O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2788 I SÉRIE - NÚMERO 83

O Orador: - Com certeza, Sr. Deputado.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Deputado, eu só queria dizer a V. Ex.ª que a essa questão das estatísticas já lhe respondemos mais de 20 vezes! Agora, hoje, V. Ex.ª disse que vinha falar do seu congresso e do programa de governo saído do seu congresso!

Vozes do PS: - Ah!...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Ah, não! Era uma declaração sobre o congresso!

O Orador: - Sr. Deputado, antigamente, na Assembleia Nacional, é que havia pré-avisos. Entre nós não há pré-avisos. Daí que eu não tenha avisado ninguém do que ia falar e o Sr. Deputado deveria estar preparado para aquilo que eu dissesse. Lamento que o não possa fazer de improviso, mas às vezes o improviso é necessário.

Risos do PS.

O Sr. Deputado disse que o PSD deu a cara e que o PS hoje esconde a sua. Sr. Deputado, se alguém neste país deu a cara em momentos em que VV. Ex.ªs estavam de cara tapada fomos nós.

Aplausos do PS.

Vozes do PSD: - Oh!, Oh!...

O Orador: - Peço muita desculpa, mas essa não! O pico da coragem é nosso! O pico da determinação é nosso! Vocês lá vieram puxados pela arreata... Dar a cara é uma coisa, fingir que se dá é outra!

Aplausos do PS.

Por outro lado, o Sr. Deputado disse que os valores do socialismo democrático estavam feitos em cacos...

O Sr. Silva Marques (PSD): - E estão!

O Orador: - Mas onde, Sr. Deputado? Então o socialismo democrático europeu está em cacos? Muito pelo contrário! Foram as consequências socialmente injustas do vosso liberalismo que criaram a necessidade do colectivismo!

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Almeida Santos, peco-lhe que conclua.

O Orador: - Sr. Presidente, peço-lhe, pois, que me seja atribuído o mesmo tempo de que desfrutaram a mais outros Srs. Deputados, porque assim equilibramos as contas.
Como estava a dizer, Sr. Deputado, foram as consequências do vosso neoliberalismo que criaram disfunções sociais, as mais graves sobretudo na Inglaterra da época vitoriana, que encomendou a receita dos colectivismos soviéticos, que deram naquilo que deram! Portanto, Sr. Deputado, não queira encomendar novos neoliberalismos, porque o que nós queremos - e já disse isso claramente - é o seguinte: mercado, livre concorrência, produção, distribuição e justiça social. É esse o qualificativo de socialismo da nossa democracia. Não no-lo tirem, porque nós não deixamos!...

O Sr. António Guterres (PS): - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado disse ainda que o socialismo não é democratizável. Meu Deus! Então não há democracia nos socialismos europeus!? Então qual é a plataforma em que se inscrevem os socialismos europeus?
Referiu também o facto de não falarmos em Nação. Falamos em República ...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Nem sequer nisso!

O Orador: - Sr. Deputado Silva Marques, vou dar-lhe a seguinte novidade: a Constituição nunca fala em Nação, porque optou por substituir a palavra «Nação» pela palavra «República». Ora, nós somos pela Constituição e é por aí que vamos!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Mas V. Ex.ª não falou numa coisa nem noutra!

O Orador: - V. Ex.ª foi muito cruel e injusto para consigo próprio. No entanto, eu absolvo-o e defendo-o, como advogado que sou. V. Ex.ª sabe o que é a equidade?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sei, sei!

O Orador: - Tem que saber! O senhor sabe o que é a afectividade?

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sei, sei!

O Orador: - O Sr. Deputado Silva Marques sabe essas duas coisas e não pode pretender que não sabe. Tenha paciência, mas não deixo que V. Ex.ª faça a si próprio acusação tão grave!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado Pacheco Pereira disse que eu estive mais silencioso do que aquilo que falei. Meu Deus, falei de tanta coisa! V. Ex.ª é que não disse nada sobre aquilo de que eu falei.

Risos do PS.

De facto, acusei o Sr. Primeiro-Ministro Cavaco Silva e V. Ex.ª nem sequer se constituiu seu advogado; engoliu e até parece que o que eu disse é tudo merecido.
Se calhar exagerei, mas, como alguém disse - não me recordo de quem foi, é a tal senilidade, a memória já falha -, «contra o excesso é legítimo o excesso», isto é, só há um caso em que o excesso é legítimo, é contra o excesso. VV. Ex.ªs exageram e o que é que nós havemos de fazer a não ser exagerar também?!
Na realidade, o Sr. Primeiro-Ministro anda em campanha eleitoral de manhã à noite. Como é que nós não havemos também de exagerar na crítica desse facto?! Desculpar-me-ão, mas tinha de ser!
Disse ainda que me tinha sido difícil falar do balanço do congresso. Ora, não sei porquê! Achei que aquele resumo era o que tinha de fazer, fi-lo e não tinha de dizer mais nada.