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10 DE ABRIL DE 1991 2003

Agora, o que quero acentuar e significar é que continuamos a ler o mesmo juízo. Aliás, em relação à evolução da inflação, previmos que ela se situaria -e daí é que resultaram todas as nossas propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 1991 - em 12,5 %. De resto, o relatório da CEE que o Sr. Deputado Rui Alvarez Carp parcialmente citou, bem como V. Ex.a, aponta para 12,6 %. Portanto, parece que, pelo menos aí, ganhámos.

O Sr. José Pacheco Pereira (PSD): - Acertou! Isso é verdade!

O Orador:-Como vê não são só palavras.
Talvez tenhamos alguma dificuldade em ouvi-los, mas os senhores têm uma dificuldade muito maior a de ver. Os senhores não vêem a realidade! Ouvem-na, mas não a vêem! E a realidade é o concreto, o quotidiano!
Não vou ter tempo para lhe ler uma carta que foi dirigida à Assembleia da República por um cidadão da classe média - e que será analisada em determinada comissão - a propósito do sonho dele -se calhar também do nosso! - de ter uma casa e das dificuldades que vai enfrentar para a ter. Este é que é o quotidiano que o senhor tem de analisar, como tem de analisar o quotidiano das eleições autárquicas, das eleições europeias, das eleições presidenciais e até, de certo modo, o quotidiano do enorme leque de sondagens que têm aparecido, uma vezes dando-lhes um ponto acima de nós, outras dando a nós um ponto acima de VV. Ex.as
Portanto, este é que é o quotidiano! Não é aquilo que o senhor imagina!... Já ninguém acredita em si, Sr. Deputado... Defenda-se um pouco! O senhor até é inteligente, por isso não vá a todas, pois está a desgastar-se muito rapidamente, o que é pena!...
Relativamente ao Sr. Deputado Rui Alvarez Carp, embora isso para mim não tenha grande importância, e salvaguardo a honestidade intelectual do Prof. Braga de Macedo, já agora, pergunto-lhe: qual é a filiação partidária do Prof. Braga de Macedo?

O Sr. José Sócrates (PS): - Deve ser comunista!...

O Orador: -E qual é a filiação partidária do comissário Bangemann? E qual é...

O Sr. Joaquim Fernandes Marques (PSD): - E a do Vítor Constando? E a sua?...

O Orador: - Deixe-se de disparates! Se quiser mostro-lhe o cartão e a ficha de adesão. Se calhar ainda o senhor não pensava em aderir ao seu partido e já eu estava a criar o meu!

O Sr. Joaquim Fernandes Marques (PSD): - O senhor não me conhece!

O Orador: - Sr. Deputado Rui Alvarez Carp, por cada citação que o senhor faça aqui do Dr. Vítor Constâncio eu «atiro-lhe», facilmente, com sete ou oito!

Vozes do PSD: -Do Prof. Cavaco Silva!...

O Orador: -O que não se podem é usar citações, porque isso é desonestidade intelectual, sejam elas de comissários europeus, sejam do Dr. Vítor Constâncio, sejam do Prof. Braga de Macedo, sejam do Prof. Miguel Beleza -que é uma pessoa que, como académico e homem, muito admiro e não preciso que ele saia de Ministro das Finanças para fazer este tipo de afirmação -, perfeitamente retiradas do seu contexto e adulteradas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Como sabe, esses relatórios são negociados com as autoridades portuguesas, têm aspectos positivos e negativos, e não é correcto fazer o tipo de altercação parlamentar que V. Ex.a fez ao retirar referências do seu contexto.
Quanto à questão da confiança, penso que, de facto, existe um clima de confiança. Aliás, na sequência do concreto e do quotidiano e não da imaginação nem do autismo, na sequência daquilo que está a passar-se nos actos eleitorais recentes, estou convencido de que essa confiança existe. Isto é, a confiança do povo português existe num projecto alternativo ao vosso, porque nem as «peregrinações» semanais do Prof. Cavaco Silva irão evitar que tenham uma profunda derrota em Outubro de 1991.

Aplausos do PS.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para interpelar a Mesa.

O Sr. Presidente: -Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. José Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, gostaria de saber se V. Ex.a me permite usar a fotocopiadora da Assembleia a fim de poder fornecer uma fotocópia de um artigo de um jornal diário cujo título é: «Expectativa dos Portugueses passou a ser de optimismo».

Risos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - É porque vão haver eleições em Outubro!

Aplausos do PS.

O Sr. Rui Alvarez Carp (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para exercer o direito de defesa da honra e da consideração.

O Sr. Presidente: -Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Rui Alvarez Carp (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Manuel dos Santos disse que eu tinha truncado as afirmações do Dr. Vítor Constâncio. Com o respeito pessoal, político e académico que ele me merece, a última coisa que eu faria era tentar desviar o seu pensamento.
Efectivamente, tive oportunidade de dizer aquilo que consta da entrevista que deu à Razão, de Abril de 1991, e que foi o seguinte: «No geral, devo-lhe dizer que o que se passou correspondeu ao que, no essencial, era previsível. Numa primeira fase da nossa adesão eram esperados efeitos positivos dos fluxos líquidos que nos vêm do orçamento comunitário. A dinâmica do investimento estrangeiro na economia portuguesa também estava prevista, bem como a abertura e mesmo explosão do comércio com a Espanha, cujos efeitos, em alguns sectores de actividade, foram muito positivos. Tudo isso era previsível.
No fundo, a experiência destes cinco anos permitiu a euforia em que a economia portuguesa tem vivido, em grande parte fruto dessa nossa entrada na CEE.