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7 DE JUNHO DE 1990 2787

É claro que o Professor Cavaco Silva inaugura, mas eu não sou contra as inaugurações, sou contra o exagero, porque ele não inaugura só estradas, inaugura o projecto, a primeira pedra,...

Risos do PS.

o pau de fileira e, depois, quando começa a funcionar,...
É o exagero que eu condeno, porque, na verdade, a inauguração de uma grande obra... muito bem! Mas ele não inaugura só coisas grandes, inaugura também coisas ridículas. O que ele quer é aparecer na televisão! E isso, a meu ver, é que é o excesso que ninguém pode negar, nem mesmo ele! Nunca nenhum primeiro-ministro, por mais vaidoso, por mais que goste de votos, levou tão longe, nem se aproximou sequer, do impudor com que este primeiro-ministro preenche o espaço televisivo.

Aplausos do PS.

Devo dizer-lhe, com toda a sinceridade: a televisão transformou-se no tempo de antena do Primeiro-Ministro!

Vozes do PSD: - Não!...

O Orador: - E mais ainda, já que estamos em maré de sinceridade: o vosso partido, ou melhor, o Governo, transformou-se na comissão eleitoral do PSD! Estas afirmações têm de ser feitas!

Aplausos do PS, do PCP e do CDS.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - É o alter ego do Primeiro-Ministro!

O Orador: - Sr. Deputado, quando quiser ofender-me - o Duarte Lima sei que não quer, pode cair nisso por acaso - nunca diga que eu sou o alter ego do Primeiro-Ministro! Diga que sou o contra-ego!

Risos do PS, do PCP e do CDS.

O alter ego, não! Não é o meu modelo, não vejo nele o que ele vê na Sr.ª Tatcher! Também não consigo ver o que ele vê!...

Risos do PS, do PCP e do CDS.

Mas a verdade é que eu não vejo isso! Quanto às regiões, tem o Sr. Deputado inteira razão. Fui sempre contra as regiões, sou contra as regiões.

O Sr. Silva Marques (PSD): - O Sr. Deputado devia dizer isso mais vezes!

O Orador: - O meu partido sabe que sou contra as regiões, mas eu sei que o meu partido é a favor delas. E quando falo em nome do meu partido não tenho o direito de transportar para aqui as minhas opiniões pessoais, mas tenho de falar nas opiniões do meu partido.
Não há partido mais regionalista do que o meu! Eu sou frontalmente contra as regiões, sempre fui e sempre serei! Não há confusões sobre isso, de maneira que, desculpe, mas eu não tenho nada que corrigir na minha opinião pessoal nem a opinião do meu partido, quando eu a referi.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Agora, devo dizer uma coisa: há aqui uma mistificação. Eu digo isto aqui, com a comunicação social a ouvir-me!
Agora, pergunto-vos é se estão de acordo comigo ou se estão de acordo com o meu partido. Porque se estiverem de acordo comigo, já sabemos, tiramos daí o sentido. Não há regiões!... Acabou!... Não se fala mais nisso! Se estiverem de acordo com o meu partido, tem de as fazer e faze-las já, porque tem o apoio do meu partido para as fazer. Discutam se elas são verticais, se são horizontais, se são muitas, se são poucas e, se for preciso, faça-se sobre isso - não sobre a existência das regiões - um referendo! Está aí à porta a possibilidade disso!
Não andemos é a prometer aos eleitores regiões administrativas e depois, sistematicamente, quando apanhamos os votos correspondentes a essa promessa, não a pagamos e não fazemos as regiões. Com isso eu não concordo! Sou contra as regiões e sou contra as falsas promessas.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Não somos como o seu partido! Ao menos nós prometemos mas cumprimos!

O Orador: - Sr. Deputado Silva Marques, eu não vi «cheirinho a maoismo» algum! Ele é mesmo um grande líder, pode haver grande líder sem maoismo. Há na Europa tantos grandes líderes democráticos. Meu Deus!... Por que é que vamos agora invocar Mao a propósito do qualificativo de grande líder? Querem vocês o exclusivo quando consideram o vosso um génio?! Bom..., deixem-nos também partilhar do qualificativo!
Quanto à questão de Estado, quanto à polícia nas ruas por causa dos tractores, Sr. Deputado, eu não disse que não devem vir os tractores para a rua! Desejei que não se criasse a situação ou que se evitasse a situação que pode pôr os tractores na rua.
Repare que o De Gaulle era o De Gaulle, a França era a França, a agricultura da França era a agricultura da França e os tractores vieram para a rua. E aqui já tivemos um cheirinho, uma amostra, a fruta já trouxe os tractores para a rua em Rio Maior e já avançaram sobre o Ministério da Agricultura, tendo os polícias que interferir. Normal intervenção, o mau é que se criem situações que fazem vir os tractores para a rua, e eu não estou a ver alguma medida de prevenção dessa situação, que podia ter sido feita, que ainda pode, de algum modo, ser feita! Não vos vejo virados para aí!
O que os senhores querem é acabar com a reforma agrária. Pois acabem com ela, mas então façam outra, porque estarem as coisas como elas estão é que não!
Disse que o Dr. Mário Soares não hesitou em chamar a polícia. Claro que não! Todos concordamos que, quando há alterações da ordem, se chama a polícia, como é óbvio! Não há problema algum, e se for preciso chamá-la, chama-se! Mas não se crie a necessidade disso.
O Sr. Deputado disse que falei sobretudo do meu governo. Meu Deus!... O que eu para aí citei de estatísticas do vosso... Os senhores passaram por cima das estatísticas como água em cima de pena de pato, foi como se eu não tivesse mostrado estatísticas altamente acusatórias de resultados dos vossos...

O Sr. Duarte Lima CPSD): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?