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328 I SÉRIE -NÚMERO 12

feito era ter acelerado as suas iniciativas, por forma que a sua proposta de lei pudesse ser considerada com os projectos de lei que aqui estiveram em apreciação através do exercício de direito de marcação feito por um partido da oposição, na Assembleia da República. Por isso, a noticia que nos deu não é, institucionalmente, uma boa notícia.
Quanto à substância, diga-nos concretamente, Sr. Deputado Carlos Coelho, qual vai ser, doravante, o tempo do serviço militar obrigatório, qual vai ser o tempo do serviço militar obrigatório para a maioria dos jovens portugueses que o cumprem. Diga-nos qual será, exactamente; diga-nos qual é, concretamente.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, está ainda inscrito, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Apolinário, o que pode fazer no tempo global do seu partido. A resposta será dada no tempo remanescente e, se o exceder, passará para o tempo global.
Sr. Deputado Carlos Coelho, deseja responder já ou no final dos pedidos de esclarecimento?

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Respondo no final, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra o Sr. Deputado José Apolinário.

O Sr. José Apolinário (PS): - Em primeiro lugar, quero agradecer a condescendência do Sr. Presidente da Mesa.
Sr. Deputado Carlos Coelho, pretendo, muito rapidamente, dar conta de alguma preocupação com a questão relacionada com o Encontro Nacional de Juventude. Julgo que, a este respeito, se criaram duas posições radicais.
A organização de juventude de que faço parte, ou seja, a Juventude Socialista, teve ocasião, em Junho passado, de alertar para os problemas organizativos que estavam a pôr em causa o envolvimento mais geral das organizações nacionais de juventude nesse Encontro, mas a minha única mensagem, aqui e agora, é de preocupação.
Julgo que quer a partidarização organizativa do Encontro do Alvor quer a partidarização da intervenção que o Sr. Deputado acabou de formular são um mau augúrio para o futuro do movimento associativo da juventude e poderá ser uma «machadada» naquilo por que ambos lutámos no Conselho Nacional de Juventude, isto é, por um conselho nacional de juventude protagonista, plural, com associações nacionais e associações regionais e locais de juventude. Temo que a intervenção do Sr. Deputado venha abrir ainda mais o fosso entre um conjunto de organizações nacionais e as organizações regionais e locais de juventude, que não são só a JCP ou a INTERJOVEM, como o Sr. Deputado, talvez incorrectamente, colocou.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Mas são também!...

O Orador: - Julgo que estamos de acordo no essencial, mas que estamos em desacordo no conjuntural.
No entanto, a questão essencial que gostava de colocar-lhe é a seguinte: o Sr. Deputado ouviu, tal como eu, o Sr. Secretário de Estado da Juventude, na Comissão Parlamentar de Juventude, dizer. «Sobre o serviço militar, não sei. É um assunto do Ministro da Defesa.» Nós até já estávamos a ficar preocupados!... E estávamos a ficar preocupados porque o Governo não tinha «pedalada» para acompanhar a iniciativa do PS, que apresentou aqui, atempadamente, um projecto de lei para redução do tempo do serviço militar obrigatório.
Ficamos a aguardar para ver, esperando que os jovens sociais-democratas, entre os quais se conta o Sr. Deputado Carlos Coelho, sejam coerentes para que, de facto, em 1991, os jovens portugueses possam cumprir quatro meses de serviço militar obrigatório, de acordo com a proposta do seu partido.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Coelho.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Começo por agradecer ao Sr. Deputado Carlos Brito a gentileza das perguntas.
O Sr. Deputado disse-me que o PCP daria, em altura própria, a resposta à intervenção que eu produzi, mas, talvez mais expressivo do que o próprio PCP, seria o IV Encontro Nacional de Juventude. Não queria fazer a graça de perguntar se o Sr. Deputado Carlos Brito já conhece, de antemão, as conclusões desse encontro, se é que já estão redigidas, antes mesmo de ele se iniciar.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Uma natural confiança na juventude leva-me a pensar assim, o que fica bem numa pessoa de cabelos brancos como eu!

Vozes do PSD: - O senhor é um jovem!...

O Orador: - Como o Sr. Deputado Carlos Brito deve calcular, também confio muito na juventude portuguesa, mas agora socorro-me da expressão utilizada pelo Sr. Deputado José Apolinário, de que estas coisas devem ser organizadas de forma plural, não por uma juventude que seja enquistada, marginalizada, controlada por um determinado sector de pensamento, seja ele qual for, mas pela realidade mais autêntica da expressão da juventude portuguesa. O que está em causa neste encontro é exactamente essa matéria.
O Sr. Deputado Carlos Brito dizia-me, aliás a propósito - no sentido paralelo aquele que depois o Sr. Deputado José Apolinário veio corroborar -, que a minha intervenção tinha sido, de certa forma, sectária, porque pior do que alguns sectarismos são os sectarismos interpretativos. O Sr. Deputado José Apolinário também disse que o que estava a acontecer com o Encontro Nacional de Juventude era tão mau quanto a minha intervenção. Mas, Srs. Deputados, há aqui um grande equívoco, pois não tentei ser sectário.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Velhote só!...

O Orador: - O que se passa é o seguinte: das 18 organizações nacionais, que integram o Conselho Nacional de Juventude, só duas - a JCP e a Intersindical - estão dispostas a participar no Encontro.

O Sr. Silva Marques (PSD): - É deplorável!

O Orador: - Não sou eu o sectário, Srs. Deputados. Sectário é quem não aceitou o entendimento maioritário no Conselho Nacional de Juventude e tentou dar legitimidade, através da sua participação, a um encontro que, à partida, está «manchado».