O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20 DE JUNHO DE 1991 3265

Das soluções económicas socialistas ficou-nos a sensação de que o Pais não dependia dos Portugueses, mas dos outros.
As soluções económicas socialistas constituíram o primeiro sinal sobre a capacidade que não têm para acreditar nos Portugueses.
Mas, para ser objectivo, para fazer a comparação nos moldes em que o Sr. Deputado Almeida Santos quer que seja feita, o Partido Socialista justifica tudo isto com aquilo que chama de conjuntura económica difícil.
Não vou debater a questão. Vou até dar de barato...

Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados...

O Orador: - Srs. Deputados, até vou conceder, dizendo que sempre que o PS foi governo a conjuntura era difícil e não era a melhor...

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - É comparar as duas condições que o Sr. Deputado Almeida Santos tem com esta!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, estamos num acto relativamente formal, que suo os actos de encerramento.

Srs. Deputados de todas as bancadas, agradecia que criássemos as condições próprias para continuarmos o nosso debate.

O Orador: - Srs. Deputados, pois bem, fica pelo menos provado que o Partido Socialista não é capaz de governar em situação de dificuldade...

Aplausos do PSD.

A conjuntura não era a melhor-dizem. Concedamos!...
Mas, então, os governos não existem para dar a volta às coisas? E o PS alguma vez se questionou se fez tudo o que devia ter feito para vencer esse desafio difícil? Já alguma vez o Partido Socialista se interrogou sobre os efeitos daquilo que ele próprio criou? Já se interrogou sobre os malefícios que poderia ter evitado se tivesse dado o seu acordo, ao PSD, nomeadamente, para a revisão do sistema económico na revisão constitucional de 1982?

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

O PS já se interrogou sobre se tudo não poderia ler sido diferente se tivesse dado o seu acordo às reformas estruturais por que tanto clamou o Prof. Mota Pinto?

Aplausos do PSD.

Não, Srs. Deputados. Sobre isto, o Partido Socialista não se interroga. E agora, porque as eleições se aproximam, o Partido Socialista decide proclamar algumas das ideias que tem sobre a economia portuguesa, decide dizer que já está convertido ao espírito de mercado, fala em números, já cita as economias europeias, já se atreve a discutir projecções. Só que responde apressado e engana-se nas contas.
Tudo visto, trata-se da quadratura do círculo e os impostos n9o chegam nem para uma parte pequena da ilusão socialista.
Decididamente, no passado como agora, a economia e o Partido Socialista andam de costas voltadas.
Mas, se o Partido Socialista tem estado tradicionalmente ligado à crise, à inflação incomportável, às taxas de juro proibitivas, à redução do investimento, numa palavra, à recessão e à austeridade, talvez os seus méritos tenham sido outros.
Vamos, então, ver.
O mais importante das soluções socialistas funda-se, dizem, na solidariedade.
Se assim é, as medidas que os socialistas tomaram no seu passado recente deveriam ter conduzido a um esforço conseguido neste domínio. Os factos, também neste caso, o não confirmam. O que os factos abundantemente demonstram é que as soluções sociais do Partido Socialista resultaram, sempre, em aumento do desemprego, em diminuição do poder de compra, em perda acentuada das pensões sociais, em incremento da debilidade dos rendimentos, justamente daqueles que mais débeis são.

Aplausos do PSD.

E não foram lambem as soluções sociais do Partido Socialista que promoveram o trabalho precário? Agora o Partido Socialista fala do sistema de segurança social e das suas preocupações. E eu pergunto: Mas foi por acaso a «conjuntura difícil» que obrigou o PS a manter a visão estatal de segurança social, que desincentivou, quando não fez estiolar, a tradicional e generosa iniciativa da sociedade? Já se interrogou o PS sobre se o momento difícil de que fala não recomendaria política oposta?
E agora dizem também: «A inovação que é importante introduzir é a da concertação estratégica entre governos, grupos empresariais e organizações representativas dos trabalhadores.»
Porque não foram, então, capazes de fazer concertação social quando foram poder? Foi a «conjuntura difícil» que o impediu? Ou foi o facto de não terem sido capazes de a fazer que tornou mais difícil a conjuntura?

Aplausos do PSD.

Não é verdade, para o mundo inteiro, que em tempos de crise é mais fácil e exigível a um governo promover a concertação?
Agora falam de uma saúde melhor, de consultas marcadas no próprio dia.
Mas não é verdade que foi a solução estratégica do PS quanto à saúde que reduziu o sistema a um nível degradante, injusto e desumano?

O Sr. Carlos Coelho (PSD): - Muito bem!
O Orador: - E fê-lo porque era «difícil a conjuntura económica?». Já se interrogou sobre se não aconselharia justamente o contrário?
Por tudo isto, a mirífica resposta que o Partido Socialista hoje apresenta é um exercício de pura demagogia, que mais do que qualquer outro fala eloquentemente da saudade - e só - que o PS tem do poder.

Aplausos do PSD.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, se o Partido Socialista não foi capaz de promover a criação de riqueza e se não foi igualmente capaz de criar ou sequer indiciar uma sociedade mais justa e mais solidária, talvez noutro campo tenham as suas ideias feito vencimento.