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1748 I SÉRIE - NÚMERO 49

uma vez na vida, a televisão se ter ido embora quando um deputado do PSD falava, ficou tão chocado que até notou.

Aplausos do PS e do Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Orador: - Aprecio a sua perspicácia, mas, como não tenho nada a ver com isso, dirija-se à RTP.

Também não vou dizer que estou ofendido pela voz melodramática que, suponho, me imputava, e se V. Ex.ª não tem uma voz melodramática espero que tenha uma voz digna de outras tribunas. A minha voz é o que é. E se V. Ex.ª acha que ela é melodramática, paciência.
Mas fui ofendido com a introdução da «carta dos primos». Isso é pura ofensa e V. Ex.ª perdeu o controlo das palavras, o controlo do pensamento e ofendeu-me com a «carta dos primos». Peco-lhe, Sr. Deputado, que retire agora a alusão feita às «cartas dos primos».

A Sr.ª Presidente: - Para dar explicações, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Coelho.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Sr.ª Presidente, eu preferia juntar todas as intervenções e responder no fim.

A Sr.ª Presidente: - Não, Sr. Deputado. O Sr. Deputado António Barreto não usou da palavra para um pedido de esclarecimento, mas sim para defesa da consideração, portanto, V. Ex.ª, se quiser, pode dar explicações.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Se a Sr.ª Presidente me obrigar a dá-las agora, assim farei.

A Sr.ª Presidente: - Não é obrigá-lo, é regimental.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Certamente, Sr.ª Presidente. Eu quero dar explicações ao Sr. Deputado António Barreto, mas preferiria ter juntado tudo para salvar as bonificações de tempo para o PSD dado o meu colega Fernando Conceição ainda ir usar da palavra.

A Sr.ª Presidente: - Sr. Deputado, o tempo de que vai dispor não conta nesse tempo.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Mas contará nas respostas aos pedidos de esclarecimento dos outros Srs. Deputados que já se inscreveram para esse efeito. De qualquer modo, vou usar da palavra, Sr.ª Presidente.
Em primeiro lugar quero dizer ao Sr. Deputado António Barreto, que ficou ofendido por eu ter feito referência às galerias, que quando fiz essa referencia não era minha intenção ofendê-lo.
Naturalmente, nesta Sala, falamos para todos aqueles que nos ouvem, aqui e lá fora, encontrando-se aqui não só deputados e membros do Governo, mas muitas outras pessoas, pelo que falamos para todas elas.
O que não gostei, Sr. Deputado António Barreto e devo dizer com toda a lealdade, até pelo grande respeito que, como sabe, tenho por si -, foi da maneira como o Sr. Deputado indiciou a presença de uma pessoa e a invocou na sua intervenção. E gostei menos ainda da reacção do Partido Socialista, pois acho que a maneira como tudo se processou não foi muito digna para a Assembleia.
O Sr. Deputado António Barreto sentiu necessidade de reforçar os seus argumentos. Julgo que se se sentisse muito seguro deles não precisava de o fazer, bastava a força dos próprios argumentos. No entanto, sentiu necessidade de reforçar os seus argumentos dizendo: «está ali a senhora...» e alguns deputados do Partido Socialista, por quem tenho muita simpatia, viraram-se e aplaudiram a senhora. Não percebo muito bem a que propósito é que o fizeram, mas a verdade é que o fizeram!
Julgo que isso não foi bonito, não foi elevado e, naturalmente, não poderia deixar de o referir.
Em relação à televisão, Sr. Deputado António Barreto, perdoar-me-á, mas já não é a primeira vez que eu, neste hemiciclo, e usando o microfone, protesto contra situações similares. Na verdade, julgo que há aqui dois pesos e duas medidas, quando a televisão não cobre a totalidade de um debate. Repare, Sr. Deputado, que não me cingi à televisão, fiz referência a muitos outros jornalistas, pois na altura em que intervim disse que estavam presentes, na Câmara, apenas três representantes de órgãos de comunicação social e, habitualmente, muitos outros cobrem os trabalhos parlamentares. Deste modo, todos aqueles que quiserem fazer referência ao debate sobre o acesso ao ensino superior, das duas uma ou não farão, ou limitar-se-ão a publicitar as críticas da oposição, porque quando chegou a vez de o Governo e de o PSD exporem as suas ideias já, praticamente, não se encontravam presentes jornalistas no plenário. Julgo que isto tem a ver também com uma questão de rigor ético e deontológico. Naturalmente, a crítica não lhe era dirigida, mas se, amanhã ou ainda hoje, virmos, na televisão, a extrapolação pública de um debate a favor das críticas que a oposição dirigiu ao Governo e ao sistema de acesso ao ensino superior, não poderemos deixar de compreender por que é que assim é. Na verdade, isso acontece porque quando chegou à altura de ouvir outros argumentos houve alguém que não os quis ouvir.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não havia argumentos!

O Orador: - Sr. Deputado Narana Coissoró, essa é a opinião de V. Ex.ª, entendo que há muitos argumentos.
Finalmente, Sr. Deputado António Barreto, em relação à referencia dos primos, se entendeu que a minha afirmação continha uma insinuação de que a carta que V. Ex.ª leu era dos seus primos ou de alguém da sua família, reparo-a, porque não tive qualquer interesse ou intenção de fazer tal insinuação. Sabe que esse não é o meu estilo e, repito, não tive qualquer intenção de fazer qualquer insinuação.
Para terminar, gostaria de salientar que, em minha opinião, este debate tem revelado muito empenho pessoal por parte dos intervenientes. Com efeito, as pessoas tendem a criticar o sistema de acesso ao ensino superior, quando pessoas que lhes estão próximas, primos e filhos - não falei em filhos, porque como é sabido não os tenho - se viram impossibilitados de ingressar no ensino superior. E é essa relação pessoal entre quem fala sobre o ingresso, porque é directamente, ou muito proximamente, prejudicado, e as condições concretas vividas pelos familiares ou amigos que leva as pessoas a falar, motivando a apreciação que fiz. Naturalmente, não visava diminuir a autenticidade da caria que o Sr. Deputado António Barreto, com voz melodramática - permita-me que o repita -, fez do alto daquela tribuna.