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4108 I SÉRIE - NÚMERO 107

quer atitude de dramatização, mas também não estamos satisfeitos porque o facto de o nosso Parlamento não lograr esgotar o período de legislatura não é um sinal saudável de eficiência das nossas instituições democráticas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Apenas por isso não posso hoje congratular-me como se estivéssemos a terminar normalmente uma legislatura.
Se hoje estivéssemos a fazer 4 anos de final de legislatura e nos preparássemos normalmente para um acto eleitoral, com que satisfação me pronunciaria e como saudaria com entusiasmo todos os meus pares. Mas não é isso que acontece e sem dúvida nenhuma que este facto é digno de meditação, de preocupação e até de inquietação.
Com efeito, a instabilidade da nossa vida política, a incapacidade da nossa Administração que muitas vezes daí resulta, a perturbação que se estabelece nos agentes económicos e nos grupos sociais não são de molde a facilitar a necessária recuperação do País, a modernização da nossa sociedade, o nosso desenvolvimento e o nosso progresso.
E quem dirá o contrário? Quem disser o contrário apenas está a falsificar a situação ou está a tentar dourar a sua oposição radical e o seu negativismo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Apesar de tudo não podemos dizer que a nossa Assembleia, que termina agora prematuramente os seus trabalhos, não cumpriu muitos dos seus objectivos.
Também aqui quero censurar aqueles detractores permanentes e sistemáticos do Parlamento, que parecem querer fazer renascer no nosso país o velho preconceito contra a instituição parlamentar, dando-lhe sempre um cunho pejorativo por causa do excesso dos seus debates ou do excesso da sua eloquência.
A Assembleia da República cumpriu, nestes 2 anos, muitos dos objectivos que tinha e nós orgulhamo-nos de ter contribuído para isso. Não vou aqui recorda-los, mas basta lembrar o acto de ontem que foi um dos mais altos da nossa instituição parlamentar depois do 25 de Abril.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não vou naturalmente pronunciar um discurso de carácter pré-eleitoral; não seria ético fazê-lo neste período em que muitas pessoas que não têm nenhuma ética a reclamam constantemente e aqueles que querem ter um comportamento ético na política só lhes resta serem sóbrios e não falarem em nome de uma coisa que não é praticada por esses mesmos que tanto falam dela.

Uma voz do PS: - Muito bem!

O Orador: - Seria falta de pudor estar, neste momento, a pronunciar quaisquer palavras com intenções pré-eleitorais.
Assim, quero também terminar com algumas saudações. A primeira saudação é dirigida ao Sr. Presidente da Assembleia da República, que- simboliza o nosso
Parlamento e a nossa instituição parlamentar. Saudação à dignidade, à imparcialidade e ao aprumo com que dirigiu os nossos trabalhos parlamentares. Saudação ao ardor que sempre revelou ao bater-se pelo prestígio do Parlamento e ao combater os seus adversários e os seus críticos sistemáticos que não têm dignidade nem honra.

Aplausos do PS, do PSD, do CDS, da UEDS e da ASDI.

O Orador: - O Sr. Presidente da Assembleia da República dá-nos garantias de que a instituição parlamentar tem defensores de alto mérito moral e de alta categoria intelectual.
Saúdo também - e faço-o sem ressentimento - os nossos ex-companheiros de coligação, apesar de tantos anátemas que agora se habituaram a dirigir-nos, a maior parte deles tão injustos.
Saúdo também os nossos adversários que aqui connosco se bateram galhardamente; esperamos tê-los aqui em boa força e em plenitude depois das próximas eleições.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Isso é uma certeza!

O Orador: - Não lhes desejamos insucessos; o próprio companheirismo democrático leva-nos sempre a pensar que a destruição dos nossos companheiros não deve ser, para nós, o objectivo máximo.

Vozes de protesto d0 PCP.

O Orador: - Verifico que há aqui algumas manifestações, de um lado cepticismo e de outro aborrecimento, mas as palavras são sinceras.
Finalmente, quero também saudar os deputados socialistas que deram uma tão grande contribuição ao funcionamento do nosso Parlamento durante estes 2 anos, estando aqui presentes em grande número para garantir os quóruns e fazendo intervenções de mérito e de valor.

Aplausos do PS, da ASDI e de alguns Srs. Deputados do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Miranda.

O Sr. Joaquim Miranda (PCP): - O Sr. Deputado Carlos Lage, na sua intervenção, focou algumas questões que, em nosso entender, merecem algum reparo porque há afirmações que não podem ser feitas em abstracto, tal como foram feitas pelo Sr. Deputado.
Falar, como fez, da instabilidade política, da incapacidade da Administração Pública para justificar, sem mais, certas coisas, não é nada, Sr. Deputado. Porque, quanto à instabilidade da situação política, a primeira questão que se coloca é esta: durante muito tempo, nesta Assembleia, ouviu-se falar, com arrogância, mesmo com despudor, na maior maioria de sempre.
E a questão ë esta, Sr. Deputado: a instabilidade política que hoje existe é determinada, em último caso - e não me vou referir às causas -, pela ruptura dessa maior maioria de sempre. Isto tem de ser dito e é evidente que há causas concretas, mas aqueles que aparecem directamente ligados a esta instabilidade política são, exactamente, a bancada a que o Sr. Deputado pertence e a bancada do PSD.