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264 I SÉRIE - NÚMERO 8

O Sr. Presidente: - Penso que essa é, de facto, uma solução bastante mais razoável e, portanto, suspendo a sessão até às 18 horas.
Eram 17 horas e 20 minutos.

Após o intervalo, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Carlos Lage.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 18 horas e 20 minutos.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Sr. Presidente, ao abrigo dos disposições regimentais, requeiro a interrupção da sessão por 30 minutos.

O Sr. Presidente: - O requerimento é regimental, pelo que está interrompida a sessão.

Eram 18 horas e 21 minutos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, está reaberta a sessão.

Eram 19 horas.

O Sr. Presidente: - Vai ser lido o voto de pesar que resultou da síntese, tentada e conseguida, dos 3 votos de pesar apresentados a propósito do falecimento do Prof. Rui Luís Gomes.

Foi lido. É do seguinte teor:

Voto de pesar

«Faleceu o Prof. Rui Luís Gomes, desaparecendo do mundo dos vivos, que não da memória dos homens, um dos vultos mais ilustres do Portugal contemporâneo.
De facto, Rui Luís Gomes foi simultaneamente um grande sábio, um cidadão exemplar e um democrata coerente.
As suas contribuições científicas no domínio das matemáticas e da teoria da relatividade valeram-lhe reputação internacional nas décadas de 30 e 40. Demitido da universidade pelo fascismo, em 1948, leccionou, no exílio, em várias universidades, onde se notabilizou como pedagogo e investigador.
Como cidadão e democrata, Rui Luís Gomes soube resistir à ditadura imobilista, que pretendeu silenciar, décadas a fio, a liberdade criadora na arte, na literatura, na ciência. Determinado, íntegro, coerente, figura destacada do MUNAF, do MUD e do MND, candidato à Presidência da República em 1951, Rui Luís Gomes foi preso várias vezes, perseguido e espancado pela polícia política e pelo regime que a sustentava. Depois do 25 de Abril, continuou o seu consequente combate por uma sociedade mais justa, mais livre e mais fraterna. Tendo feito parte do Conselho de Estado, foi também distinguido com a Ordem da Liberdade.
Rui Luís Gomes amou sempre a sua Pátria e o seu povo, aos quais dedicou a sua vida.
A Assembleia da República não quer nem pode ficar alheia à morte de uma figura tão grande e tão nobre. Presta-lhe sentida homenagem, manifesta o seu mais profundo pesar e envia condolências aos seus familiares.

Os Deputados: António Macedo (PS) - Margarida Tengarrinha (PCP) - José Tengarrinha (MDP/CDE) - Octávio Cunha (UEDS).»

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos proceder à sua votação.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Para fazerem declarações de voto, inscreveram-se os Srs. Deputados José Luís Nunes, Luís Beiroco e Rúben Raposo.
Tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não sei quem dizia que Portugal era, aquele país em que só na morte os seus grandes homens conquistavam o devido reconhecimento. Não foi - felizmente! - esse o caso do Prof. Rui Luis Gomes.
O Prof. Rui Luís Gomes viu o seu mérito reconhecido, ao longo de toda a sua vida, de duas formas, quer pelas homenagens que lhe foram prestadas pelo povo português aquando do seu regresso a Portugal, quer pelas perseguições, que também foram uma forma de homenagem, aquando da sua candidatura à Presidência da República.
A vida exemplar do Prof. Luís Gomes bem justifica da parte desta Assembleia um cair de bandeiras partidárias ou outras, quaisquer que forem, sobre este assunto. Foi por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que não tivemos dúvida nenhuma em contribuir para a fusão das diversas moções apresentadas e juntar os nossos votos numa última homenagem àquele que foi o Prof. Rui Luís Gomes.
Dito isto, importa que se compreenda definitivamente, como aqui já foi sublinhado pelo meu colega de bancada, Sr. Deputado Carlos Lage, que, de forma nenhuma, são admissíveis manifestações sectárias em volta da memória deste grande homem, e que todos aqueles que, como nós, tivemos ocasião de evocar a sua memória aqui, nesta Assembleia da República, têm o direito e o dever de o poder acompanhar até à sua última morada, sem que esse simples acto de respeito cívico e de amizade possa ser perturbado pelas manifestações sectárias de alguns energúmenos que não compreendem as regras de educação, de civilidade e de dignidade que, no fundo, rodearam a vida do Prof. Rui Luís Gomes.

Aplausos do PS, do PSD e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Beiroco.

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS votou favoravelmente o voto de pesar apresentado pelos Partido Socialista, Partido Comunista e MDP/CDE.
O voto do CDS significou, por um lado, a homenagem que desejamos prestar ao Prof. Rui Luís Gomes, enquanto intelectual e homem de ciência de justa reputação, quer nacional, quer internacional;