O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DE SETEMBRO DE 1985 4349

vos à audição ou não da conferência de líderes, bem como a todos os outros incidentes que se foram sucedendo ao longo do tempo - pode ter a eficácia que efectivamente tem e que é a de votarmos às 19 horas o que se poderia votar às 18 horas e 30 minutos. Não tem mais valor do que esse: o de lançar uma suspeição que ninguém aqui lançou até ao momento e nem mesmo durante o inquérito.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Igrejas Caeiro.

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Em primeiro lugar, devo dizer ao Sr. Deputado Narana Coissoró que não falei no inquérito, mas, sim, na atitude dos políticos que neste momento estavam a pôr em causa um órgão de comunicação social chamado RTP. Eu próprio fazia parte da Comissão de Inquérito e fiquei satisfeito com essa justiça que se fez.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não se fez nada!

O Orador: - Neste momento a justiça que se faz é continuar aquela que se levou a cabo no final do inquérito e que estava a ser esquecida, pelo que foi bom eu vir recordá-la.
De resto, Sr. Deputado, V. Ex.ª há pouco não me deixou interrompê-lo, pelo que lhe agradeço o favor de também não me interromper.
O problema da «cor» dos jornalistas preocupa-me, sendo um jornalista que o coloca. Quer o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca fazer crer que na sua actuação como jornalista não é capaz de pôr de parte a sua «cor» partidária? Será que a sua opção nas notícias que transmitia para a agência onde trabalhava era apenas decidida de harmonia com os seus interesses partidários?
Não acredito que faça essa ignomínia aos seus colegas, porque também não acredito que seja capaz de proceder assim. Mal vai a democracia se neste momento ainda não admite que um jornalista tenha uma opção partidária, sendo, embora, capaz de cumprir honradamente a sua profissão.
Essa é uma forma de pôr em causa a própria democracia ou de pensar que, se houvesse um partido único, então já todos pertenciam a esse partido pelo que não haveria que discutir a «cor partidária».

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Para esse efeito é que acontece o que se vê.

O Orador: - Já que o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca pôs o problema da «cor política», atreve-se a nomear quais são os jornalistas que estão inscritos no Partido Socialista?

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - Com essa, para mim, vem de carrinho.

O Orador: - Foi o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca que colocou o problema e julgo que não é curial da sua parte, como jornalista, Sr. Deputado, estar a julgar da competência de colegas. Deverá julgá-la o sindicato, o Conselho da Comunicação Social, enfim, quem o entenda. Mas, o senhor a pôr em causa colegas seus? Que falta de capacidade de respeito pelos colegas de profissão. Isso é, a meu ver, gravíssimo. É o meu amigo arvorar aqui em juiz político, sobre quem são os competentes e os incompetentes.
O Sr. Deputado João Amaral entende que isto foi uma forma de diversão. Peço desculpa de talvez sobrevalorizar a intervenção, mas ela foi oportuna. Porque se se entende que há manipulação, tem de haver jornalistas que se deixam manipular. E é de uma forma generalizada que está a fazer essa acusação. Ora, o próprio inquérito apontou um ou outro caso de interferência, não a dando como tomando forma sistematizada, nem isso hoje é possível de provar, porque não existe essa forma sistematizada de manipulação.
Temos de ter respeito pela nossa democracia, por aquilo que somos como políticos, e não estar a dar cabo dela a propósito de tudo e de nada. É natural que o hábito das queixinhas a órgãos de soberania, que evidentemente não podem intervir em casos destes, se comece a vulgarizar, mas, enfim, isso fica com quem entende ter de fazer queixinhas a quem o pode ajudar, como forma de atingir outro objectivo.

O Sr. Presidente: - Sob a figura do direito de defesa, tem a palavra o Sr. Deputado João Corregedor da Fonseca.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (MDP/CDE): - É evidente que, quando o Sr. Deputado Igrejas Caeiro vem dizer que ponho em causa os meus colegas, não preciso de lhe responder, pois conhece-me há muitos anos, e a classe sabe quem sou e que sou incapaz de uma coisa dessas.
É evidente que V. Ex.ª está a tentar divergir, como estão também a tentar impedir a votação. Calo-me já e espero que se passe à votação.
Mas já agora, Sr. Presidente e Srs. Deputados, gostaria que o Partido Socialista dissesse aqui a todos os grupos parlamentares o seguinte: há cerca de l mês fiz uma intervenção na Comissão Permanente - está registado no Diário da Assembleia da República - referindo o papel da Radiotelevisão Portuguesa e exigindo a demissão do conselho de gerência. A Radiotelevisão Portuguesa nesse dia não deu nem uma «linha» sobre esta mesma intervenção.
Há duas semanas a Sr.ª Deputada Zita Seabra fez aqui uma intervenção sobre a comunicação social, sobre a Radiotelevisão Portuguesa, e a RTP nem uma linha deu sobre essa matéria.
Hoje, depois de devidamente informados - não pressionados - sobre a ordem do dia, pois eu próprio lhes mostrei a ordem do dia da reunião de hoje, bem como o projecto de resolução que apresentei, esses jornalistas da RTP afastaram-se deste debate. Acha, Sr. Deputado, que esta actuação da Radiotelevisão Portuguesa é correcta?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Igrejas Caeiro.

O Sr. Igrejas Caeiro (PS): - Tenho a impressão de haver uma reclamação contra um profissional que aqui esteve. Ela deve ser concretizada.

O Sr. António Capucho (PSD): - É a constatação de um facto, pois sim!