O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7 DE JUNHO DE 1990 2791

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Ora! Ora!

O Orador: - Sr. Deputado Narana Coissoró, tenha a bondade de não se meter naquilo que não deve!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Eu meto-me naquilo que posso!

O Orador: - Mas sobre este assunto V. Ex.ª não pode!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Posso, sim! Faço os apartes que quiser!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço-lhes um pouco mais de calma, para melhor esclarecermos esta questão.
Faça favor de continuar, Sr. Deputado Montalvão Machado.

O Orador: - Sr. Presidente, como estava a dizer, na medida em que ainda não tinha sido anunciada a inscrição do Sr. Deputado António Guterres feita por telefone, registou-se na bancada do PSD uma reclamação, que não teve, não tem, nem nunca terá nada de desrespeitoso para com V. Ex.ª nem para com os membros da Mesa.
Posto isto, Sr. Presidente, gostaria agora de exercer o direito de defesa da honra e consideração da minha bancada em relação a uma afirmação feita pelo Sr. Deputado e meu querido amigo Dr. Almeida Santos. Disse o Sr. Deputado que o PS esteve no pico da onda pela defesa da democracia e que nós fomos a reboque.
A memória é curta, Sr. Deputado! A memória é, de facto, muito curta! Se realmente V. Ex.ª tivesse memória e os seus camaradas de bancada, que viveram horas grandes deste país, a tivessem também, saberiam que antes da vossa grande manifestação na Alameda...

O Sr. Silva Marques (PSD): - Exacto!

O Orador: -... houve no Porto, 15 dias antes, a marcha sobre o RASPE (Regimento de Artilharia da Serra do Pilar), organizada por nós, com cerca de uma centena de milhar de pessoas, onde fomos recebidos com tanques e metralhadoras e com dezenas de feridos.

Aplausos do PSD.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, também peço a palavra ao abrigo do direito de defesa da honra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Almeida Santos, uma vez que o Sr. Deputado Silva Marques também pretende exercer o direito de defesa da honra e consideração da sua bancada, V. Ex.ª deseja responder já ou no fim?

O Sr. Almeida Santos (PS): - No fim, Sr. Presidente!

O Sr. Presidente: - Tem, pois, a palavra, Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, é um facto que antes de o PS ter arrancado para a luta contra o gonçalvismo já nós tínhamos começado.

Vozes do PSD: - É verdade!

O Orador: - Só que, enquanto os senhores não o fizeram, tentaram escorraçar-nos, evitar-nos e, mais, opunham-se a que aderíssemos às vossas iniciativas!... Sou testemunha ocular de tudo isso, Sr. Deputado!

O Sr. José Lello (PS): - Vocês eram da União Nacional!

O Orador: - Enquanto o PS teve a inglória ilusão de que também ia instaurar em Portugal o tal socialismo democrático, isto é, o socialismo sobreposto à democracia e que o PCP ia colaborar passivamente com isso, os senhores escorraçaram-nos! Foi depois de o PCP começar a agredir-vos que os senhores resolveram constituir a barricada de todos os democratas contra o gonçalvismo. Foi, pois, nessa altura que nos integrámos com todo o entusiasmo. Mas o que estou a dizer são factos indesmentíveis aos quais todos nós, facilmente, assistimos, pelo menos aqueles que não têm menos de 15 anos!...

O Sr. Raúl Rego (PS): Nem todos nele participaram!

O Orador: - Sr. Deputado, ainda bem que o Sr. Deputado não decidiu nesse momento quem devia ou não participar, porque, se calhar, a Fonte Luminosa teria tido muito menos gente. Essa é uma grande questão!

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

O Sr. Raúl Rego (PS): - Alguns do vosso partido eram da União Nacional?

O Orador: - Sr. Deputado, se alguns do meu partido eram da União Nacional não há qualquer inconveniente, porque alguns de vós eram responsáveis nacionais da ditadura, membros integrantes do governo da ditadura!

Aplausos do PSD.

Por isso, Srs. Deputados, deixemos o passado, não para o esquecer, mas para não estarmos agarrados a ele. Discutamos o presente!
Sr. Deputado Almeida Santos, desafio-o - e foi por isso que pedi para exercer a defesa da consideração, porque o debate politico é também um debate intelectual, e responder ao debate intelectual frontalmente colocado, penso, é um acto de consideração! - a dizer-me onde é que, na Europa, o socialismo democrático está neste momento no Poder. Não está na Alemanha, onde - e V. Ex.ª sabe muito bem - é um partido assumido como social-democrata desde sempre; não está, nem sequer como grande partido da oposição, na Inglaterra, porque é um partido trabalhista. Sr. Deputado, o socialismo democrático existiu na França, chegou ao Poder enquanto tal, perdeu as eleições e regressou ao Poder dirigido por um homem, que foi o símbolo da sua social-democratização, chamado Roccard.
O Sr. Deputado sabe muito bem que, inclusivamente sobre a questão da lei eleitoral, Roccard demitiu-se...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, a Mesa chama a atenção para que exerça, de facto, a defesa da honra da sua bancada e não divague!