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214 I SÉRIE - NÚMERO 6

tividade parlamentar, o Plenário encontrará sempre a deliberação ajustada à realidade que a suscita.
É esta realidade da nossa vida social, económica, cultural e política que haveremos de ter sempre presente para que com inteira e plena liberdade possamos ser justos e profundamente humanos.
Temos especiais responsabilidades na preparação e construção do futuro, para uma sociedade cada vez mais livre, mais democrática, mais tolerante, onde o exercício dos direitos do homem seja a respiração natural e simples da vivência de cada um.
É pressentindo, vivendo, experimentando e mergulhando na realidade do povo que somos que o Parlamento poderá dar resposta às ansiedades mais profundas e exigentes que se inserem nos problemas que nos atormentam. Como disse Emanuel Mounier, «não queremos um mundo de felicidade. Queremos um mundo humano. E só é humano o mundo que der satisfação às exigências do homem».
O que vos deixo referido é pressuposto necessário de toda a minha actuação nos limites, respeito e defesa da nossa lei fundamental, nos parâmetros das leis que nos condicionam, na aceitação das vossas deliberações.
Por ele julgareis as minhas intenções, dos meus projectos, que fundamentalmente se inscrevem no desejo aberto de que o nosso Plenário dê resposta, oportuna e justa, aos apelos instantes que a realidade social vem cometendo também à responsabilidade de quem tem a possibilidade, o dever e o direito de legislar e fiscalizar.
Marcar presença, dar testemunho, colaborar, participar e trabalhar são exigências do mandato que como deputados nos fora conferido. Fazer nossos os problemas de quem nos elegeu e procurar-lhes a solução ajustada é caminho a percorrer, é imperativo que a dignidade das funções determinam, o prestígio desta casa exige e o interesse nacional impõe. Sabemos, por experiência, que os trabalhadores desta Casa não regatearão a sua disponibilidade nas tarefas a que são chamados. É fora de dúvida que saberão corresponder com entusiasmo à responsabilidade funcional que lhes for cometida.
Por outro lado, os meios de comunicação social, os senhores jornalistas que têm por especial função a de acompanhar os nossos trabalhos não deixarão de informar e formar com rectidão, com verdade, com objectividade o que fomos capazes de realizar, a bem do prestígio desta Casa, da dignidade das funções de cada um de nós, da valorização e importância do Parlamento.
É nesta ambiência de forte desejo, de responsabilidade acrescida, de consciência alertada que iremos dar início aos nossos trabalhos.
Vamos pois ao trabalho, e que tudo decorra com o sereno entusiasmo, com a transparente clareza, com o sentido apurado das nossas responsabilidades, com a firme consciência dos nossos compromissos, para que, no fim do nosso mandato cada um de nós possa dizer, sem reticências: «Dever cumprido.» E eu sinta legítimo orgulho de ter sido, por vossa vontade, Presidente da Assembleia da República.

Aplausos gerais.

Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Tito de Morais.

O Sr. Tito de Morais (PS): - Sr. Presidente da Assembleia da República: Acaba V. Ex.ª de ser eleito Presidente da Assembleia da República. Os deputados manifestam-lhe assim a confiança que depositam nas altas qualidades de V. Ex.ª para representar o órgão supremo da democracia, que é a Assembleia da República, imagem da vontade popular.
A quem, como eu, teve o privilégio de acompanhar V. Ex.ª no desempenho do seu anterior cargo de vice-presidente não pode surpreender a confiança manifestada; porque os seus dotes de inteligência, o seu fino trato, o juízo equilibrado, o seu empenho em manter e aprofundar o prestígio desta Casa são, com efeito, atributos que desde logo se me tornaram claros e o indicavam para o desempenho do alto cargo em que acaba de ser investido.
O Presidente da Assembleia da República deve ser por nós respeitado, apoiado, prestigiado, para que o regime de responsabilidade e de liberdade saído da Revolução de Abril cada vez se afirme mais no espírito e na vontade do povo português, donde directamente emana.
Creio pessoalmente, e já algumas vezes o afirmei, como V. Ex.ª sabem, que um dos factores que mais pode contribuir para a dignificação do cargo exercido pela segunda figura do Estado democrático e também para a eficiência do seu exercício é o tempo de duração do mandato. Por isso espero, com toda a sinceridade, que o de V. Ex.ª venha a ser prolongado até ao fim desta legislatura.
Os Srs, Deputados não deixarão certamente de prestar a sua melhor atenção a este aspecto da Lei Orgânica da Assembleia da República, quando se proceder à sua revisão.
Desejo exprimir ainda a V. Ex.ª a minha completa disponibilidade para o apoiar, naquilo em que puder, na difícil missão em que hoje é investido.
Fá-lo-ei em todas as circunstâncias, se V. Ex.ª entender dispor da minha colaboração, mesmo depois de ter renunciado ao meu mandato de deputado, decisão que há muito tomei e há muito é do conhecimento do meu grupo parlamentar e que agora comuniquei a V. Ex.ª
Esta decisão, inteiramente pessoal, em nada prejudicará a disponibilidade que aqui lhe manifesto.
Permita-me, Sr. Presidente, que nesta breve saudação, englobe os restantes membros da Mesa, também agora eleitos, e que aproveite para dirigir aos membros da anterior Mesa uma palavra de agradecimento pela colaboração que me prestaram.
Confiante nas suas qualidades de patriota, de político, de democrata, faço sinceros votos, Sr. Presidente, pelos maiores êxitos no desempenho do seu novo cargo.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Tengarrinha.

O Sr. José Manuel Tengarrinha (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Tito Morais: No momento em que V. Ex.ª abandona a Presidência da Assembleia da República, o Grupo Parlamentar do MDP/CDE não quer deixar de