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15 DE MARÇO DE 1991 1739

de falar livremente sobre vós mesmos. E quem não é capaz de começar por Talar livremente de si muito menos é capaz de o fazer sobre o País.
Os senhores não têm andado a falar livremente, tem andado a falar acorrentados pelos vossos meros intuitos de guerrilha política e de conquista do poder, espezinhando todos os valores que deviam respeitar.

Aplausos do PSD.

Demonstro o que disse ao Sr. Deputado Alberto Martins e aos outros deputados socialistas, mas nem todos: temos um sistema político fundado numa determinada lógica - discutível, mas enquanto não for alterada e essa -, que, como sabe, diversas correntes políticas tem discutido e a minha, para além de a discutir, tentou alterá-la num determinado sentido que o Sr. Deputado acabou de preconizar; no entanto, os senhores, por um lado, não aceitam a alteração desse sistema e, por outro, não aceitam, coerente e frontalmente, a lógica do sistema político actual.
Aliás, não é só o Sr. Deputado que, se o sistema político fosse outro, não estaria aqui, porque chegou cá graças a manobras de aparelho dentro do seu partido, pois, de outra forma, estava muito longe de estar aqui.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Sim, Srs. Deputados! Sei que os senhores não tom liberdade para falar de vós mesmos, mas vivemos em democracia e jamais conseguirão que os sociais-democratas não falem livremente de si mesmos e, por maioria de razão, dos senhores e do país inteiro.
O Sr. Deputado Alberto Martins e alguns dos que estão aí nessa bancada, se não fosse o sistema político actual, não estavam cá, porque chegaram aqui graças à manobra de aparelhos partidários.

O Sr. Rui Vieira (PS): - Como 6 que o senhor chegou aqui?!

O Orador: - Em segundo lugar, alguns dos deputados que aqui estão e que se permitem o desplante de, hoje e aqui, nos darem pequenas lições de moral e de ética já teriam desaparecido se, por acaso, respeitassem a legitimidade do mandato popular que aqui os trouxe. Refiro-me aos deputados que aqui vieram, em nome da fidelidade ao partido por que foram eleitos, romperam com o partido, aliás, na base de um falatório inconsequente, e, no entanto, aqui continuaram, quando o elementar pudor os levaria a desandarem daqui.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Srs. Deputados, quem tem medo da liberdade? Quem tem medo de falar livremente? Quem tem medo de si próprio? Nós não lemos e assumimo-nos tal como somos face ao povo português. Nós não só queremos que o povo nos conheça, como nós próprios nos queremos revelar na nossa autêntica...

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, agradecia que terminasse, porque já ultrapassou o tempo de que dispunha.

O Orador: - Nós não temos medo de ninguém e muito menos das vossas atoardas e dos vossos ataques mesquinhos!
Mas não queria acabar a minha intervenção, Srs. Deputados Socialistas, sem dizer o seguinte: os senhores pedem mais aos outros do que aquilo que pedem a vós mesmos.

O Sr. Raul Rego (PS): - Isso é ordinário!

Tenha vergonha!

O Orador: - Não é ordinário, não! É verdadeiro. Sr. Deputado! O senhor confunde incomodidade com outras coisas. E, quanto a incomodidades, contem connosco, porque nós incomodamos, mas, sobretudo, incomodamo-nos a nós mesmos, porque sabemos, Sr. Deputado, que o sistema político actual ajuda muito os partidos a acomodarem-se, graças à protecção do monopólio político que tem. Sabemos que é incomodando-nos a nós mesmos que estamos em condições de mudar Portugal, de o fazer mexer e de não desistir de construir um futuro.
Não queria terminar, Srs. Deputados, apenas com afirmações gerais, mas queria perguntar-vos se, depois de os senhores terem feito um combate, durante dois anos, e hoje mesmo, achincalhando o Parlamento, perseguindo pessoalmente, para efeitos de guerrilha política, certos companheiros meus, não estão incomodados pelo facto de a Câmara de Lisboa contratar a sua publicidade a uma empresa cujos sócios não são apenas socialistas, mas, sim, militantes da campanha de Jorge Sampaio?! Os senhores não estão incomodados?!
Srs. Deputados, não acrescento mais factos, mas é com factos que nós trabalhamos.

Aplausos do PSD.

Se os senhores não estão incomodados, nós estamos, para bem de Portugal.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para dar explicações, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Alberto Martins.

O Sr. Alberto Martins (PS): - Sr. Deputado José Silva Marques, V. Ex.ª acaba de fazer uma intervenção que não é séria, é nervosa e apopléctica,...

O Sr. Domingos Duarte Lima (PSD): - Tenha vergonha!

O Orador: -... e por isso o meu camarada Raul Rêgo, que foi um homem que lutou contra todas as censuras, tem lodo o direito de se revelar contra a indignidade da sua declaração.

Aplausos do PS.

A Câmara Municipal de Lisboa tem disponibilidade para, com toda a transparência, permitir que todas as suas contas, todos os seus actos sejam expostos à apreciação pública de quem quer que seja.
Outro tanto não tem sido feito pelos senhores em outras ocasiões.

Aplausos do PS.

Sr. Deputado José Silva Marques, não venha dar lições de liberdade ao Partido Socialista nem a mim! Não autorizo que o faça!