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2002 I SÉRIE -NÚMERO 61

Sr. Deputado, no fundo, gostaria que comentasse estas afirmações todas, porque das duas uma: ou o Sr. Deputado está a ler por cartilha errada ou, então, são todas estas personalidades de indesmentível independência que estão erradas.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, havendo mais oradores inscritos para pedidos de esclarecimento, V. Ex.a deseja responder já ou no fim?

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - No fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado José Pacheco Pereira.

O Sr. José Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado: Em bom rigor, nem precisava de falar. Aliás, os senhores não ouvem! E não ouvem por uma razão muito simples: é que os senhores, a seis meses de eleições, atingiram uma espécie de estado autista face à realidade. Ou seja, como a realidade não é como desejam não a querem ver.
O discurso que fez hoje, em que, num ou noutro ponto, aponta coisas que realmente acontecem e que nós reconhecemos, é substancialmente sobre um país que não é o nosso. É um discurso que mostra o problema do Partido Socialista: é que, a seis meses de eleições, todos os temas de oposição estão esgotados, pelo que os senhores têm um discurso sobre a realidade completamente esgotado.
E é assim por várias razões.
Em primeiro lugar, porque a realidade sobre a qual falam não é aquela que existe. Os senhores ouviram agora, por exemplo, um conjunto de citações - que fazem bem em ouvir-, porque há uma obrigação de honestidade intelectual nestas matérias: é que não basta estar a repetir determinado conjunto de afirmações, quando elas são contestadas pela realidade e por observadores terceiros que não têm nenhuma obrigação de estar a fazer o papel de apologistas do governo do PSD, mas que, ao pronunciarem-se sobre a economia portuguesa, são obrigados a admitir aquilo que é a constatação genérica. E como não querem admitir isso, não entram em linha de conta com o que diz o Sr. Delors, com o que dizem os comissários europeus e os relatórios das instituições estrangeiras. Mas continuam a falar da realidade, só que não é sobre a nossa realidade. Ora, esse autismo tem um custo que percebemos muito bem o que é que está por detrás dele: é que os senhores desejavam que a realidade fosse aquela que descrevem, desejavam que o País estivesse pior, que existisse uma crise económica e social.
Quando começou a crise do Golfo, os senhores disseram que o Governo estava a ter um optimismo balofo, que devia preparar medidas de racionamento; quando debatemos o Orçamento do Estado, os senhores disseram que as previsões do Orçamento não tinham nenhum sentido, que eram previsões optimistas sobre a realidade.
Portanto, os senhores têm um discurso sistematicamente pessimista sobre a realidade, não porque a realidade o confirme, mas porque desejavam que ela fosse má.
Evidentemente, depois, têm de engolir - para utilizar uma metáfora- que os Portugueses tenham outras expectativas. E esse desfasamento que os senhores têm em relação às expectativas dos Portugueses é que é mau para um partido que está a seis meses das eleições. Um partido, a seis meses de eleições, não pode estar a falar para um lado quando a realidade portuguesa está para outro lado.
Os senhores podiam fazer críticas sérias ao Governo, pois há questões em que o Governo pode ser criticado. Simplesmente, querer ver um Portugal a preto quando ele é meio branco e meio cinzento, dificilmente dá resultado. E os senhores têm de pagar o preço de fazer aqui um discurso e terem de ler o Diário de Noticias, hoje de manhã, com resultados completamente distintos. Compreendo que isso seja difícil de engolir, mas o autismo é uma doença que também se cura.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tenho pouco a responder, porque, particularmente, o Sr. Deputado José Pacheco Pereira não quer que responda a coisa nenhuma, quer fazer o seu habitual «número». Aliás, ainda bem que usou da palavra, porque uma das dúvidas que tinha ficou esclarecida: é V. Ex.a o autor da cassette do PSD, o autor do argumentado político. Realmente, o seu discurso é sempre o mesmo.

Vozes do PS: -Muito bem!

Protestos do PSD.

O Orador: - Esteja a discutir-se economia, revisão constitucional ou lei eleitoral, o seu discurso é sempre o mesmo! Estou farto dele!

Aplausos do PS.

Aliás, quero dizer-lhe que, citações por citações, prefiro, apesar de tudo, as citações que fez o Sr. Deputado Rui Alvarez Carp. Têm bastante mais nível e bastante mais honestidade intelectual.
De facto, V. Ex.a nada perguntou, e a única coisa que disse foi que o PS tinha afirmado -o que é verdade - que algumas das previsões do Governo, quando aqui apresentou o Orçamento do Estado, estavam erradas.

O Sr. José Pacheco Pereira (PSD): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado, desde que seja a contar no seu tempo, porque eu já disponho de pouco.

O Sr. José Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Deputado, alguma vez o PS corrige as previsões erradas que fez? Alguma vez o PS vai às afirmações que fez no passado e corrige as dezenas de previsões erradas que fez? Que credibilidade tem um partido que faz, sistematicamente, previsões erradas e não as corrige?

O Orador: - Sr. Deputado, o seu aparte foi irrelevante!
Insisto em que o essencial daquilo que foi a intervenção do PS em matéria de Orçamento do Estado estava correcto. No fim do ano teremos oportunidade - aliás, se calhar já não vamos tê-la, porque estarão aqui outros e não exactamente os mesmos, embora me pareça que eu e V. Ex.a vamos estar... - de confrontar essas afirmações.