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29 DE MARÇO DE 1973 4853

pode ainda tirar-se partido do interesse histórico da ilha de Moçambique;
O triângulo África do Sul-Rodésia-Moçambique é, sem dúvida, o que reúne mais condições e não quero de maneira alguma perder esta oportunidade de fazer um apelo ao Governo de Moçambique para que promova sem delongas a ligação com estradas asfaltadas do eixo Beira-Lourenço Marques às várias estâncias de turismo que se encontram entre e nas imediações destas cidades, nomeadamente para o Sengo, Sofala, Bartolomeu Dias, Barra do Limpopo Chongoene, Pomene, Ponta do Ouro e outros pontos de atracção.

Será um empate de capital eminentemente reprodutivo.
Quanto às instalações, há que construir novas unidades, melhorar e ampliar as existentes, pois só assim podemos receber em caudal organizado o turismo das Américas e da Europa. O que existe presentemente não satisfaz, nem no que respeita a capacidade nem a qualidade.
E a autorização para o jogo? Como já tive ocasião de dizer nesta Casa, estamos positivamente a "perder o comboio"! Seria talvez mais fácil controlar o ingresso de elementos locais nos nossos casinos do que nos casinos dos nossos vizinhos, onde se sabe que os portugueses de Moçambique são sempre bem-vindos. Estarão as autoridades convencidas de que se não joga em Moçambique? Encaremos a realidade com ambos os pés no chão!

Promoção turística. - As várias formas de publicidade ou promoção turística têm de se concertar num plano geral, cabendo uma parte às instâncias oficiais e a outra às entidades particulares.
Ora, parece que esta coordenação de esforços é que tem faltado. Segundo opinião de entendidos, o C. I. T. tem sido compreensivamente cauteloso, pois esse organismo não dispõe dos recursos necessários, que principalmente se expressam pela acção de pessoal habilitado, para proceder à prospecção dos mercados que mais interessam a Moçambique.
Entra-se num círculo vicioso, porque, se não existem as infra-estruturas e instalações necessárias, também não é prudente promover um aumento demasiadamente rápido do fluxo turístico, se não lhe pudermos oferecer aquilo que prometemos.
As instâncias oficiais estão a fazer qualquer coisa no sentido de tornar Moçambique conhecido no estrangeiro, mas tem de se admitir que, no que respeita à metrópole, pouco se tem feito; à TAP, que se deve considerar uma transportadora particular, é que alguma coisa se deve. Compete à Agência-Geral do Ultramar promover o turismo metrópole-ultramar.
Os hotéis de Moçambique têm feito propaganda, especialmente nos territórios vizinhos, e as organizações de safaris promovem dispendiosas campanhas de publicidade na Europa e na América com resultados positivos mas restritos às suas especialidades.
Ora, como Moçambique não tem muito a oferecer para reter o turista por períodos longos, há que aumentar o volume do turismo, proporcionando as condições necessárias à visita de um grande número de turistas, embora por períodos relativamente curtos.
E isto só se conseguirá com o turismo de grupos (inclusive tours, ou excursões com tudo incluído), para o qual não estamos preparados.
Estas breves considerações trazem-nos ao ponto seguinte que é o de uma breve análise das correntes turísticas:
a) Em Moçambique, dado o próprio perfil geográfico do Estado, quase não tem havido turismo interno, a despeito da válida campanha levada a cabo pela DETA. Às passagens aéreas são necessariamente caras e enquanto a grande estrada Norte-Sul não estiver feita, pouco podemos esperar deste sector; lembremo-nos que a ligação rodoviária Lourenço Marques-Beira só há escassos meses de concluiu.
b) Do exterior, temos de classificar as correntes turísticas em vários sectores:

Dos países vizinhos temos:

O turismo económico, chamemos-lhe popular, firmemente estabelecido apesar de haver sintomas alarmantes quanto aos índices de 1972; e o turismo especializado, que só se poderá incentivar com o jogo.

De além-mar, que hoje se pode considerar de todo o mundo, temos:

O turismo da metrópole, que quase não existe como tal;
O turismo internacional especializado, que está aproveitado na actividade de safaris e que pode ser incentivado com a pesca desportiva;
O turismo popular internacional, quase não existente, todavia de grande interesse, e que será relativamente fácil de encaminhar para Moçambique.

Não é que nós, em Moçambique, só por nós, tenhamos todos os atractivos necessários para estabelecer a corrente directa para lá, mas em colaboração com a África do Sul e Rodésia, onde este tipo de turismo está em franco desenvolvimento, as perspectivas de comparticipação são luminosas, desde que possamos oferecer instalações e vias de comunicação em condições.
c) Quanto às facilidades de movimentação, há que simplificar ao máximo as formalidades com vistos nos passaportes; a demora na concessão de vistos é dada como uma das razões da diminuição do índice de ocupação dos hotéis em 1972.

Meios de transporte. - Moçambique está bem servido de acessos do exterior por mar e pelo ar; quanto ao interior, o problema é sempre o das estradas, que, no que respeita às ligações principais com a Rodésia e a África do Sul, está em vias de solução; os problemas locais, já assinalados, precisam, contudo, de atenção decisiva e urgente.

Fomento:
a) A inoperância dos fundos de turismo é consequência directa da falta de recursos humanos do C. I. T., o que se confirma pelos saldos de exercício que vão passando de ano para ano; tanto quanto me foi possível saber, este saldo cifrou-se em cerca de 20 000 contos de 1971 para 1972 e em 12 500 contos de 1972 para 1973.