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2010 I SÉRIE -NÚMERO 61

mercado interno e não estarem em condições de serem internacionalmente competitivas». Mas, mais uma vez, o Governo mostra-se cego e surdo à realidade, persistindo na política de privilégio às actividades financeira e especulativa em detrimento da actividade directamente produtiva.
A escandalosa, porque é assim que tem de ser designada, duplicação dos lucros do sector financeiro em 1990 é, só por si, uma demonstração da política de agiotagem promovida pelo governo do PSD, em grande parte responsável pela fortíssima e preocupante desaceleração da taxa de investimento produtivo nos dois últimos anos, com pesadíssimos custos e consequências para o futuro próximo da economia portuguesa e para o crescimento económico sustentado.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados, estes resultados da acção dos governos do PSD, e muitos outros já demonstrados pelo meu camarada Carlos Carvalhas e que a seguir serão demonstrados pelo meu camarada Vítor Costa, explicam as razões pelas quais o PSD não quer ser julgado pelo que os seus governos fizeram durante seis anos.
Bem se percebe que o PSD preferisse continuar a brandir com promessas nunca cumpridas e com sofismas cansativamente propagandeados. O governo do PSD descobriu com a sua própria experiência que é verídico o ditado segundo o qual «não é possível enganar sempre toda a gente».
Os Portugueses, que sentiram na carne os resultados da política e dos sofismas do PSD, mostrar-lhe-ão em breve que não se deixam enganar com «papas e bolos».
Fundamentalmente, os Portugueses demonstrarão que querem uma política diferente e melhor, que, ao contrário do que sucedeu nos últimos seis anos, querem que o crescimento económico se insira numa política nacional de desenvolvimento que tenha como centro e finalidade o crescente bem-estar e desenvolvimento de todos os portugueses e que, certamente, como diz o Sr. Deputado do PSD, o PCP estará em condições de oferecer.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nogueira de Brito.

O Sr. Nogueira de Brito (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Na linha do que há pouco dizia, o ambiente que se vive nos últimos tempos nesta Assembleia constitui para mim uma novidade - é uma consequência da estabilidade. É a primeira vez que assisto a um fim de governo de legislatura, em que, portanto, a campanha eleitoral é preparada com grande antecedência, tendo a oportunidade de se derramar nos debates da Assembleia da República. Nos outros fins de legislatura a que assisti, em que as legislaturas acabaram um tanto abruptamente, precipitadamente, não houve esta oportunidade, pelo que estou a assistir a algo novo.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: - O que é que prefere?

O Orador: - Confesso, Sr. Ministro, que não sei bem o que prefiro.

Risos.

Assistir ao espectáculo da campanha eleitoral na Assembleia da República não prefiro, com certeza! É claro que um governo de legislatura deve ser algo que qualquer pessoa que viva a realidade democrática deve pretender. É a normalidade das coisas, e a normalidade das coisas é para acontecer.
No entanto, a campanha eleitoral que está a ter lugar na Assembleia não me está a agradar!

Vozes do PSD: - Isso é por causa das sondagens!

O Orador: - As sondagens não são más, Srs. Deputados.

O Sr. Rui Alvarez Carp (PSD): - São péssimas!

O Orador:-Não diga isso, Sr. Deputado! O Sr. Deputado vai ver!...
Por outro lado, pensei que o discurso do PCP fosse aqui alterado de forma directamente proporcional à alteração que me foi grata presenciar e testemunhar quando, há dias, ouvi uma entrevista do Sr. Dr. Álvaro Cunhal dada à Rádio Renascença. Mas, apesar de termos novamente o prazer da presença do deputado Carlos Carvalhas, que andava longe do nosso convívio, e que é uma cara jovem...

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): -Que não ouviu!

O Orador: -Ouvi o Dr. Álvaro Cunhal!

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): Não ouviu o Dr. Carlos Carvalhas!

O Orador: - Ouvi o Dr. Álvaro Cunhal com muito agrado, e em minha opinião o seu discurso representa uma grande mudança, sem dúvida.
Como dizia, apesar de termos aqui a cara nova do Dr. Carlos Carvalhas, o discurso do PCP foi um pouco no estilo tradicional. Isto é, o PCP colocou o problema do crescimento, apreciado na perspectiva do binómio crescimento/desenvolvimento, um pouco na linha desse tal discurso tradicional, dizendo que ao crescimento evidenciado em alguns dados estatísticos não corresponde o desenvolvimento paralelo da nossa economia. E neste ponto estou de acordo com o PCP.

Vozes do PSD: -Ah!...

O Orador: - Estou de acordo com o PCP na medida em que o crescimento não é vinculado - e isto está no discurso do Sr. Deputado Carlos Carvalhas - à justiça social, ao equilíbrio regional e à defesa ambiental. É verdade que o PCP também não deixou de aludir, mesmo no seu discurso, à vinculação do crescimento ou dos seus resultados à modernização do aparelho produtivo. Mas o discurso continuou a ser, fundamentalmente, de esquerda, honra lhe seja feita...

Vozes do PCP: - Certamente! Que grande novidade!

O Orador: -Já não me admiro de nada!

Risos.

Como dizia, continuou a ser um discurso de esquerda preocupado, sobretudo, com a distribuição, e até na forma escolhida se evidencia a tendência tradicional do PCP