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4 DE ABRIL DE 1973 4899

daloso, seja branco, preto ou mestiço, assim como não interessa que seja europeu ou africano, cristão ou muçulmano; o que importa, isso sim, é que seja qualificado para a função respectiva e que esteja, de preferência, radicado na província, para que a sua contribuição tenha garantia de continuidade.
Aludimos, há pouco, às condições naturais que a Guiné possui para o desenvolvimento da indústria de turismo. Quais serão elas?
Em primeiro lugar, vamos referir as condições geográficas. A situação da Guiné é extremamente favorável ao turismo, quer nacional, quer internacional, pois, além de se situar a distância sensivelmente igual entre os territórios do hemisfério norte e os do hemisfério sul, no espaço português, pode-se ainda dizer que ela se acha situada no centro do Mundo, ou seja, do triângulo formado pelos três mais importantes continentes, excluindo aquele a que pertence: a Europa, a América e a Ásia. Juntamente com a província irmã de Cabo Verde, constituem, potencialmente, um eixo económico de extraordinária importância.
Do ponto de vista climático, com as suas duas estações de seis meses cada uma - a estação seca e a das chuvas -, a primeira das quais, que vai de Novembro ou Dezembro a Maio ou Junho, abrangendo o período do Inverno europeu, possui excelentes condições para servir o turismo dos países do Velho Mundo. Nesta estação, mais do que na outra, pode ser proporcionada àqueles que a desejam uma vida calma nas inúmeras praias das nossas ilhas e até de alguns litorais da parte continental, vida que contrasta com as agruras invernais da terra natal, onde normalmente vivem.
Mas, além desse factor climático, que permite uma longa permanência na praia, a quem quiser tirar proveito do ócio que uma vida economicamente desafogada proporciona, o vasto mosaico étnico, que constitui a população da província, oferece ao turista mais preocupado com a cultura intelectual um campo ilimitado de estudo etnológico, por meio do qual se pode descobrir de forma atraente, juntando o útil ao agradável, essa misteriosa cultura africana, que não está gravada nas pedras dos monumentos nem no papel das crónicas, sujeitos às intempéries do tempo, mas se acha fixada no espírito, contida nas suas lendas, nas tradições e costumes exóticos, nos rituais estranhos, na arte curiosa e impressionante, nos cantares dos judius (poetas ambulantes), nas danças de iniciação, etc.
Haverá ainda, como complemento, a riqueza dos rios e mares, em peixes de toda a espécie, e das florestas e savanas, em peças de caça de todos os tamanhos. E ficamos por aqui, embora muito pudéssemos ainda acrescentar, no que toca às condições naturais.
A acrescentar àquelas dádivas da Natureza, que fazem da Guiné Portuguesa um campo favorável ao turismo e à consequente indústria, existem ainda algumas condições criadas, insuficientes, é certo, mas que não são de desprezar. Vamos por isso referi-las, embora de forma sucinta. São elas, a saber:

Uma instituição de apoio e coordenação das actividades de turismo - o C. I. T. -, que apenas necessita de remodelação e adaptação às exigências actuais de desenvolvimento da indústria turística.
Um instituto de crédito - a Caixa de Crédito da Guiné - que deve ser reorganizado e orientado para a sua verdadeira finalidade, podendo assim beneficiar a indústria turística;
Uma infra-estrutura de transportes e comunicação que satisfaz plenamente nalguns sectores, necessitando de pequenas melhorias noutros;
Duas estâncias turísticas - de Bolama e da praia de Varela -, que já dispõem das competentes instalações, bastando serem recuperadas.

Dadas a limitada extensão territorial, a distribuição dos atractivos turísticos citados por todas as regiões e a facilidade de comunicação e transporte por todos os meios, a província da Guiné pode ser considerada, toda ela, uma vasta zona para turismo de toda a espécie.
Falámos da situação e dos problemas actuais relacionados com o turismo na Guiné. Vamos agora falar das perspectivas do futuro. Para tanto, valer-nos-emos de um estudo mandado elaborar pelo Governo da província com a colaboração do Ministério do Ultramar (Junta de Investigações do Ultramar) e destinado a servir de base à definição de uma estratégia geral de desenvolvimento daquele território, à luz da actual conjuntura sócio-económico.
Damos a seguir o testemunho daquele documento, transcrevendo por comodidade e imperativo do tempo, que nos falta na preparação desta intervenção, o que se disse sobre a matéria em debate:

Embora a província disponha de possibilidades animadoras no âmbito da exploração da indústria turística, não se tem registado nos últimos tempos qualquer movimento turístico na sua acepção. Os centros turísticos da praia de Varela e de Bolama não registam qualquer movimento [...] Crê-se, no quadro desta prospectiva, que o desenvolvimento turístico deva centrar-se no pólo de Bubaque, onde se não oferece, mesmo no campo imediato, qualquer factor limitativo.
O arquipélago de Bijagós oferece, em potencial, um vasto campo de acção totalmente aberto ao grande turismo internacional. Desde que resolvido o problema dos transportes internos e das acomodações em Bubaque, a ilha poderia já, numa primeira fase, constituir um centro de atracção do turismo de férias, interno, em especial dado o volume da população europeia deslocada que poderia passar aí as suas férias na província. Esta primeira fase serviria inclusivamente de suporte ao desenvolvimento posterior do turismo internacional [...] Em face das extraordinárias condições e beleza natural das suas ilhas, especialmente das de Bubaque e Caravela, é altamente aconselhável a promoção de uma campanha de propaganda, em larga escala, por forma a interessar a finança internacional ligada ao turismo e as grandes empresas de navegação marítima e aérea no estabelecimento e exploração de um grande complexo turístico à escala mundial.

Com vista a esse empreendimento, prevê-se uma série de medidas, das quais salientamos:

1) A construção, em local a seleccionar, de um aeroporto internacional para aviões de grande