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74 I SÉRIE-NÚMERO 3

situação política económica ou social fornecesse para isso qualquer justificação o secretário geral do PS anunciou a decisão de o seu partido apresentar uma moção de censura.
Não se contesta como é óbvio o direito constítucional de o PS apresentar uma moção de censura. Mas não podem deixar de analisar-se as verdadeiras razões que movem o actual PS ao faze-lo.
É por de mais evidente que a verdadeira razão desta moção de censura reside na histórica decisão de o actual PS se coligar com o Partido Comunista numa estranha revira volta de 180 graus em relação à política de alianças das anteriores direcções do PS e em clara rotura com uma das linhas mais salientes da tradição socialista no nosso país.

Aplausos do PSD.

Preocupada com o despertar da opinião pública face a esta viragem do PS julgou a sua direcção descobrir no recurso a moção de censura o antídoto de que precisava o facto político que desviaria as atenções, o véu para esconder a face do actual PS.
A isto juntou-se ainda porventura a necessidade de o secretário geral do partido encontrar um meio para evitar a censura interna em razão da sua ausência prolongada no estrangeiro em finais de Agosto.

O Sr Duarte Lima (PSD): - Muito bem! Essa é a verdade!

O Orador: - Naturalmente que os Portugueses a começar por muitos socialistas se sentiram e sentem profundamente chocados com esta ligação do PS ao mais estalinista e arcaico partido Comunista da Europa.

Aplausos do PSD.

e logo numa altura em que concepções como as do PCP estão a ser abertamente rejeitadas na própria União Soviética e na Europa de Leste.
Não surpreende assim que o director de um matutino tenha escrito: Andamos sempre ao arrepio da história agora que o PC húngaro se transformou em PS é que o PS de cá se inclina para o PC. Não acertamos nunca.

Aplausos do PSD.

É de alguma forma trágico que a mão que o secretário geral do PS veio dar ao PCP sirva para liquidar impiedosamente todas as tentativas de introduzir no partido reformas no sentido da perestroika. E tudo isto perante o silêncio porventura embaraçado mas objectivamente cúmplice dos dirigentes do actual PS.
Srs. Deputados, foi como manobra de diversão para tentar desviar as atenções da radical inflexão na estratégia tradicional do PS ao coligar-se com o PCP que surdiu esta moção sem sentido.
Estamos perante uma artimanha, uma encenação uma jogada política - sem talento aliás o que explica a fraca atenção que suscitou o lugar secundário para que foi remetida pelos próprios órgãos de comunicação social e o esquecimento em que caiu logo apôs o seu anúncio.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque, Srs. Deputados, estivéssemos nós perante uma situação nacional justificativa de um recurso ao mecanismo constítucional da moção de censura ao Governo, então a reacção do País teria sido bem diferente. Os últimos tempos teriam sido de tensão política, respirar-se-ia um ambiente de crise e a sessão de hoje rodear-se-ia de algum dramatismo.
Felizmente não foi nem é nada assim. A vida no País processa-se em normalidade democrática, o Sr. Presidente da República visitou oficialmente a Hungria e a Holanda e está presentemente de visita à França, o Primeiro-Ministro realizou a programada visita a Moçambique e não se vislumbra no horizonte qualquer sombra de crise política.
Rapidamente todos órgãos de soberania, meios de comunicação, políticos, cidadãos em geral, entenderam o senado da jogada do PS colocando-a no seu devido lugar. Por isso estamos hoje aqui com o espírito de cumprir um ritual que o PS nos impôs.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É pena que se desvirtue assim o sentido de um instituto constitucional tão importante como é a moção de censura.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não acredito que o estratagema do PS produza eleitos. A moção de censura foi um passo de mágica muito mal ensaiado.
O PS não vai conseguir esconder aos olhos dos Portugueses, o significado profundo da reviravolta que deu ao coligar-se com o Partido Comunista numa aliança que começou a ser ensaiada também no terreno sindical.
Os Portugueses recordam-se que o PS, do passado lutou contra as tentativas totalitárias de tomada do Poder pelo PCP, partido que o PS qualifica-a de estalinista e antidemocrático.
Será que o PS já não reconhece os terríveis custos suportados pelo País em resultado do domínio Comunista a seguir ao 25 de Abril?

Aplausos do PSD

H1 quatro anos ainda - sendo eu próprio já presidente da Comissão Política do PSD - o PS coligou-se com o meu partido em 35 câmaras municipais com o objectivo, dizia de afastar a gestão não democrática dos comunistas e restabelecer o clima de confiança da iniciativa privada destruída pelos executivos do PCP.
E agora Srs. Deputados do PS?
Terá o PCP mudado, ao ponto de o PS actual sem violar os princípios que sempre defendeu, com ele se aliar?
É óbvio que o PCP não mudou. São mesmo alguns dirigentes do PS que continuam a classificar o PCP como o mais estalinista dos partidos comunistas europeus.
E ainda há dias um destacado membro do PCP diz ao demitir-se que este partido não mudou nada. E uma ainda militante do partido afirma que o PCP só mudou de táctica.
Temos de concordar a mudança de estratégia que ocorreu foi no PS não no PCP.

Aplausos do PSD.

Os dirigentes do Partido Comunista de hoje são os mesmos do Partido Comunista de ontem, que o PS acusava e atacava a linha marxista leninista do partido, foi aliás reafirmada no seu último congresso.