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2782 I SÉRIE - NÚMERO 83

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, já passou dos seis minutos.
Aproveito para explicar que, no início, o relógio contou 1,9 minutos ao Governo, em vez de o descontar ao PSD. Desta forma, o Sr. Deputado já vai em seis minutos e tal...

O Orador: - Peço desculpa, Sr. Presidente.
Termino pedindo ao Sr. Deputado Almeida Santos que nos diga o que tem, porque, até agora, o que podemos dizer de VV. Ex.ªs e do líder do seu partido é que ele está sem nada para dar, ou, como dizia Irene Lisboa, «com uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma!»

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, o meu colega Duarte Lima é de uma grande generosidade para o «grande líder». Aliás, foi a melhor novidade desta sessão esse «cheirinho a maoismo», que, embora tarde, fica sempre bem numa cura de rejuvenescimento. O grande timoneiro, afinal, só inaugura mercados - e eu julgo que nem sequer inaugura muitos mercados- ele, sobretudo, como o Sr. Deputado com certeza sabe melhor do que eu, uma das grandes operações que encetou, e para o efeito contratou imediatamente a necessária «massa cinzenta», asséptica, sem dúvida, foi atacar a praga dos pombos e das gaivotas de Lisboa.

Risos do PSD.

Mas não quero insistir nessa questão camarária. Quero apenas, antes de fazer algumas perguntas, tratar, se me permite, de uma questão de Estado entre mim e o Sr. Deputado, porque, julgo, devemos constituir alguns pontos de acordo de regime e de Estado entre nós.
O Sr. Deputado disse que amanhã, eventualmente, haveria polícia na rua por causa dos tractores. Sr. Deputado, não rompa as grandes questões de Estado que nos devem unir! Isso significa, Sr. Deputado, que, perante acções de violação da lei e da ordem pública, o poder instituído na democracia portuguesa não deve agir?
Sr. Deputado, Mário Soares, enquanto foi primeiro-ministro, não hesitou em chamar a polícia nos momentos necessários para meter na ordem os desordeiros e nós - eu particularmente e decerto o Sr. Deputado, que pertencia ao seu governo - sempre o apoiámos. Seria uma grande tristeza que nós, democratas, nos dividíssemos sobre questões fulcrais de Estado.

spero que ao responder-me, se me der essa honra, reconheça que teve um lapso de sectarismo inaceitável.
O outro aspecto que quero focar é o caso do vosso congresso. O Sr. Deputado falou do congresso, não falou? Era difícil falar!... Já outros colegas meus mostraram bem como é difícil falar do congresso do PS. O Sr. Deputado falou sobretudo - e é compreensível - do seu governo, do governo a que o Sr. Deputado pertenceu e daquilo que os senhores tentaram fazer. Explicitou aquilo que foram as vossas ânsias, os vossos objectivos.
Devo dizer-lhe, com toda a frontalidade e franqueza, que, comparando o actual PS com o vosso, este último era mil vezes melhor, primeiro porque era mais claro, segundo porque era mais frontal e terceiro - ou, se quiserem, primeiro - porque deu a cara, no sentido total da palavra, inclusivamente, ao assumir as suas obrigações face ao Estado democrático, sem medo, sem tergiversar, enquanto o PS de hoje esconde a cara. Aliás, já aqui disse que o PS de hoje enterrou a cabeça na areia perante o furacão das novas ideias para ver se lhes escapa!
Vou dizer-lhe por que razão é que o PS de hoje tem a cabeça enterrada na areia ou, se quiser, como é que o PS de hoje, face à vacuidade das suas próprias ideias, enterrou a cabeça na vertigem do verbalismo desbragado.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, só tem mais cerca de um minuto.

O Orador: - Vou terminar, com a anuência do Sr. Presidente.
O meu partido já disse que o vosso programa é um amontoado de banalidades, mas, muito pior do que isso - e dei-me ao trabalho de lê-lo-, é ainda um monte de banalidades desconexas e absurdas. E pior: se alguma coisa de substancial existe subjacente a esse monte, a esse magma de banalidades, é o retomo a todos os mitos e tabus do mais arcaico dos arcaicos dos socialismos democráticos.
Vou demonstrar-lhe porquê: na introdução, parte nobre, porta grande, onde são apresentadas as linhas fundamentais daquilo que se propõe ao leitor, diz-se que «(...) os últimos acontecimentos vieram demonstrar como são actuais os valores do socialismo democrático».
Ora, Sr. Deputado, os últimos acontecimentos vieram demonstrar como o socialismo não pode ser democrático nem democratizável enquanto modelo de sociedade.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, terminou o seu tempo.

O Orador: - Assim sendo, os senhores estão a regressar a um dos tabus e dos mitos, que hoje estão feitos em cacos, do socialismo antigo e arcaico. É que o socialismo, enquanto modelo de sociedade, não é democratizável. Esta é uma grande questão!
Em segundo lugar, os senhores não falam uma única vez na vossa introdução da palavra «Nação», pois para os senhores ainda hoje não existe a Nação, como nunca existiu para os comunistas, em nome da luta internacional de classes, e para os senhores em nome da luta nacional e internacional entre os homens das luzes e os homens das trevas.
Finalmente, Sr. Deputado, os senhores dizem que «vão avançar para a equidade» - que eu não sei o que é! -, «que vão criar condições para o desenvolvimento físico e afectivo»...

Risos do PSD.

Ora, quanto a este aspecto, penso que entre a linguagem do gonçalvismo e este vosso programa falta apenas a expressão «já», isto é, avançar «já» para a afectividade, avançar «já» para a equidade. E, finalmente, os senhores dizem...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, está a ultrapassar em muito o tempo de que dispunha; já usou seis minutos.

O Orador: - Termino já, Sr. Presidente.
Finalmente, os senhores dizem que vão fazer que cada indivíduo possa realizar as suas opções políticas e profis-