O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20 DE MARÇO DE 1991 1811

(...) importantes monumentos portugueses foram construídos ou idealizados por arquitectos estrangeiros, nomeadamente italianos e alemães, aspecto que não me choca.
À Sr.ª Deputada Natália Correia direi que partilho do seu ponto de vista. Falou no fausto operático - creio que em sentido figurado e apropriado ao caso. O Teatro Nacional de São Carlos definha, está em ruínas, está fechado, não tem orquestra, quando tem ballet não tem música, quando tem músicos não tem cantores, quando tem cantores não tem bailarinos... Bom, o Teatro Nacional de São Carlos tem falta de cerca de 900 000 contos, está no estado em que está, mas vamos ter a «ópera do Tejo», a ópera do Centro Cultural de Belém ou, como disse o Sr. Deputado Carlos Coelho fugindo-lhe a boca para a verdade, o «Centro Monumental de Belém».

Aplausos do PS, de alguns deputados do PCP e dos deputados independentes Herculano Pombo e João Corregedor da Fonseca.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Barreto, não o interrompi porque o CDS lhe cedeu o tempo suficiente para concluir as suas respostas.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Silvestre.

O Sr. Nuno Silvestre (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não sabia muito bem como é que havia de começar esta intervenção, mas, de qualquer forma, seria sempre muito difícil depois da intervenção do Sr. Deputado António Barreto, porque todos reconhecemos a sua autoridade, a sua experiência e o seu «bem falar».
Embora não lhe tivesse feito qualquer pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado António Barreto disse, a dado passo, que, se errasse, seria o primeiro a reconhecê-lo, mas que, para isso, era necessário que soubesse que estava a errar. Queria dizer-lhe que, para mim, e penso que para a bancada do PSD, primeiro é preciso tentar, e, depois, logo se vê se errámos ou não. Penso que isto traduz alguma diferença de postura entre o PSD e o PS.
Em todo o caso, achei estranho que ninguém viesse falar da Associação Académica de Coimbra. E porquê? Porque se, porventura, as eleições para os seus órgãos tivessem sido ganhas pela lista da JS estaria aqui toda a oposição a dizer, é um sinal em relação às legislativas; é o diagnóstico; é a má política de educação; é a má política da juventude. Mas não! É antes uma lista apoiada pela JSD, com a maior diferença de sempre em relação à lista sua concorrente.

O Sr. António Barreto (PS): - Esqueci-me!... Dou-lhe os meus parabéns!

O Orador: - Obrigado.
Em todo o caso, também não era esta a forma de iniciar a intervenção que tinha pensado.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu tinha elaborado um discurso escrito, com todos os eufemismos, e todos os palavreados a que estamos habituados nesta Casa.
Porém, numa conversa tida, ainda ontem, lembrei-me que tinha sido eleito pelos jovens, por aqueles que estão ali, naquelas galerias...

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Por aqueles!? Como é que sabe?

O Orador: - Se não foi por aqueles, foi pela esmagadora maioria!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Assim, está bem!

O Orador: - Quero dizer-vos, Srs. Deputados, que também por isso e em respeito por aqueles que ali estão nas galerias tirei o meu casaco e arregacei as mangas, porque é para eles que vale a pena falar. É esse o meu sentimento de responsabilidade.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): -Muito bem! O PS deveria fazer isso!

O Orador: - Foi ontem, quando estava a conversar com alguns amigos, que me decidi a intervir aqui, hoje, de improviso -se calhar, mal...-, porque, quando os informei do conteúdo do discurso que tinha escrito para hoje, disseram-me que não fazia sentido e não valia a pena vir dizer meia dúzia de coisas que toda a gente já sabia, e que não teriam impacto. Retorqui-lhes dizendo que havia necessidade de alguém vir aqui dizer aquilo que eles dizem na escola, no café, na universidade, em todo o lado! Como não foi essa a opinião deles, rasguei as páginas que tinha escrito.
Mas quero dizer-vos o seguinte: depois dessa conversa com os meus amigos, lembrei-me de reler o programa deste Governo, na parte que diz respeito à juventude, e verifiquei que, apesar de ainda não termos terminado o mandato desta legislatura, já cumprimos o que está no programa.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - A juventude laranja está satisfeita!

O Orador: - Não! A «juventude laranja» não está satisfeita, de maneira nenhuma, porque nós queremos sempre muito mais do que aquilo que lá está!
Em 1987, aquilo que está no programa era algo que ninguém pensava que fosse possível cumprir, pois os senhores até diziam que nós nunca o conseguiríamos. No entanto, já está mais do que cumprido.
Mas, é óbvio, não estamos de maneira alguma satisfeitos! Enquanto houver alguém, como os senhores muito gostam de dizer, a ganhar 27 000$ num sítio qualquer, por exemplo, uma empregada de limpeza...

Vozes do PCP: - A culpa é vossa!

O Orador: - Mas, se calhar, não tinha emprego e agora tem...
Mas a nós não nos chega que uma pessoa ganhe 27 000$ tal como também não nos chega, quando na semana passada visitámos a Lisnave, ouvir a sua comissão de trabalhadores dizer que estavam muito melhor do que antes. Com certeza! Mas a seguir diziam-nos que ganhavam sessenta e poucos contos... Nós também não concordamos com isso, pois queremos muito mais, só que, ao contrário dos senhores, primeiro, e com o esforço deste Governo, é preciso criar riqueza e a seguir criar os empregos que antes não existiam.
Para além do programa do Governo que considero estar cumprido na parte relativa à juventude, embora também considere que há muito mais coisas a fazer, tenho um compromisso, que tem a ver com o que propuzemos no Manifesto da JSD. Em 1987, dizíamos nesse Manifesto que tinha de ser criado um Instituto da Juventude, porque a JSD não queria atitudes tutelares ou dirigistas do Estado. Por isso, propúnhamos a criação desse Instituto. Ele foi criado, mas pode perguntar-se: o seu funcionamento (...)