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27 DE MARÇO DE 1985 2563

temos a ele por nossa livre iniciativa e não por virmos a estar confrontados com uma situação grave a ter de merecer solução em cima do acontecimento.

Aplausos do PS, do PSD e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Meneses Falcão.

O Sr. Meneses Falcão (CDS): - Sr. Deputado Fillol Guimarães, acompanhei-o nessa peregrinação através do reino de Trás-os-Montes e regalei-me com a passagem que V. Ex.ª fez pelos vales de Chaves, de Vila Pouca, de Mirandela e por toda essa região magnífica, que é aquela que foi o nosso berço - e ao dizer isso estou a identificar-me com V. Ex.ª na sensibilidade com que se afirma transmontano e com que eu me afirmo também apaixonado por todas a preocupações que trouxeram aqui a palavra de V. Ex.ª
Evidentemente que não é a nossa sensibilidade, não é o apego à nossa terra que determina a minha intervenção neste momento, pois bastava que referisse estar de acordo com o Sr. Deputado e estaria tudo dito. Porém, importa que também lhe dê conta de uma preocupação da minha parte: estou habituado a ir daqui à nossa terra, retirando os pés da lama e colocando-os em terra firme, no terreno granítico e xistoso da nossa terra que nos dá uma sensação de segurança.
Ouço muitas vezes os deputados de Trás-os-Montes falarem nas carências do Nordeste transmontano, no abandono, enfim, em tudo quanto são manifestações de dor por aqui o a que chamamos «o desprezo pelo Nordeste». Para ser franco, devo dizer que sinto que muitas vezes há uma manifestação de exagero quando se fazem essas afirmações! Por mais estranho que pareça, e parecendo até que deveria dizer que o Sr. Deputado tem toda a razão e que devemos reclamar e exigir que nos sejam dados meios iguais àqueles que se vivem na orla marítima, pergunto a V. Ex.ª o que é que podemos fazer e o que é que o Governo pode fazer para transformar o granito da nossa terra em humos produtor de trigo, eventualmente de arroz ou de quaisquer outras riquezas agrícolas que não temos.
Fala-se muitas vezes no desenvolvimento industrial, na projecção de uma indústria que dê capacidade para as pessoas se instalarem em termos de uma vivência mais rica. Gostaria, pois, que o Sr. Deputado me ajudasse a raciocinar - estou a pedir-lhe muito sinceramente - no sentido de saber o que é que podemos reclamar para que o nosso reino maravilhoso, que V. Ex.ª referiu na peugada das palavras de Miguel Torga, fosse a terra prometida que todos nós desejamos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Fillol Guimarães, há mais oradores inscritos para formular pedidos de esclarecimento. V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Fillol Guimarães (PS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então tem a palavra o Sr. Deputado Alexandre Reigoto.

O Sr. Alexandre Reigoto (CDS): - Sr. Deputado Fillol Guimarães, ouvi com muita atenção a intervenção que V. Ex.ª produziu sobre Trás-os-Montes e devo dizer que o aplaudo com toda a sinceridade.
Contudo, creio que o Sr. Deputado se esqueceu de referir as estradas que temos, que são péssimas, as escolas que temos e que não estão em condições de funcionamento, quer para o corpo docente, quer para os alunos. Porém, V. Ex.ª abordou as potencialidades enormes de toda a nossa província e de todo o nosso distrito.
Todavia, gostaria de colocar três questões. Não entende o Sr. Deputado que tudo o que foi e está a ser feito na nossa província de Trás-os-Montes e principalmente no nosso distrito de Vila Real é-o à custa do esforço transmontano, à custa do seu suor e das suas lágrimas?
Não entende o Sr. Deputado que o Governo nada tem feito para ajudar a desenvolver essa nossa província e que a ela se deve atribuir a grande responsabilidade do atraso em que nos encontramos em certos aspectos?
O Sr. Deputado referiu-se - e muito bem - às termas que temos desde Chaves até às Caldas de Moledo. Entende ou não V. Ex.ª que está na hora de o Governo auxiliar essas mesmas termas com a dotação, que já foi pedida, para um casino?
Estas são, pois, as perguntas que muito leal e francamente coloco ao Sr. Deputado, esperando resposta. Também gostaria que V. Ex.ª respondesse a uma pergunta que formulei no outro dia a um seu colega de bancada e do qual não obtive resposta, que é a seguinte: estamos ou não mais escravizados do que nunca?

O Sr. Presidente: - Também para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Daniel Bastos.

O Sr. Daniel Bastos (PSD): - Sr. Deputado Fillol Guimarães, foi com muita atenção e também com muita alegria que ouvi a intervenção que V. Ex.ª produziu, e gostaria de me associar e congratular com ela.
Porém, gostaria de formular uma pergunta porque quando o Sr. Deputado enaltece as carências do distrito de Vila Real associo-me a V. Ex.ª não só para realçar algumas dessas carências, mas também para realçar outra coisa que foi aqui dita, ou seja, que apesar das carências o distrito de Trás-os-Montes continua a ser o verdadeiro «reino maravilhoso», conforme lhe chama Miguel Torga ou João de Araújo Correia.
Quando cheguei da nossa terra ouvi as últimas palavras do Sr. Deputado Duarte Lima logo seguidas das do Sr. Deputado Fillol Guimarães sobre Trás-os-Montes. Realmente continuamos a ficar muito longe do Terreiro do Paço, sobretudo em questões de ordem estrutural e era necessário olhar por elas para se modificar a «vida» daquelas terras.
Ainda há pouco, quando atravessava algumas das estradas de Trás-os-Montes, verifiquei que eram verdadeiras picadas. Tal como eu, o Sr. Deputado teve ocasião de verificar o estado em que se encontram estradas que de Vila Real demandam a Régua, de Vila Pouca vão para Vapaços ou para Fafe, de Chaves vão para Vinhais ou para Montalegre. Ora, devido ao Inverno rigoroso por que passamos aquelas estradas estão absolutamente intransitáveis. É por isso que digo que estamos muito longe do Terreiro do Paço, pois seria necessário que o poder central se aproximasse mais do