O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

532

I SÉRIE - NÚMERO 17

esquemas de apoio aos jovens criadores de forma a que seja possível descobrir e potenciar novos valores na produção e afirmação da cultura portuguesa.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Termino afirmando que, sem prejuízo das áreas que preocupam a JSD, que deixei expressas nesta intervenção e que votámos no parecer da Comissão Parlamentar de Juventude, a proposta de lei do Orçamento do Estado para 1989 é globalmente um orçamento que merece a nossa aprovação.
E importa dizer aos que vêem sempre tudo mal e não conseguem reconhecer nada de positivo (nem sequer a redução do deficit do Estado) que correm o risco de se tornarem nos novos Velhos do Restelo com a inevitável consequência de ficarem a falar com eles próprios e de serem cada vez menos aqueles que os escutam.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se para formular pedidos de esclarecimento os Srs. Deputados Rogério Moreira e Herculano Pombo.

Tem a palavra o Sr. Deputado Rogério Moreira.

O Sr. Rogério Moreira (PCP): - O Sr. Deputado Paulo Cunha poderia ter feito um discurso jovem pois, certamente, dessa forma teríamos ganho alguma coisa com o debate nesta Câmara, mas optou por fazer um discurso de poder.
A sua organização é, cada vez mais, uma organização de poder, com muitos lugares no poder, mas que cada vez menos responde pelos jovens, que vêem como age o poder, e cada vez mais responde pelo poder que age, em inúmeros casos, contra os jovens.
O Sr. Deputado veio aqui falar-nos dos jovens que estão lá fora - ou melhor, daqueles que, na sua opinião, estavam lá fora, porque isso era antes, uma vez que hoje essa preocupação já está a diminuir - preocupadíssimos com o aumento da dívida pública, com os encargos do Estado e com a despesa do Estado. Será natural os jovens estarem todos preocupados com isso e não estarem preocupados com os serviços sociais universitários, com a acção social escolar - que são aquilo que são - e com as dificuldades em obter casa e emprego? Segundo a opinião do Sr. Deputado, nada disso constituía preocupação para os jovens, pois referiu que aquilo que os preocupava era, de facto, o Estado não poder gastar mais um tostão com eles, porque "aqui d'el rei", a dívida pública aumenta e, então, as nossas gerações no futuro serão incrivelmente agastadas.
Não é este o debate sério que podemos travar, Sr. Deputado. O que temos que ver é onde é que estão as prioridades, onde é que se investe, para onde é que são canalizados os recursos e para onde é que não são.
Quando o Sr. Deputado, a determinado momento da sua intervenção, refere as áreas que, na sua opinião e na dos deputados da sua organização de juventude, considera estarem indevidamente tratadas no Orçamento do Estado a pergunta que me ocorre fazer-lhe é a seguinte: será que os Srs. Deputados estão suficientemente apostados na defesa de tais objectivos de forma que irão viabilizar propostas relativas a matérias que
o Sr. Deputado acabou de enunciar, que o Grupo Parlamentar do PCP irá apresentar aquando do debate na especialidade, nomeadamente relativas aos serviços sociais universitários, à acção social escolar e ao aumento do apoio ao associativismo juvenil?
Só desta forma é possível avaliar se as suas palavras são ou não sinceras, porque de palavras estamos nós bastante fartos! Precisamos de actos, e neste caso que o Orçamento do Estado consagre uma aposta financeira em relação à juventude. Mas não foi essa a opção do Governo.

Será que os Srs. Deputados estão dispostos a dar a mão à palmatória da má atitude governamental corrigindo, não acriticamente como têm feito na generalidade dos casos, e em particular nas Comissões de Educação, Ciência, Cultura e de Juventude, mas de forma crítica, o orçamento, dizendo aquilo que está bem e aquilo que está mal.
É este, sem dúvida, o desafio que está lançado aos Srs. Deputados da JSD. Esperamos, pois que venham corresponder positivamente a estes desafios.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Paulo Cunha, deseja responder já ou no fim?

O Sr. Paulo Cunha (PSD): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Herculano Pombo.

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - O Sr. Deputado Paulo Cunha fez o que tinha a fazer e não vamos discutir se o fez bem ou mal. Cada um faz o trabalho que lhe encomendam. Talvez noutra ocasião poderemos discutir a qualidade da sua argumentação.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - O que é que lhe encomendaram a si?...

O Orador: - No entanto, não queria deixar de manifestar estranheza por aquilo que não previa que acontecesse consigo, isto é, que tivesse uma visão orgânica da juventude: o Sr. Deputado tratou a juventude como se ela fosse um departamento social, ou seja, sobem as verbas para a juventude e a juventude está satisfeita! Então e a educação, a investigação e o apoio a áreas que são da preferência da juventude? Refiro-me, por exemplo, àquilo que se fez a uma das áreas a que a juventude mais se entregou e em que mais de empenhou, que é a área comunicação através das rádios locais.
Então este assunto não toca à juventude? Ou são só os centros de juventude e as viagens para alguns jovens - que, enfim, também são importantes -, que vai levar a nossa juventude a ter capacidade para agarrar o futuro? Então, e o emprego? E a habitação? Será que todos os departamentos que aqui foram referidos não têm nada a ver com a juventude? Será que as verbas que descem e as que não sobem em áreas que são consideradas prioritárias e que são fundamentais para a juventude não têm nada a ver com a juventude? Será que a juventude é um bolso do tecido social? É um departamento?