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3264 I SÉRIE - NÚMERO 95

(...) que, aliás, não conheceram nunca réplica válida. Temos fundadas razões para pensar que os Portugueses não têm das coisas a mesma visão porque são inteligentes e não sofrem, tenho a certeza, nem de miopia nem de vista cansada.

Aplausos do PSD.

Sobre estes aspectos não importa, portanto, reeditar debates que já estão feitos, tanto mais que não falta muito tempo para que os Portugueses digam de sua justiça.
Mas há, disse, os aspectos novos, os que falam do futuro e estiveram também em debate nesta interpelação. Foram trazidos pelo entusiasmo pessoal do Sr. Deputado António Guterres que, perante o marasmo do seu partido, fez o discurso de contracorrente.
Para além do que aqui, sobre esses aspectos novos, foi considerado, gostaria de, neste momento em que o debate se encerra, tecer algumas considerações. Gostaria, sobretudo, de sobre eles fazer o que me parece a mais fundamental das considerações.
Quando um partido político fala de projectos e do futuro, o requisito primeiro sobre que é preciso ajuizar é o da sua credibilidade. Não nos passa pela cabeça afirmar que o PS não seja capaz de redigir um programa, de elencar um conjunto de acções a levar a cabo, de fazer sobre um e outro inflamados discursos. Isso não está em causa. O que está em causa e de que é importante curar é da credibilidade do Partido Socialista.
E qualquer exercício sério sobre a credibilidade não dispensa uma visita ao passado, não dispensa uma avaliação histórica. E felizmente que, neste caso, a podemos fazer. O Partido Socialista foi partido liderante do poder em vários momentos. E é à luz do passado, desse passado de partido com responsabilidades governativas, que lemos de avaliar as propostas e os projectos sobre o futuro.
E temos de fazê-lo com objectividade, para o que nem seria necessário o apelo do Sr. Deputado Almeida Santos.
O Partido Socialista exerceu o poder sozinho, primeiro, com o CDS, depois, e em coligação com o PSD, a seguir.
Os resultados destes governos foram sempre idênticos. E, por isso, ao fim de pouco tempo, os governos de coligação que referi tiveram a mesma sorte: acabaram porque os parceiros do PS lhes puseram fim.
E porque o denominador comum destes governos é sempre o Partido Socialista, que os liderou a todos, e porque os de coligação acabaram por vontade dos seus parceiros, que saíram por discordarem, e porque, finalmente, para só falar do PSD, está provado que este, quando sozinho, é capaz de fazer melhor, de fazer muito melhor ou mesmo bem, podemos então afirmar, com objectividade, que os resultados que estes governos produziram com a marca indelével do Partido Socialista.

O Sr. Vítor Caio Roque (PS): - É preciso não ter vergonha!

O Orador: - E constituem hoje não só um referencial indispensável para avaliação de qualquer programa ou proposta do PS mas também um elemento indispensável ao julgamento sobre a credibilidade do Partido Socialista.

Aplausos do PSD.

Método que, aliás, sempre usaram os Portugueses no julgamento do Partido Socialista.
O CDS foi parceiro do Partido Socialista num governo que, por iniciativa daquele, caiu, e, pouco depois, ganhava com o PSD as eleições que o PS perdia; o PSD foi parceiro do Partido Socialista num governo de que também quis sair, e, do mesmo modo, pouco tempo depois, ganhava as eleições ao Partido Socialista.
E, por favor. Srs. Deputados do Partido Socialista, não venham dizer que isto se deveu, em ambos os casos, à falta de lucidez dos Portugueses, que foram incapazes de fazer uma análise crítica de condições desiguais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vamos fazer esse exercício e curar de saber da credibilidade do Partido Socialista para falar do futuro.
Procuremos ver, numa retrospectiva desapaixonada, o resultado para o País do exercício do poder socialista.

O Sr. Vítor Caio Roque (PS): -Este discurso é igual ao de Macau!...

O Orador: - Podemos, então, estabelecer a comparação com estes últimos anos em que os sociais-democratas exercem o poder governativo.
A primeira coisa que podemos afirmar é que se algo de positivo ficou do poder socialista, foi apenas o resultado de opções nacionais irrecusáveis, a cuja força ninguém de bom senso resistiria.

O Sr. Jorge Lacão (PS): - Foi só a adesão à CEE?!

O Orador: - Em tudo o mais, naquilo que foi iniciativa própria, naquilo que deixou a marca de uma característica singular, o resultado não foi famoso, pelo contrário. O País, para os socialistas, foi um campo de experiências frustrantes, foi uma sucessão de equívocos, que tivemos todos de, duramente, sofrer.

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

Vejamos, primeiro, as suas soluções económicas.
Das soluções económicas socialistas ficaram as noções da incapacidade, da ligeireza, do subsídio a fundo perdido ou do imposto retroactivo.

Protestos do PS.

Das soluções económicas socialistas permanece uma incontestável imagem de exagero, de descontrolo, de sacrifício injusto.
Das soluções económicas socialistas permanece a teimosia, de anos e anos, em não encarar o problema das privatizações, o adiar de outras questões que eram reformas profundas e necessárias, a política dos curtos e incertos passos, a inexistência de orientação e de horizonte.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Das soluções económicas socialistas ficou o retrato de um país a pedir, condenado a continuar no caminho do endividamento, dependente sempre, dramaticamente dependente, quantas vezes, da ajuda de terceiros de boa vontade.
Das soluções económicas socialistas, ficou a caricatura dolorosa do português de cinto apertado, percorrendo um longo túnel que, ao fundo, não linha senão uma centelha de luz como miragem.