho assim expressou o sentimento que lhe ia na alma:

Louvada seja a terra, louvada seja a água, e mais os homens que do trabalho sabem fazer dádiva!

Essas mesmas terras, pela Alqueva redentora que lhe foi dada e as há-de tornar maiores, lançam o seu grito de reconhecimento: Louvado seja o Governo!
Disse.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Alberto de Alarcão: - Sr. Presidente: Noticiaram os órgãos de informação há poucos dias que tiveram seu termo, após longas diligências, as negociações entre a Câmara Municipal de Oeiras e uma empresa de empreendimentos imobiliários para a urbanização do vale de Algés.
Diligências que vinham desde 1958 e que tiveram a dificultá-las a necessidade de realojamento de cerca de 500 famílias de débeis recursos que no local residiam. Não bastou sequer a posterior criação de uma fundação (Fundação Santa Isabel) animada do melhor espírito social, mas algo desapoiada de suficientes meios materiais. Se o dinheiro em excesso por vezes mata ou desvirtua o espírito, quando frequentemente rareia não permite levar a seu termo a tarefa que é proposta.
Tudo está bem, quando acaba em bem...