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4626 I SÉRIE - NÚMERO 93

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Deputado Herculano Pombo, não sei ainda se é esta a hora de dar os meus parabéns, as minhas felicitações, à Sr.ª Deputada Maria Santos se ao meu colega Cavaleiro Brandão. De qualquer modo, eu gostaria de saber o seguinte: afinal, este aumento da CDU é do Partido Ecologista ou do Partido Comunista Português? E se é diferente, quanto é que o Partido Ecologista avançou em relação ao Partido Comunista? Ou a vitória de um é igualzinha à vitória do outro?

Uma voz do PSD: - É vermelha e verde!

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - É da cor da bandeira nacional!

A Sr.ª Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Roseta.

A Sr.ª Helena Roseta (Indep): - Sr.ª Presidente, não é propriamente para fazer um pedido de esclarecimento, mas uso essa figura para dizer o seguinte ao Sr. Deputado Herculano Pombo: realmente, felicito-me e felicito o Partido Ecologista Os Verdes pela eleição da deputada Maria Santos.
Mas gostaria também, neste momento, de dizer aqui, nesta Câmara, que há uma outra leitura dos resultados que ainda não foi feita nas várias declarações políticas. É que desta vez, ao que parece, iremos ter três mulheres nas listas do Parlamento Europeu, eleitas com os votos dos portugueses. Penso que isso é um avanço em relação a eleições anteriores, embora seja ainda pouco relativamente ao que desejaríamos e àquilo que Portugal mereceria ter em termos de deputadas no Parlamento Europeu.
Ao dirigir a minha palavra ao Sr. Deputado Herculano Pombo, quero, fundamentalmente, desejar os melhores sucessos à Sr." Deputada Maria Santos, esperando que a sua voz, conjuntamente com a voz da Maria Belo - que espero que também venha a ser eleita - e com a voz da Margarida Salema, sejam representativas das mulheres portuguesas no Parlamento Europeu, para lá de todas as divisões que vamos vendo neste Parlamento e que cada vez vão sendo mais obsoletas porque o futuro é outro; no futuro, as mulheres terão mais voz, como estão a caminho de ter.
Aplausos de alguns deputados do PS e do PSD.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Herculano Pombo.

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - Muito agradeço ao Sr. Deputado Narana Coissoró e obviamente à Sr.ª Deputada Helena Roseta os pedidos de esclarecimento e as felicitações que tiveram a amabilidade de dirigir ao meu grupo parlamentar e à deputada Maria Santos em particular, e também porque me permite esclarecer algumas dúvidas que esta eleição de um ecologista tem vindo a provocar na opinião pública e que infelizmente não ouve oportunidade de esclarecer durante a campanha eleitoral porque, por muito que o tentássemos fazer, alguém filtrava essa tentativa; depois, esse esclarecimento também não chegou ao eleitorado porque, afinal de contas, parece que não estava
previsto que os ecologistas elegessem um deputado e, portanto, determinadas máquinas não estavam preparadas para dar uma resposta, em termos de comunicação social, a isto que já alguns chamam milagre e que nós nos limitamos a chamar trabalho de campo.
Os Srs. Deputados certamente repararam como eu me mantive aqui sozinho durante dois meses para que a Sr.ª Deputada Maria Santos pudesse andar por todas as aldeias, vilas e cidades do País a pedir votos para os ecologistas.
Afinal quem trabalha é compensado, valeu a pena, ganhámos aqui e ganhámos no País, estamos de parabéns. A Europa é melhor porque estamos lá, a Europa é mais diversa porque tem mais mulheres no Parlamento Europeu, melhores vozes e, portanto, penso que estamos todos de parabéns.
Os Srs. Deputados hão-de ter notado que na minha intervenção não vim a fazer o discurso da vitória. Deveríamos perder, ou melhor, ganhar mais tempo analisando, de facto, o problema da abstenção e o que é que isso significa. A abstenção passiva, a abstenção activa é que nos deve preocupar nos próximos tempos, porque o resto está à vista: está à vista que o Governo apanhou um banho e não apanhou um banho maior porque, enfim, o candidato n.º 1 é uma pessoa diferente, é capaz de dialogar, uma coisa que as pessoas não estavam habituadas e alguns, por respeito a essa capacidade residual de diálogo que ainda havia na maioria, terão votado no Sr. Deputado António Capucho. Se têm nomeado outro candidato, nunca mais se endireitavam desta votação! Essa é uma lição evidente.
Outra lição evidente, que se não pode esconder, é a de que, por toda a Europa e em Portugal também, os ecologistas avançam. Só temos é um problema que é o de que a consciência ecológica talvez não consiga avançar com o mesmo ritmo a que está a avançar a consciência anti-ecológica e a degradação do ambiente; estamos a esforçar-nos, mas alguns dos partidos aqui presentes e algumas das políticas que eles representam estão a travar-nos ou a tentar travar-nos o passo, acelerando a política de degradação. Estamos a tentar, pelo menos, empatar com essas políticas de degradação e ultrapassá-las depois na recta final.
Fizemos um esforço, começámos bem a corrida, mas não estamos eufóricos, porque o que aí se avizinha é de muita responsabilidade, muito trabalho, é ser capaz de não defraudar as expectativas criadas e foram muitas.
Pergunta o Sr. Deputado Narana Coissoró quem é que aumentou. Aumentou a CDU, que é uma coligação eleitoral e foi como tal que nos apresentámos ao eleitorado. Aumentou mais o PCP, aumentaram mais Os Verdes ou os outros componentes? Não sei se o Sr. Deputado Narana Coissoró se satisfaz com aritméticas, mas eu diria que fico satisfeito com o aumento de Os Verdes de 2%, deixando o resto do aumento para o PCP. É um aumento bastante e suficiente para todos.
Não sei se isto o satisfaz, em termos aritméticos, porque em termos da votação, é sabido - e para isso basta ter um pouco de sensibilidade política - que o PCP não foi penalizado, obviamente, porque tem mantido nesta Câmara uma posição de coerência absoluta em todos os debates e em todas as suas intervenções. Por isso, o povo português tem sabido respeitar não só o PCP como outros partidos que têm sido coerentes noutras alturas; o povo português sabe respeitar isso.