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2290 I SÉRIE-NÚMERO 68

Acompanhámo-lo, de longe, aquando do acidente que sofreu e em todo o percurso até à recuperação, com muita preocupação e com saudades da sua presença aqui. É também com muita pena que o vemos partir para a Câmara Municipal de Lisboa e, nesse sentido, faço minhas as palavras do Sr. Deputado Narana Coissoró, pois preferíamos continuar com o privilégio de tê-lo aqui, como colega, nessa bancada.
Gostaria de felicitá-lo ainda pelo optimismo com que reentra agora, a tempo inteiro, na vida política e pela fé que tem na vitória eleitoral do seu partido. Acho bem que venha com esse estímulo e com essa força. Devo, porém, dizer-lhe que o PSD não vê com nenhum drama o acto eleitoral de 1991. As eleições são sempre incertas para todos os partidos - para o PS, para o PSD ou para qualquer outro partido. Não vemos esse acto eleitoral com arrogância, mas também não o vemos com o triunfalismo com que muita gente, no seu partido, o vê, neste momento.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Há muita água para correr por baixo das pontes e nós vamos cá estar todos em 1991 para ver isso!
Sr. Deputado João Soares, também participámos na construção da democracia portuguesa e na primeira linha; também estivemos ao lado desse grande desígnio nacional que foi a adesão à Comunidade Económica Europeia - era o Dr. Sá Carneiro líder do meu partido e estávamos na oposição -, repito, um desígnio nacional com o qual também estivemos e apoiámos, embora na oposição.
A minha leitura só é diferente da de V. Ex.ª no pessimista balanço que fez quando qualificou de mais que sofríveis estes anos. Efectivamente, é grande a distância que nos separa de 1985, em todos os domínios. Portugal tem muitas etapas para percorrer, tem muitas dificuldades para ultrapassar, mas V. Ex.ª, que é um homem sério e realista, reconhecerá comigo, sem favor, que foram muitas as etapas que o País queimou entretanto, foram muitos os progressos que o País fez e é nesse sentido que vamos continuar a trabalhar.
Sr. Deputado João Soares, por parte do PSD, temos a certeza de que, em 1991, será com o PSD que o País novo se irá reencontrar para continuar no desafio da integração económica europeia.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hermínio Martinho.

O Sr. Hermínio Martinho (PRD): - Sr. Deputado João Soares, não podia perder esta oportunidade de, em meu nome e da minha bancada, me congratular com a sua presença aqui, passado mais de meio ano de ausência.
Infelizmente, vai ter de sair desta Casa, mas guardaremos a recordação da forma séria com que, sempre o vimos intervir aqui e desejamos sinceramente que na Câmara Municipal de Lisboa continue a intervir dentro do seu espírito e da sua maneira de ser, para que, daqui a algum tempo, os eleitores de Lisboa não possam - e eu não o desejo - considerar que também foram perdidas oportunidades na Câmara de Lisboa, como hoje - e muito bem! - estão a sentir em relação à confiança que depositaram, há dois anos e meio, no PSD.
Estão também confiantes em 1991 e apostamos nisso, até porque pensamos que se, de facto, os Portugueses tom razões neste momento, olhando para estes 16 anos de democracia, para sentir saudades do primeiro governo de Cavaco Silva, isso acontece por dupla razão. Na verdade, é natural que também eu tenha algumas saudades do tempo em que as decisões tinham de ser ponderadas e tomadas de uma forma mais séria, mais dialogante, porque dependiam do voto do PRD na Assembleia da República.
Vamos tentar continuar a trabalhar nesse sentido e aproveitamos, sinceramente, para desejar-lhe um bom trabalho no futuro do concelho de Lisboa, que bem precisa do seu trabalho e de um futuro mais risonho, que até agora não tem sido preparado.
Entretanto, assumiu a presidência a Sr.ª Vice-Presidente Manuela Aguiar.

A Sr.ª Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Herculano Pombo.

O Sr. Herculano Pombo (Os Verdes): - Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O pedido de esclarecimento é uma figura regimental de expressão e o que quero dizer é que quanto à capacidade física do Sr. Deputado João Soares estou perfeitamente esclarecido, quanto à sua capacidade de intervenção política, esclarecidos estamos todos!
Assim, e muito singelamente, quero apenas agradecer, por um lado, o facto de, depois de ter sido capaz, durante mais de seis meses, de vencer o mais temível dos desafios, não se ter esquecido de quem não o esqueceu: durante estes meses, esta Assembleia lembrou-se sempre de si, a propósito de tudo e de nada foi sempre lembrado aqui. Por outro lado, agradeço também o não se ter esquecido de vir a esta Câmara, ainda que por breves horas, para agradecer a solidariedade, que é uma coisa que não se agradece, pois é devida ao amigo, ao companheiro e, principalmente, ao político que, apesar de estar mais que ocupado com o grande desafio, confiou na vitória, nele tendo confiado também o povo de Lisboa, que soube esperar pela sua recuperação.
A este propósito, Sr. Deputado e amigo João Soares, lembro aqui aquela que foi talvez a sua última intervenção nesta Câmara e o amor a Lisboa que nela perpassava. Na altura tive ocasião de saudar essa intervenção.
Tem V. Ex.ª agora mais um desafio a vencer. A selva onde caiu não foi a última das selvas onde terá de cair. Desta vez vai cair na selva, não africana mas nem por isso menos selva, que tem sido a Câmara Municipal de Lisboa, com tanto por desbravar e tanto por fazer. E no pelouro onde vai passar a exercer funções, V. Ex.ª vai, certamente, ter oportunidade de provar que as palavras que então aqui proferiu não eram um simples discurso, eram promessas, eram um oráculo que agora vai ser cumprido. Assim o espero!
Era apenas isto que queria desejar-lhe.

Aplausos do PS e do PRD.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Soares.

O Sr. João Soares (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Muito brevemente, quero agradecer aos Srs. Deputados Narana Coissoró, Carlos Brito, Duarte Lima, Hermínio Martinho e Herculano Pombo as palavras simpáticas que me dirigiram.