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29 DE MARÇO DE 1973 4847

tendência para aumentar e que colocam a pesca do mar da Póvoa em situação de relevo - entre os portos da metrópole,
Estão, por consequência, totalmente ultrapassadas as fases de receio de que as obras não progridam e, dado o contrato agora, celebrado e o adiantamento do projecto, estão também vencidas as dúvidas sobre a possibilidade de novos atrasos na construção e na conclusão do porto.
Não podia ser de outra maneira num Ministério dirigido pelo Sr. Engenheiro Rui Sanches, Ministro cuja obra, demasiadamente discreta, é necessário apregoar para ser conhecida nos seus múltiplos aspectos, dos quais apenas sublinho, entre tantos, a reestruturação dos serviços do seu Ministério, o lançamento da rede de auto-estradas, o prosseguimento do Plano de Rega do Alentejo, a obra dos pequenos regadios, como, por exemplo, os da Cova da Beira e do Mondego, as transcendentes disposições sobre o "saneamento básico", o refazer das estradas principais, a instalação dos serviços públicos, o impulso aos problemas de urbanismo e habitação, a realização das infra-estruturas do Algarve e o saneamento da Costa do Sol.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pois não caberia, no meio de tudo isto, a conclusão do porto da Póvoa de Varzim?
É claro que cabe!

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Lopes Frazão: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Alqueva! Mais um sonho velho de tantos anos finalmente acordado para a vida, uma vida mais intensa para o Baixo Alentejo, imenso e pujante de virtualidades, que bem se precisa que venham à tona em máxima potenciação, para uma economia nossa fortemente vigorada, tal é a necessidade que temos maior.
Beja e o seu termo não podiam manter-se em indiferença silenciando-se nesta Casa perante empresa tamanha como é esta, vinda em parcela muito grande, a favor das suas terras e gentes, pelo diploma do último Conselho de Ministros, mandando retirar ao Guadiana, de sempre insensível no seu caminhar, o muito poder que ciosamente arrecada e esconde numa inutilidade absoluta que tanto confrange.
Neste momento, em verdade, sentimo-nos grandemente diminuídos para a exaltação devida ao empreendimento, no seu bem vincado gigantismo. Mas, mesmo pigmeu na palavra, não deixaremos de a pronunciar, modelando-a, isso sim, com o fervor do nosso encantamento de alma.
Beja com Alqueva, agora, de certeza, nas suas máximas posses de rega, de energia, de urbanização e de turismo, há-de ser o gigante sul-alentejano que nós sempre previmos e os mais novos hão-de ver projectado em toda a sua verdadeira grandeza.
Só Alqueva, não tenhamos dúvida, fará que Beja saia da subdesenvolvimento em que se debate e no qual tão desgostosamente a temos visto e sentido.
Por tal razão, esse enorme lago do Guadiana, de 3300 milhões de metros cúbicos de água, podemos dizer de vitalidade, foi sempre um dos nossos anseios maiores em prol deste pedaço largo do Alentejo, onde estanciamos vai para uma trintena de anos; e isso nos leva a ter-lhe aferrado o coração.
Sempre tivemos a rega do Alentejo por bem!
O sequeiro alentejano, ainda que intensificado como está, seja dita em abono da verdade e por justiça; devido ao esforço ingente do lavrador que tem a terra por seu natal, mostra-se insuficiente para satisfazer as nossas necessidades altamente avolumadas, sobretudo em factores proteicos, que são como com tanta propriedade o ditou o Prof. Josué de Castro, "o substrato da própria vida".
E é que a proteína animal, sem a qual o homem vegeta mas hão vive, está cada vez mais a abater-se no nosso binómio produção-consumo, impondo-nos uma fortíssima hemorragia de divisas, ano a ano a intensificar-se.
Assim, vejamos. Em 1972 importámos 2 867 349 contos de produtos do reino animal e exportámo-los apenas no valor de 506 255 contos! Em 1971 havíamos importado 2 575 854 contos e exportado 685 364 contos! Em 1970 a importação foi tão-só de 1 113 831 contos! Mas os produtos vegetais igualmente têm vindo num crescendo de franca preocupação: em 1972 a sua importação foi de 4 143 133 contos em 1971, de 3 639 282 contos, e apenas 1 897 354 contos, em 1970!
Só a carne nos levou no ano passado para cima de um milhão de contos, quando no ano anterior havia ido a 771 000 contos!
O leite falta, e muito, e já se importa, e não muito pouco!
E o milho, para fazer a nossa carne e o nosso leite, viu a sua importação em 1972 elevada a quase 1400 000 contos!
A escritora insigne Pearl Buck, há dias falecida, tão pendida para o social, e da mesma maneira o entendem grandes economistas, afirmou em tempo que "a palavra de ordem deve ser a de uma organização adequada dos suprimentos alimentares do mundo".
Alqueva há-de ser uma sólida infra-estrutura do País para essa organização!
O Plano de Rega, já em fase adiantada, sem os 134 500 ha beneficiados no Alto e Baixo Alentejo pela água daquela barragem, e só nesta última província são praticamente 80 000 os que vão colher benefício dela, e ainda sem o avolumar, por Alqueva, dos caudais de algumas das suas vinte e três grandes albufeiras, seria um plano sem perfeição e efeito. Haja em vista o que se passa no Roxo, que com a capacidade plena de 89,5 milhões de metros cúbicos de água armazena neste momento apenas 12 milhões. Só em 1968-1969 atingiu 85 milhões; logo em 1969-1970 desceu para 22 milhões e no ano seguinte 1970-1971 não foi além dos 8 milhões! Por tal motivo, as áreas beneficiadas em vez de, como é natural, crescerem, vão antes a reduzirem-se.
Nós precisamos, muito pelo contrário, que o regadio se extensifique, e não só, mas que também racionalmente se explore. Não é, como sucede hoje, sem pastagens e milho nas rotações que podemos ter a carne e o leite que nos fazem falta.
E não se diga que isso é apenas por culpa do lavrador; a lavoura tem respondido, e bem, fazendo quanto pode e sabe, tenha-se em conta as cooperati-