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13 DE ABRIL DE 1973 5061

ção sob os seus diversos aspectos; como resultado do seu trabalho, algumas conclusões e ideias merecem ser referidas:

Há na verdade uma grande necessidade de cooperação no meio rural, porque as pessoas (ideias e posses individuais) são poucas e nada conseguem isoladas.
Concorda-se que a cooperação é boa, mas se são chamadas à acção real, não estão mentalizadas e desistem ao mais pequeno problema.
Os mais aptos a aderir quase sempre procuram apenas o interesse pessoal, o fim económico, com prejuízo dos fins colectivos que todos devem visar.
Reconhecem-se determinadas vantagens de compra e colocação de produtos, mas as pessoas, por temerem que os outros associados é que vão lucrar com isso, desistem e não cooperam, não se associam.

Assim, começámos por verificar que na própria família, célula básica da sociedade, não há cooperação entre marido, mulher e filhos; depois vem o ensino primário, ministrado de tal modo às crianças que nada contribui para impregnar o seu desenvolvimento com espírito de cooperação, antes fomenta um certo individualismo em que cada um procura triunfar com desdém dos outros; neste campo do ensino, quantos pais se furtam de falar com os professores e quantos professores não são acessíveis aos pais dos alunos; de novo, não há cooperação no seio do ensino (entre a escola e a família); surge depois a vida profissional, onde patrões exploram assalariados e onde operários nada se preocupam com os interesses patronais; também aqui não existe cooperação.
Vem, finalmente, toda uma vida de relações sociais em que cada homem enfrenta constantemente uma sociedade, que cultiva o egoísmo, que pensa só por si, que se alheia dos outros... enfim... decerto que tudo isto são razões em que nos podemos basear para compreender porque é que uma cooperativa não singra, porque é que não se associam, porque não cooperam; observa-se uma total falta de preparação e mentalização, porque as pessoas cresceram e não foram ensinadas para a cooperação.
Falta ao elemento humano português, e principalmente ao rural, toda uma educação de base, todo o espírito de cooperativismo a todos os níveis capaz de equilibrar o egoísmo e individualismo que a nossa sociedade incutiu.
Perante tudo isto, parece-nos que a cooperação não é coisa nata nas pessoas, é, sim, coisa que também pode ser aprendida; se não é possível remediar para já o mal existente, julgamos que certas dificuldades seriam bastante atenuadas, se não extintas, para o caso dos jovens portugueses que vão ingressar nas escolas, através de uma forma e métodos de ensino que fosse ministrado às crianças desde as classes primárias, impregnado do sentido dos outros, do sentido de colectividade, do sentido de cooperação, através dos vários graus, de ensino pela vida fora.
Para os mais velhos, a quem a escola já nada pode valer (dizem), parece-nos seria de interesse haver uma campanha permanente através dos órgãos de difusão (rádio, TV) sobre o despertar e mentalizar o homem rural português para uma verdadeira cooperação. Seria uma obra de grandes benefícios e grande alcance nacional para bem de toda a comunidade.
Dando a palavra aos nossos rurais, elementarmente instruídos, calo-me, perante a grandeza da lição que mestres anonimamente quiserem dar a muitos que se afirmam "intelectuais superiores".

Do Bombarral, outra exposição subscrita me chegou:

O Movimento Rural Cristão tem-se debruçado sobre os problemas do meio rural em pequenos grupos que reflectem [...], procurando orientar a sua acção. Um dos problemas que ultimamente mais o tem preocupado é o da cooperação, por se tornar cada vez mais evidente a necessidade de cooperar para a sobrevivência, sobretudo, da pequena lavoura. (Não tivemos, aliás, nós ocasião de aprovar, há pouco tempo, os agrupamentos complementares de empresas?)
Dados os condicionalismos a que o meio rural tem estado sujeito, nota-se uma grande falta de educação de base que tem marcado profundamente as pessoas na ignorância do individualismo.
Economicamente, o meio rural é geralmente débil, sobretudo na pequena agricultura. A técnica e os métodos modernos só com muita dificuldade têm penetrado no nosso meio rural e quase sempre sob a pressão da falta de mão-de-obra, motivada em grande parte pela emigração [...].
Por tudo isto (e o mais que calamos), o nosso meio rural é verdadeiramente um sector deprimido e a solução dos seus múltiplos problemas só terá começo na medida em que as pessoas sentirem a necessidade de se unirem, numa palavra, em se voltarem para uma verdadeira política de cooperação.
Urge, portanto, fazer a todos os níveis um autêntico esforço de mentalização nesta linha da cooperação.
E como é sobretudo o futuro que temos que construir e o futuro será aquilo que forem os homens de amanhã, torna-se urgente prepará-los através de uma educação capaz, e não apenas com uma instrução superficial (aliás a ter muito pouco a ver com a vida, acrescentamos nós), para se darem as mãos e construírem um mundo com outra feição: a do bem-estar e da fraternidade.
Considerando a falta de educação de base, de mentalização para a cooperação e de espírito cooperativo [...];
Considerando que a falta de cultura e mesmo o desconhecimento dos princípios da cooperação impedem o desenvolvimento das cooperativas já existentes e a expansão de um verdadeiro movimento cooperativo;
Considerando a tendência natural para o egoísmo e individualismo;
Sugerimos (sugeriam eles) que:

Sejam incluídos nos programas escolares matérias e actividades visando o associativismo