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4632 I SÉRIE - NÚMERO 93

O Orador: - Sr. Deputado Silva Marques, já lhe respondi tanta vez!... Isto é pior do que a «pescadinha com o rabo na boca». Quer dizer não há pior cego do que aquele que não quer ver e o Sr. Deputado não quer ver o que lhe estou a dizer... Peco-lhe imensa desculpa mas não tenho capacidade para dizer as coisas de outra maneira.
Sr. Deputado Duarte Lima, ainda relativamente aos números, tive o cuidado de, na minha intervenção - e creio que não se lhe pode atribuir isso -, não contabilizar as perdas e os ganhos em termos relativos, ou seja, de uns relativamente a outros, porque senão poderia dizer que não era por ganhar ou por perder mais um deputado que «cai o Carmo e a Trindade». Não fiz contas desse tipo, porque senão poderia dizer - e chegou-me agora aqui uma informação - que o PSD sozinho perdeu mais votos do que todos os outros partidos somados. Bom, mas isto é mais um elemento.
Como ainda há bocado dizia o Sr. Deputado Carlos Brito, uns perderam 8% relativamente a não sei quê, outros 22, outros 32, outros 36 e o PSD foi quem perdeu mais. Todos os elementos, seja qual for a análise política que se queira fazer, apontam neste sentido. O PSD pode querer tirar as ilações que entender, está no seu pleno direito, mas, Sr. Deputado Duarte Lima, até o Sr. Professor Cavaco Silva, quando foi à televisão, assumindo com grande dignidade o resultado eleitoral, não foi tão longe como o Grupo Parlamentar do PSD está agora a pretender ir e nomeadamente os Srs. Deputados do PSD que têm feito intervenções sobre esta matéria.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Somos autónomos! O Sr. Barbosa da Costa (PRD): - Brincalhão!

O Orador: - Pese embora a autonomia do PSD relativamente ao Sr. Professor Cavaco Silva, fica sublinhado esse aspecto.
Quanto ao acordo PS/PRD, Sr. Deputado Duarte Lima, na minha intervenção e sublinho novamente esse aspecto, limitei-me a referenciar aquilo que eram os objectivos do acordo, que, do nosso ponto de vista, foram alcançados; porém, como também disse na minha intervenção, eles estão aquém daquilo que são as potencialidades e os objectivos globais do acordo e penso que há possibilidades de potenciar de uma forma mais positiva o acordo. Mas isto não significa - e respondo agora à questão subjacente às perguntas feitas pelo Sr. Deputado Duarte Lima, aliás está subjacente de uma forma até explícita nas suas próprias palavras -, que o PRD tenha ficado completa e totalmente satisfeito com a forma como foi dirigida e orientada esta campanha em que participou o PS e o PRD.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Ficaram como nós!

O Orador: - Portanto, é evidente que desse ponto de vista há críticas pontuais e até a alguns dirigentes do Partido Socialista, que tiveram afirmações que, do nosso ponto de vista, foram desajustadas. São questões que temos de corrigir e procuraremos limar, mas não consideramos que elas possam, de qualquer modo e em qualquer perspectiva, pôr em causa o acordo, porque o objectivo foi alcançado e, do nosso ponto de vista, ele tem potencialidades para ser reforçado no futuro.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Então ficaram como nós!

O Orador: - Sr. Deputado António Guterres, quanto à questão que me colocou devo dizer que é evidente que lhe agradeço as suas observações e reafirmo aqui, em nome do Partido Renovador Democrático, a nossa disponibilidade total para aprofundar o acordo, porque o consideramos positivo e inclusivamente com virtualidades e potencialidades que não foram suficientemente exploradas.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Aprofundem, aprofundem e logo vão ver onde chegam!

O Orador: - E é evidente que o objectivo do acordo é claro e indiscutível, como não pode deixar de ser, e consta do seu ponto n.º l - criar e potenciar uma alternativa credível ao PSD e ao Governo PSD.

O Sr. Deputado Carlos Brito chamou a atenção e eu tenho muito gosto em sublinhar que esta subida que referimos é, de facto, uma subida em termos percentuais, porque em termos absolutos, pese embora as subidas, das quais a mais expressiva até é a da CDU, também VV. Ex.as perderam votos relativamente a 1987. Portanto, é evidente que nos referimos em termos percentuais - mais um elemento de referência que não pode estar a ser permanentemente deslocado em função das análises que estamos a fazer, porque senão ninguém se consegue entender relativamente às análises e acabamos por baralhar aquilo que é simples.
Quanto a saber se o acordo favorece ou não a bipolarização, devo dizer, Sr. Deputado Carlos Brito, que sempre temos afirmado que não vemos potencialidades e virtualidades, do ponto de vista da governação e do futuro do País, na bipolarização. Pensamos que o acordo do PS/PRD não põe em causa a questão da bipolarização, na medida em que os partidos continuam a manter naturalmente a sua autonomia, que não significa que, mesmo até no campo psicológico e no campo da motivação da própria abstenção, haja necessidade de a perspectivar perante a população. Este é o objectivo fundamental do acordo, na visão que tenho dele, ou seja, como alternativa credível ao PSD.
Quer dizer, aceitamos que há muito eleitorado que, efectivamente, tem de se rever numa alternativa da esquerda democrática e tem de ver isso potenciado em termos de acções concretas. Portanto, se os partidos querem assumir isto com verdadeira responsabilidade, penso que o desenvolvimento do acordo vai ter de potenciar acções concretas e objectivas, no sentido de dizer aos portugueses, nomeadamente ao leque consubstanciado na abstenção, que a alternativa ao PSD é não só desejável como também possível em curto prazo, isto é, em 1991.

Vozes do PS e do PRD: - Muito bem!

A Sr.ª Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Penso que nesta
altura do debate pode, desde já, retirar-se uma conclusão da maior importância, e é com sincera pena que iremos fazer essa constatação. É que o PSD não aprendeu nada com as últimas eleições; é que o PSD tem, nesta Assembleia, uma