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2376 I SÉRIE - NÚMERO 70

Admito que o Sr. Ministro ainda não tenha o conjunto de pareceres que se têm vindo a desenvolver ;sobre esta matéria, inclusive dos desvios que têm sido dados ao processo. Quer dizer: admito que o Sr. Ministro, com a sua boa-fé, com uma reunião de umas horas ontem, não esteja ainda altamente informado quanto à melhor solução para uma resposta integrada.
A resposta que hoje se lança, no que diz respeito à ponte, é não só a de alargarmos o tabuleiro ou de levar a uma solução máxima de cargas sobre a ponte mas, pelo contrário, a de pensar em minimizar custos e obter os maiores resultados. E, se se pensar em minimizar custos, começa-se por se verificar que o tabuleiro actual permite cinco faixas; logo, a curto e a médio prazos, não há necessidade de alargar o tabuleiro.
Em segundo lugar, os cálculos, desde as origens, foram elaborados - e isso é demonstrado por alguns técnicos, inclusive pelo LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), de que também há um dossier-, por forma que a estrutura estivesse perfeitamente preparada para levar um tabuleiro inferior.
Então, perguntamos: para quê reforçar a estrutura vertical daquela ponte, Sr. Ministro, quando, inicialmente, ela foi preparada para ter quatro ou cinco faixas e para levar um tabuleiro inferior com um túnel, que já está construído, de 650 m? Verifique, portanto, como é possível reduzir em prazos a execução daquela obra. Então, aí poderá lançar uma nova alternativa de túnel ou ponte nova, não já nos 20 anos que se prevêem mas, sim, no prazo de 10 anos.
E é isto que me aterroriza, num país em que é necessário rentabilizar as verbas, que são poucas -como o Sr. Deputado Silva Marques permanentemente, aqui, refere-, que vêm da Comunidade, que é a fonte de financiamento, aplicando-as em novas obras e reduzindo em prazos. Daí, o facto de custar imenso a solução tomada pelo Sr. Ministro.
Por outro lado, sobre os impulsos e os impactes que tem em lermos de desenvolvimento urbanístico e de ordenamento do território, devo dizer que esses estão previstos nas Resoluções do Conselho de Ministros de 1985. Decorreram cinco anos e como c? Unicamente por uma informação técnica, esquecemos todo um passado de compromissos com as autarquias, com o ordenamento e desenvolvimento da margem sul, com todas essas carências?!
É por isso que digo ser perfeitamente impossível optar por uma solução tão levemente pensada ou reafirmada, como sucedeu aqui, por alguns Srs. Deputados do PSD.
O Sr. Deputado Mendes Costa perguntou-me como é que eu defenderia as palavras de um técnico que é considerado o maior técnico mundial de pontes, verdadeiro arquitecto de "catedrais de beiao", permanentemente chamado a toda a parte do mundo, com uma lúcido/absoluta e com uma responsabilidade que o vosso Governo tem vindo a dar-lhe e a assumir permanentemente.
Bom, defenderia o seu ponto de vista, porque aquele técnico, antes de afirmar à imprensa que era perfeitamente possível no prazo de um ano executar aquela obra, disse-o num debate que teve lugar no Fórum Picoas, acrescentando o porquê de tal afirmação: era necessário que os estudos estivessem realizados, e eles não são Lio difíceis como pensa, pois, dentro do que está pensado para a ponte, em três meses elabora-se a parte estrutural, não do reforço da ponte mas, sim, o que está na memória da ponte e que é a parte do tabuleiro rígido. Na verdade; é perfeitamente possível em três meses fazer essa obra!
Quanto ao prazo de execução, dessa obra (um ano), pergunto-lhe: será que nos tempos de hoje essa obra não se executa num ano? Aliás, aproveito para informá-lo de que em 1978 foi comemorado o centenário da Ponte D. Maria Pia que levou 11 meses a construir - e é bom que a imprensa tome nota disto-, começando a ser utilizada ao fim de um ano. 11 meses, Sr. Deputado!, isto na altura em que o aço era ferro rebitado... Então, como é possível o Sr. Deputado pôr em dúvida a capacidade técnica de hoje, venha ela da Alemanha, dos Estados Unidos ou da Península Ibérica, e de com a estrutura executada montá-la?

O Sr. Cardoso Ferreira (PSD): - Ah, montá-la!

O Orador: - Há diferenças muito grandes! Portanto, não se criem más interpretações sobre uma matéria que é muito clara.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Foi pena não ter executado essa obra quando foi Ministro!

O Sr. Rosado Correia (PS): - Nós executamos, os senhores só falam!

O Sr. Filipe Abreu (PSD): -O que é que vocês executam? Não vejo nada!

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Maia Nunes de Almeida.

O Sr. Maia Nunes de Almeida (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A situação actual dos transportes da região de Lisboa é de verdadeiro caos. No início de manhã e ao fim da tarde, durante horas, o autocarro não anda; o carro ainda menos; no metro ou no comboio não cabe nem mais um mosquito e muito menos no barco, que liga as duas margens do Tejo; o eléctrico não tem horas de passar; e atravessar a Ponte 25 de Abril, em tempo razoável, não passa de um sonho!
Ao ficarmos presos nas intermináveis bichas, tudo parece estar feito ao contrário do que devia. Dizem os especialistas que a história pode ser vista assim: o crescimento da região de Lisboa devia ler sido planeado e que errado está o facto de, cada vez mais, a cidade ser local de trabalho e a periferia o local de dormir..
A questão da Ponte 25 de Abril e da problemática do atravessamento do rio Tejo tem dado viva discussão, que se espera tenha frutos - direi mesmo que já teve alguns frutos.
Muitas tem sido as vozes que se pronunciam contra a opção do anterior Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, de alargamento do tabuleiro rodoviário da ponte de quatro para seis faixas.
O Prof. Edgar Cardoso considera que, por um lado, a sobrecarga na ponte com as duas novas rodovias irá inviabilizar qualquer solução ferroviária futura, que implicaria o reforço da estrutura (o que é o mais dispendioso do projecto) e, por outro, que para resolver a ligação entre margens um comboio tipo metropolitano daria 5 ou 10 vezes mais possibilidades de transporte do que duas rodovias, que, dentro de três anos, deixam de servir.
O Prof. José Manuel Viegas, técnico do Centro de Sistemas Urbanos e Regionais (CESUR) do Instituto Superior Técnico, considera muito pouco sensato avançar