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27 DE ABRIL DE 1990 2293

O Sr. José Lello (PS): - Sr.ª Presidente, penso que o Sr. Deputado Silva Marques não tem nem precisa de tempo, pois toda a gente sabe o que ele não tem para dizer.

Risos do PS, do PCP, de Os Verdes e dos deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Raul Castro.

Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Porventura este será o novo estilo do PSD: depois das conversas à volta da fogueira, temos aqui o Sr. Deputado Silva Marques a expressar-se como verdadeiro guardião da revolução cavaquista.
Gostaria de me referir a uma ideia que expressou no início da sua intervenção. Pese embora o facto de me ligar a V. Ex.ª uma profunda amizade, esquecerei isso e dir-lhe-ei, face ao que o Sr. Deputado disse daquela tribuna, ou seja, que «esta é uma declaração política extremamente importante para os socialistas, este é um discurso de fundo que abalará a convicção dos socialistas», que estava à espera, quiçá, de uma peça de Wagner, mas surgiu-me a Rosinha dos Limões. Estava à espera que viesse algo de shakespeariano, mas, afinal, apareceu literatura de cordel. Esperaria ouro de lei, mas saiu pechisbeque!
V. Ex.ª esforçou-se, mas não saiu daí. Gostaria de o questionar sobre muitas coisas profundas que disse, mas dir-lhe-ei tão-só o seguinte: se é essa a convicção com que V. Ex.ª diz que vai encarar as próximas eleições em 1991, não precisaremos porventura de nos esforçar muito e melhor será pensarmos noutras coisas que não em combater o vigor e a profundidade do discurso do PSD, porque com esse tipo de discurso - desculpar-me-á a terminologia - está no papo!

Aplausos do PS.

Risos do PCP, de Os Verdes e dos deputados independentes João Corregedor da Fonseca e Raul Castro.

A Sr.ª Presidente: - O Sr. Deputado Silva Marques deseja responder já ou depois de formulado o pedido de esclarecimento que resta?

O Sr. Silva Marques (PSD):-Respondo no fim, Sr.ª Presidente, e com o tempo de que Os Verdes dispõem!...

A Sr.ª Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Sr. Deputado Silva Marques, o discurso de V. Ex.ª foi frenético, exaltado, mas inconsequente. É um discurso que compreendo quando incide de forma muito vincada na questão do arrependimento. Há uma célebre frase de um autor - que por certo conhece e terá lido na sua juventude - que diz que «os mais anticlericais são os ex-seminaristas».

Risos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Daí os problemas que V. Ex.ª tem com Estaline!...

Vozes do PS: - É verdade!

O Orador: - Por isso, eu diria que o Partido Socialista nada tem com essa figura e que V. Ex.ª faz bem em desligar-se dela. O Partido Socialista desligou-se há mais tempo do que V. Ex.ª e tem orgulho de ser o partido que contribuiu, de forma decisiva e lapidar, para a construção do regime democrático.
A esse nível, tem um programa de que se orgulha, um programa moderno, um programa de incidência socialista democrática e, portanto, não está arreigado a preconceitos e valores arcaicos de há mais de 10 anos, tal como o PSD que ainda não teve a coragem e a capacidade de alterar o seu programa.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Diria, pois, que, se há alguém que está ligado ao passado e se há alguém que tem de copiar alguém, é o PSD. E faz bem em copiar algumas das soluções futurantes que o Partido Socialista tem no seu programa e que tem praticado na sua acção política recente.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques, que dispõe de dois minutos, concedidos pela Mesa.

O Sr. Silva Marques (PSD): - No meio das vagas tempestuosas do debate não fica mal um toque de solidariedade. Mas, se assim não fosse, utilizaria o tempo de Os Verdes...

Risos.

Sr. Deputado Alberto Martins, repito que a actual direcção do PS é uma direcção de arrependidos, com todo o sentido que esta minha frase contém e que não tem nada de ofensivo no plano pessoal. De facto, é uma direcção de arrependidos, no sentido de que não se questionaram, até hoje, como políticos e, mais, como dirigentes políticos, face ao País que os seguiu e face a eles próprios. Quem não faz isto, perante a evidência dos factos, é sinal de que não merece qualquer credibilidade enquanto dirigente político. Portanto, é por isso que digo e repito que a actual direcção do PS é uma direcção de arrependidos!
Quanto à expressão «está no papo», Sr. Deputado José Lello, o actual PS julga, ele sim, que tem o País no «papo». O que os senhores queriam era ter o País no «papo», porque o vosso «papo» é infindo e infinito.

Risos do PSD.

Mas não basta ter «papo» para o encher,...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Essa é profunda!...

O Orador: -... sobretudo porque o País já mostrou, por várias vezes, que não enche o «papo» de quem o quer encher!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Finalmente, Srs. Deputados do PS, em vez da vossa correria para todos os dias apresentarem papéis, por vezes locando as raias do caricato - e lembro que ainda ontem ou anteontem a Sr.ª Deputada Edite