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7 DE JUNHO DE 1990 2783

sionais. Será que isto quer dizer que vão alargar a vossa comissão nacional para 1500 pessoas, a fim de incluir todos os delegados ao congresso?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, a sua intervenção tem mais silêncios do que falas. Começa por ter uma introdução onde nos diz que vai falar do «grande congresso», do «grande partido», do «grande líder». Porém, posteriormente, na sua intervenção não fala do grande congresso, do grande partido nem muito menos do grande líder. Ou seja, a segunda parte da sua intervenção é a repetição do discurso que o Sr. Deputado faz aqui - honra lhe seja feita - desde 1977, como se o mundo não mudasse à sua volta!...

O Sr. Duarte Lima (PSD): Daria um grande primeiro-ministro!

O Orador: - Compreendo que assim seja, porque é muito difícil falar do balanço do congresso do PS, e o Sr. Deputado sabe-o melhor do que eu, porque o problema que o PS tinha neste congresso era o seguinte: dá-se de barato que numa democracia é necessário haver alternância e o PS tem vindo a crescer eleitoralmente, nomeadamente nas eleições autárquicas. Portanto, dá-se de barato, é credível, que o PS possa contestar o Governo e o PSD - aliás, é isso que explica o sucesso do «grande líder», nada mais! Não é o que ele diz, porque ele não diz praticamente nada!
Mas quando se chega a esta altura as pessoas esperavam outra coisa do congresso do PS, isto é, esperavam que o PS dissesse como vai governar. Por isso, a questão essencial do congresso do PS era o seu tão decantado programa de governo, e sobre isso o Sr. Deputado Almeida Santos não disse uma linha, porque não pode dizer, pois sabe tão bem como eu que aquele programa não é um programa.
Os meus colegas já disseram que até algumas das frases constantes do vosso programa poderiam ter sido escritas pelo almirante Américo Tomás. Refiro-me, nomeadamente, a estas: «Portugal não é um país pobre, mas também não é um país rico!»; «Nós somos contra a rotina, mas também consideramos o direito a mante-la!»; «Nós pensamos que a carga fiscal é pesada, mas é bom que se mantenha a mesma, porque o País precisa dessa carga fiscal para o desenvolvimento!»; «Nós queremos andar depressa no caminho da Europa, mas é preciso ter cuidado com as perversões desse caminho!»...
Estas são frases que, rigorosamente, não dizem o, que quer que seja a ninguém, como, aliás, acontece com o Dr. Jorge Sampaio - por quem tenho muito respeito -, que diz nada sobre coisa alguma.
Há um episódio que eu gostaria de citar. Camilo Castelo Branco escreveu uma carta a um seu adversário dizendo: «Informo V. Ex.ª de que comi os seus miolos ao pequeno-almoço e que me encontro em jejum natural.»

Risos do PSD.

Ora isto é um pouco a sensação que temos ao ler o programa do PS, ao ouvir o que diz o Dr. Jorge Sampaio.
Mas o Dr. Almeida Santos, como é um homem de governo, ...

O Sr. Almeida Santos (PS): - Fui, fui!

O Orador: - ... com experiência governativa, fala-nos daquilo que o Governo, do seu ponto de vista, fez mal, dizendo: «Se eu lá estivesse faria melhor!» Mas, infelizmente, não chega dizer mal! E o discurso do Dr. Almeida Santos plana sobre a realidade como o PS planará sobre os resultados eleitorais de 1991, ou seja, nada nos diz sobre aquilo que o governo do PS vai fazer.
O PS diz que não há reformas estruturais, e eu pergunto-lhe: Sr. Deputado, qual é a única reforma que circula hoje no conhecimento político que tem o nome do PS ou que o PS propõe para a sociedade portuguesa? Qual a ideia nova? Qual a solução que o eleitorado em 1991...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo está a terminar.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, qual a solução que o eleitorado em 1991 sabe que o PS vai implementar? Não sabe! Apenas sabe que vai haver mais transparência, mais cooperação, mais integração, mais debate, que é a solução universalista do PS para todos os problemas, mas não conhece uma única solução concreta que o PS trará para o País depois de 1991.
Finalmente, Sr. Deputado, gostaria de dizer-lhe que não se ganham eleições com nuances, dizendo mais ou que os outros, pressupostamente, fazem menos. Efectivamente, começa a notar-se no discurso do PS uma euforia que, devo dizer com autocrítica, reconheço ter sido a nossa nos primeiros meses depois das eleições de 1987. Contudo, a este propósito gostaria de lembrar-lhe uma frase do Presidente, não daquele que o Sr. Deputado Almeida Santos está a pensar, mas, sim, do Presidente Lincoln, que dizia que a galinha era o animal mais inteligente da Terra, pois só cantava depois de pôr o ovo. Esperemos, pois, pela altura de o PS pôr o ovo!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Sr. Deputado Almeida Santos, em nome do Grupo Parlamentar do PCP - e é nesse sentido que faço este pedido de esclarecimento -, quero, em primeiro lugar, saudar o PS, pois um congresso de um partido democrático deve merecer desta Assembleia da República a devida atenção e respeito, tendo em conta a influência que o PS tem na sociedade portuguesa.
Neste sentido, creio que é importante saudar a nova direcção do PS, mas ao mesmo tempo que subscrevemos a análise que fez em relação à política desencadeada pelo Governo no plano social e económico, gostaríamos de registar as próprias omissões e responsabilidades do PS, particularmente na revisão constitucional, quando se debateu o problema das privatizações, dos leilões, da venda ao desbarato das empresas nacionalizadas...
Fundamentalmente, aquilo que gostaríamos de dizer neste pedido de esclarecimento é o seguinte: nesta Casa - aliás, tivemos aqui dois exemplos concretos disso-,