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27 DE ABRIL DE 1990 2289

O Sr. João Soares (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Volto a esta Casa, por breves horas, fundamentalmente para exprimir um sentimento, um sentimento de profunda gratidão pela solidariedade recebida num momento difícil. No dia em que me preparo para solicitar a suspensão do meu mandato parlamentar por incompatibilidade com o exercício de responsabilidades autárquicas, não podia deixar de vir a esta Assembleia exprimir essa gratidão. Nas horas menos felizes por que passei, por que passámos três deputados da Assembleia da República, foi bom sentir a solidariedade desta Casa.
Sei que a gratidão se arrisca, cada vez mais, a estar fora de moda, sobretudo em política. Mas eu, como socialista, não posso deixar de insistir na gratidão que vos devo.
Os Portugueses sabem, por experiência própria, que nos momentos difíceis podem contar com os socialistas. Foi isso que sempre aconteceu durante estes 16 anos que leva de vida a nossa democracia.
Dobrámos ontem o cabo dos 16 anos da I República e dobrámo-lo em condições radicalmente diferentes. Somos hoje uma democracia europeia profundamente consolidada, sem ameaças visíveis ou sequer imagináveis no horizonte. Esta é uma realidade indesmentível e se o é em muito se deve aos socialistas, porque nem sempre foi assim. E quando houve riscos a correr e quando houve combates a travar, os Portugueses sabem que os socialistas estiveram sempre na primeira linha, como voltariam a estar no futuro se ameaças houvesse. Mas não há! Há, haverá certamente, algumas curvas apertadas, como as há também na vida dos homens. E nessas horas menos felizes, nessas horas mais difíceis, o que conta é a firmeza das convicções, a coragem para enfrentar as dificuldades, qualidades de que os socialistas portugueses tem dado abundantes provas.
Este Governo beneficiou de condições políticas de que nenhum outro beneficiou ao longo destes 16 anos. Pela primeira vez na história da nossa democracia, um único partido dispôs de uma maioria absoluta em termos parlamentares.
Numa hora de Europa vivida a tempo inteiro, «Europa connosco», como a desejaram sempre os socialistas portugueses, o balanço deste tempo único é, no entanto, mais que sofrível. A laranja tem sabido muitas vezes a amargo. Muitas oportunidades se tem perdido, umas atrás das outras. Em 1991, o mesmo é dizer daqui a pouco, os Portugueses serão chamados a escolher de novo e então importará que a alternância se faça, não apenas porque os Portugueses se cansaram de tantas oportunidades perdidas, mas também porque sabem bem que nos momentos difíceis podem contar com os socialistas, como sempre contaram.
Em 1993 seremos parte de um mercado saído do Acto Único, depois de em 1992 termos assumido a presidência das Comunidades. Os Portugueses sabem que os socialistas, mais que quaisquer outros, merecerão estar no leme nessa hora de uma Europa em que apostaram quase sozinhos nos momentos decisivos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Na hora da despedida desta Casa, que, apesar das suas dificuldades e carências continua a ser o centro vital da nossa vida política, reafirmo aqui o meu sentimento de profunda gratidão pela solidariedade e simpatia recebida.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Narana Coissoró, Carlos Brito, Duarte Lima, Hermínio Maninho e Herculano Pombo.
Assim sendo, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado João Soares: Já tive o prazer de felicitá-lo pessoalmente pelo seu regresso, embora breve, a esta Casa. Faço-o agora em nome da minha bancada, dos seus amigos de sempre, os deputados do CDS.
V. Ex.ª é por natureza um optimista. Lembro-me de uma entrevista dada pelo seu pai à Rádio Renascença em que ele disse que, na passagem de ano, desejou ao seu filho que o ano de 1990 fosse melhor que o de 1989. O Sr. Deputado João Soares respondeu então ao pai:

Pai, o que é que quer que eu tenha mais em 1990 do que o que tive em 1989, em que me «safei» quando toda a gente pensava que eu estava morto!

É este optimismo, este ânimo interno, que o leva a viver com esta felicidade, com esta bonomia, com esta generosidade, e a encarar o futuro como o fez hoje daquela bancada. Embora as suas palavras sobre política sejam para o seu partido e também para o País, eu gostaria de me congratular com este grande exemplo de optimismo, de felicitá-lo, mais uma vez, pela grande vitória que alcançou sobre a sua própria vida e pela sua presença aqui entre nós. Gostaria de lhe pedir que quando terminar o seu mandato de vereador volte rapidamente para junto de nós.

Aplausos do PS e do PRD.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, havendo mais oradores inscritos para pedidos de esclarecimento, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. João Soares (PS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado João Soares, também já tive oportunidade de o cumprimentar e de o felicitar, mas quero fazê-lo agora em nome da bancada do PCP e no Plenário da Assembleia da República.
Quero, antes de mais nada, manifestar-lhe a nossa grande alegria por o ver regressado ao nosso convívio e, mais do que isso, à vida política activa e só gostaria de formular dois votos: o de um completo e total restabelecimento e o de bom trabalho na Câmara Municipal de Lisboa.

Aplausos do PCP, do PS e dos deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Raul Castro.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Lima.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sr. Deputado João Soares, é com muita alegria que eu e os meus colegas de bancada assistimos ao seu regresso ao Plenário da Assembleia da República.