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22 DE NOVEMBRO DE 1990 513

entre o que está escrito nas GOP e a sua tradução macroeconómica é nula!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - As GOP são música celestial que pode enganar impávidos, mas não engana pessoas sérias, inteligentes e capazes de as interpretar! Assim, Sr. Deputado Angelo Correia, devo lembrar-lhe, aliás, quanto a estas questões da social-democracia na gaveta, que a social-democracia do PSD não está na gaveta porque não está em sítio nenhum, Sr. Deputado!

Aplausos do PS.

A social-democracia do PSD, a ver pelo juízo criterioso dos partidos da nossa Europa da Comunidade Económica, não está em sítio nenhum! O PSD é um partido liberal, Sr. Deputado!

O Sr. Manuel Monteiro (PSD): - Não é!

O Orador: - O PSD não é um partido social-democrata. Não tem a social-democracia na gaveta, esfumou-se! Sr. Deputado Ângelo Correia, deixe-se desse tipo de intervenções! Aliás, a sua intervenção, na parte final, teve um sabor estranha Foi um misto de panegírico e de epitáfio. É certo, ela é, de facto, sobretudo, um epitáfio, pois este é o último Orçamento do Estado do governo de Cavaco Silva.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para dar esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Angelo Correia.

O Sr. Angelo Correia (PSD): - Eu estranhei bastante a questão que o Sr. Deputado Alberto Martins me colocou. É óbvio que não tenho, nem quero ter, juízo em mataria de elegância. Aliás, é impossível!

Risos do PSD.

Não quero ser formulador de juízos em termos éticos! Eu apenas fiz uma coisa muito simples, que foi constatar que, num debate final -que é o último antes das eleições- sobre o Orçamento do Estado e as GOP, a bancada do PSD está e como está e a bancada de V. Ex.ª está como está! Que o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro estão como estão e o líder do PS está como está!
Mais: fiquei perplexo quando V. Ex.ª me acusou de perturbação, de erro, de ofensa e de irresponsabilidade por ter dito que o Dr. Jorge Sampaio é líder da oposição!
V. Ex.ª, afinal, critica-me profundamente por eu ter afirmado que ele é um líder da oposição. E não é? Será que, no Partido Socialista, nem VV. Ex.ªs reconhecem essa capacidade ao Dr. Jorge Sampaio? Então, estou a afirmar uma coisa que realça o papel do Dr. Jorge Sampaio e V. Ex.ª critica-me por eu dizer que ele é o líder da oposição?! Meu Deus, onde é que nós estamos!...

Risos do PSD.

Em segundo lugar, quando V. Ex.ª diz «o povo não liga às Grandes Opções», perdoar-me-á mas vejo que decide em nome do povo, que julga em nome do povo. E perdoar-me-á também a nossa humildade de não julgarmos o povo, mas, apenas, de aceitarmos os seus veredictos, as suas opiniões, e, sobretudo, de querermos dialogar com o povo numa base de ideias.
As Grandes Opções do Plano são ideias, são questões a trazer aos Portugueses e nós gostamos de tratar os portugueses como adultos, como pessoas que conhecem e sabedoras tanto ou mais do que nós.
Esta Casa é o sítio onde dialogamos com a Nação. Se V. Ex.ª nos vem dizer que o povo não está interessado nessas coisas, está a passar um atestado de subalternidade cultural aos Portugueses.

Aplausos do PSD.

V. Ex.ª está a colocar-se numa posição vanguardista, interpretativa a outrance e maximalista do critério popular. Nós, mais humildemente, apenas queremos reflectir o critério popular.
Mas o mais interessante, e como última questão, é a expressão de V. Ex.ª usou: «Não fale muito, Sr. Deputado, na social-democracia, não abuse, porque lá fora não são reconhecidos como tal.» Ora, não é essa a nossa intenção, nunca quisemos ser julgados no estrangeiro, queremos ser julgados em Portugal, cá dentro e pelos Portugueses!

Aplausos do PSD.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Você nem as pensa!

O Orador: - Sr. Dr. Alberto Martins, V. Ex.ª perdoar-me-á, mas pergunto: de que lhe vale a si ser julgado lá fora como socialista lídimo, democrático, como tudo isso, todos os títulos excelsos que VV. Ex.ªs queiram?! Nós aceitámo-los todos, mas que valor tem para V. Ex.ª o facto de ser julgado lá fora se o povo, cá dentro, o não julga como tal?!...

Aplausos do PSD.

Entretanto, assumiu a presidência o Sr. Vice-Presidente Mota Nunes de Almeida.

O Sr. Marta Soares (PSD): - Peço a palavra para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Marta Soares, se vai interpelar a Mesa, solicito-lhe que diga qual a dúvida que tem sobre a decisão da Mesa ou a orientação dos trabalhos.

O Sr. Marta Soares (PSD): - Sr. Presidente, já há muito tempo que tenho ouvido nesta Camará...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, a sua interpelação é sobro a orientação dos trabalhos?

O Sr. Marta Soares (PSD): - Sim, Sr. Presidente. Na verdade, preciso de ser esclarecido.
Como se sabe, sou presidente de uma câmara e, efectivamente, estou aqui há muitos anos. Vêem-me aqui todos os dias, mas o PS. frequentemente, chama à atenção e à colação o facto de o Sr. Presidente da Câmara de Lisboa, que foi eleito exactamente da mesma forma que eu fui, apenas com a diferença da dimensão das duas autarquias, mas a eleição processou-se nos mesmo métodos e nas mesmas formas, não poder estar presente.
Penso que posso estar aqui e sinto que o estou legalmente. Só que, normalmente, é dito pelo Partido Sócia-