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262 I SÉRIE - NÚMERO 8

pelas torturas físicas, nem pela tortura das mordaças à sua liberdade de pedagogo e cientista; a corajosa coerência de um patriota exemplar que não se deixou vergar pela caluniosa acusação de traição à pátria, exactamente por lutar pelo direito à autodeterminação e independência dos povos submetidos ao domínio colonial fascista português, e que, preso, julgado e condenado, nunca renegou esses nobres ideais; a coerência de quem pôs sempre o seu altíssimo prestígio não ao serviço de ambições pessoais mas sempre, numa total entrega de si próprio, ao serviço da unidade das forças democráticas, pelo derrubamento do fascismo e pela liberdade do povo português.
Recordamos aqui Rui Luís Gomes - uma vida inteira de luta e sacrifício pelas liberdades democráticas e pelo progresso social - quando o esquecimento, o silenciamento, são uma arma política que serve as forças do passado.
Pensamos que esta homenagem é tanto mais oportuna neste momento em que se acumulam as ofensas à memória dos que combateram contra a ditadura e em que são reabilitados responsáveis directos pelos crimes cometidos pelo fascismo.
Consideramos este voto como a expressão do respeito e gratidão dos trabalhadores e democratas portugueses pela memória do Prof. Rui Luís Gomes.

Aplausos do PCP, do PS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para intervir sobre o voto de pesar apresentado pelo Partido Socialista, o Sr. Deputado António Macedo.

O Sr. António Macedo (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do Partido Socialista exprime o seu profundo pesar pelo falecimento de Rui Luís Gomes, nobre e destacada figura de lutador, que sofreu na carne e no espírito as mais cruéis violências do regime fascista e dos seus apaniguados e algozes.
Rui Luís Gomes, foi, por certo, uma das maiores vítimas do regime ditatorial de Salazar e de Caetano.
Contra ele foram disparadas todas as armas do despotismo num ataque cobarde e feroz, procurando aniquilar-lhe o ânimo e a firme determinação de prosseguir numa luta sem tréguas que visava libertar o povo português das algemas que o oprimiam e das misérias em que se afundava.
Forte e resoluto, Rui Luís Gomes aparou todos os golpes, suportou os vexames, as humilhações e os desafios com a consciência de que travava uma luta justa e necessária para a emancipação e dignificação da pátria e do seu povo irmão.
Foi um admirável e corajoso exemplo de bravo «resistente», sempre na barricada do combate pela liberdade, a justiça, a paz e o progresso social, e contra os tiranos, os corruptos, os serventuários dos poderosos, os usurpadores do poder.
Nesta Câmara política não podem ter lugar as falsas palavras, retóricas ou sectárias, e muito menos o empobrecimento da estatura de um homem que mais de que tudo com que se queira enobrecer e agigantar a sua figura, foi predominantemente um lutador pertinaz, apaixonado, sincero e convicto, numa entrega total às causas e reivindicações populares.
É perante essa figura de Rui Luís Gomes que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista se curva respeitoso e lhe faz um último aceno de afectuosa, cordial e fraterna homenagem.

Aplausos do PS, do PSD, do PCP, do MDP/CDE, da UEDS e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Para apresentar o voto de pesar do MDP/CDE, tem a palavra o Sr. Deputado Raul de Castro.

O Sr. Raúl de Castro (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Professor catedrático da Universidade do Porto e matemático de prestígio internacional, teria sido fácil ao Prof. Rui Luis Gomes ter uma vida cómoda e simples.
Não foi, contudo, esta a sua opção. Portador de uma alta consciência moral, de um alto sentido de justiça e sempre identificado com os interesses do seu povo, o Prof. Rui Luís Gomes nunca hesitou em assumir as posições que se impunham à sua consciência fosse qual fosse o preço que por elas tivesse de pagar.
È assim que ele é demitido da Universidade em 1947 por ter enviado um telegrama a Salazar protestando contra a deportação para o Tarrafal de alguns operários grevistas.
Em virtude desta atitude e da sua posição constante de luta pela liberdade e pela democracia, não só conheceu numerosas prisões, agressões e vexames como 15 anos de exílio fora do seu país.
Depois do 25 de Abril, regressado a Portugal e aclamado como reitor vitalício da Universidade do Porto e passando a fazer parte do Conselho de Estado, o Prof. Rui Luís Gomes prosseguiu o seu combate pela liberdade e pela democracia, identificando--se sempre com os ideais de Abril, pelos quais constantemente lutou.
Aqueles que tiveram a honra de, durante tantos anos, participarem a seu lado, antes e depois do 25 de Abril, nas lutas por um Portugal livre e democrático, não podem deixar que aqui se esqueça a enorme projecção da sua figura.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o Movimento Democrático Português apresentou um voto de pesar.
Mas, verificando, agora, que além do seu voto de pesar há também dois outros votos idênticos, concretamente do Partido Comunista Português e do Partido Socialista, propúnhamos à Câmara que estes 3 votos não fossem votados separadamente mas, sim, reunidos num só voto, de forma a evitar-se que se façam 3 votações em relação a 3 textos que, no fundamental, são idênticos.
É com esta proposta que termino esta minha intervenção.

Aplausos do MDP/CDE, do PS, do PCP e da UEDS.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, na sequência da sugestão feita pelo Sr. Deputado Raul de Castro, no sentido de se fundirem os -3 votos de