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4902 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 243

tagens inegáveis; integração a mais curto prazo das províncias ultramarinas nos circuitos turísticos dos estrangeiros que visitam a metrópole, e desta nos dos que visitam o ultramar; fomento do turismo interno entre a metrópole e as províncias ultramarinas e vice-versa, etc.
Um grande passo se deu já nesse sentido, com a publicação pelo Ministério do Ultramar do Decreto-Lei n.° 108/73, em 16 de Março do corrente ano, dotando os centros de informação e turismo de cada província "com os quadros técnicos que lhes permitam desempenhar eficazmente as funções que lhes competem", e anunciando que "serão fixados os termos em que se estabelecerá a cooperação entre a Secretaria de Estado da Informação e Turismo, a Agência-Geral do Ultramar e os centros de informação e turismo".
Sr. Presidente: A avidez de sol, de calor, de céu azul e de praia é, segundo o Prof. Kurt Krapt, director da Federação de Turismo de Berna, um dos aspectos principais que caracterizam o turismo de hoje. Explica-se assim a deslocação cada vez mais para o Sul das correntes turísticas, sobretudo as provenientes dos países frios do Norte da Europa. As praias da Tunísia, do Médio Oriente, de Marrocos e das Canárias são hoje grandes centros de atracção turística. Cabo Verde, Guiné e S. Tomé e Príncipe situam-se justamente na rota dessa deslocação para o Sul, e prevê-se que dentro em breve se tornem em outros tantos pólos de atracção.
São enormes as potencialidades turísticas de S. Tomé e Príncipe. Situadas no golfo da Guiné, a escassas três centenas de quilómetros da costa africana, as ilhas que constituem o arquipélago, cobertas de vegetação luxuriante que desce das altas montanhas até ao mar, são de uma beleza extraordinária. As suas águas calmas, límpidas e tépidas banham lindíssimas praias de areias finas e douradas, ou formam pequenas baías e enseadas verdadeiramente paradisíacas.
Mas não é só a beleza da terra e a amenidade do clima, o azul do céu e o sol radiante dos trópicos que fazem das ilhas de S. Tomé e do Príncipe autênticos cartazes turísticos. A sua fauna marítima é riquíssima, sobretudo em espécies que fazem a delícia dos apreciadores da pesca desportiva: a grande barracuda, o atum amarelo (alisou), o veleiro (sailfish), o espadim (marlin), o dourado (dolphin), a tainha (tarpoon), o peixe-fumo (cavala gigante) e tantas outras espécies que seria fastidioso continuar a enumerar; a agradável temperatura das águas e a sua excepcional limpidez concorrem, juntamente com a riqueza piscícola, para que a caça submarina seja intensamente praticada na província.
A gente de S. Tomé, afável, hospitaleira, acolhedora, possui um folclore valiosíssimo; a música, a dança e as representações, sem deixarem de ter um certo sabor africano, reflectem, todavia, indiscutível aculturação lusíada.
Riquíssima é a cozinha regional são-tomense, em que o paladar africano e europeu se juntam numa "simbiose gastronómica estranha e saborosa".
O artesanato local tem a sua maior expressão nos trabalhos de tartaruga, que atingem perfeição notável.
O turismo de montanha tem também boas perspectivas em S. Tomé, onde a 900 m de altitude existe já uma pousada, sem dúvida a melhor instalação hoteleira da província, muito procurada pelos turistas vindos dos países africanos vizinhos, que preferem à praia o tonificante clima fresco da montanha, o sossego e o repouso que esta estância de turismo oferece. Creio que esta pousada deveria ser integrada num complexo turístico mais amplo, com, pelo menos, mais uma unidade hoteleira, campo de jogos polivalente, piscina de água doce, e outros meios de distração que não colidissem com a característica de calma e repouso da estância.
As infra-estruturas turísticas da província são, contudo, ainda muito precárias. Na cidade de S. Tomé há um único estabelecimento hoteleiro (a Pousada S. Jerónimo), algumas pensões e restaurantes, sendo reduzido o número de leitos disponíveis e deficiente o serviço na maior parte dos estabelecimentos; os locais de distracção para turistas resumem-se a uma piscina, um cinema e um campo de jogos. A província possui uma modelar rede de estradas, que cobre a maior parte do território, não existindo, contudo, mercê de determinados condicionalismos, acesso fácil às praias, nem estas possuem qualquer espécie de urbanização e acomodações que tornem cómoda a sua utilização.
O problema das ligações com o exterior é o principal obstáculo à expansão do turismo em S. Tomé, e sem a sua resolução é quase ocioso pensar-se em indústria turística nas ilhas. No que diz respeito a ligações marítimas, os navios nacionais de passageiros que escalam o porto de S. Tomé vão rareando de ano para ano, estando hoje a província incomparavelmente mais mal servida do que há trinta anos.
Os passageiros em trânsito que, ainda há poucos anos, desembarcavam dos paquetes que então demandavam o porto - pelo menos cinco em cada mês - e animavam com a sua presença as ruas e praças da cidade, faziam compras, visitavam os pontos turísticos da ilha e enchiam os restaurantes e esplanadas, já se não vêem com a mesma frequência, pois agora os nossos paquetes raras vezes escalam S. Tomé. As ligações aéreas com o exterior são feitas pela TAP através de Luanda, e somente nos meses de Verão há duas carreiras semanais. A província não possui nenhum porto com cais acostável para navios de longo curso, e a pista do Aeroporto, com cerca de 2000 m de comprimento, não permite o tráfego de grandes aviões a jacto.
Como se vê, para aproveitamento, em termos de turismo, das extraordinárias belezas naturais e demais elementos que constituem cartaz de propaganda turística, com que Deus dotou o arquipélago de S. Tomé e Príncipe, há toda uma estrutura a montar e algumas opções a fazer.
É verdade que tanto a Secretaria de Estado da Informação e Turismo como a Agência-Geral do Ultramar têm fornecido valioso apoio, enviando técnicos qualificados à província para estudar os problemas mais imediatos de turismo e ajudar a definir linhas de orientação; é verdade que os directores do C. I. T. provincial, que nos últimos anos têm chefiado os serviços, apoiados pelo restrito pessoal de que dispõe, puseram e põe ao serviço do turismo são-tomense todo o entusiasmo e inteligência, e muito do que neste sector há feito em S. Tomé deve-se em grande parte à sua dedicação e carinho; é verdade que o Governo da província tem dedicado a este problema a sua melhor atenção, inclusivamente con-