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90 - I SERIE - NÚMERO 4

existam. Estamos, no entanto, a ver que não existe nenhuma!...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Não se apresse!

O Orador: - Sr. Deputado Ferro Rodrigues, estamos a aguardar a sua intervenção!...
Sr. Presidente, Srs. Deputados: «Portugal atravessou, nos últimos anos, talvez o mais activo período de modernização na sua história. Inegável!» Duvidam os Srs. Deputados? Pois esta frase vem escrita num artigo do Diário de Notícias da passada semana e não partiu de nenhum governante social-democrata nem de nenhum deputado ou militante do PSD: trata-se do escritor e diplomata José Fernandes Fale. Tem toda a razão, porque os indicadores de bem-estar e do crescimento económico para aí apontam: taxa de desemprego a descer ao nível do pleno emprego; crescimento económico acima da média comunitária: investimento idem; competitividade a progredir: poder de compra a subir; estrutura produtiva em aproximação dos padrões médios europeus: descida de inflação a consolidar-se; grau de escolaridade a aumentar: redes de transportes e comunicações com crescimentos dos mais elevados da Europa; etc.
É claro que a nossa adesão à Comunidade Europeia e a estabilidade política dos últimos anos muito contribuíram para isso, mas também é assim porque soubemos optimizar essas grandes oportunidades, como ainda ontem o Comissário europeu responsável pela política regional confirmava a propósito de acusações de um semanário alemão quanto á gestão dos fundos estruturais nos países do sul da Europa. Afirmava, então, aquele Comissário europeu: «No que diz respeito à gestão dos Fundos estruturais feita por Portugal, estou muito satisfeito, pois estamos a conseguir resultados do dinheiro investido.»
Agora que os Estados Unidos da América e países europeus, como o Reino Unido e a Itália, nossos principais parceiros, enfrentam crises bem desagradáveis ou políticas económicas bem rigorosas (estou a recordar-me da Espanha e da Bélgica), embora de origem diversa, poderão ainda os críticos do governo social-democrata afirmar que o sucesso ou milagre económico português se deve à boa conjuntura internacional?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É claro que já não se atrevem a isso e o mais que dizem, como ainda agora o fez o Sr. Deputado Ferro Rodrigues, é que no futuro «é que vão ser elas», augúrio que vai sendo, felizmente, adiado, como se pode testar confrontando as opiniões das oposições neste mesmo Hemiciclo relativamente à presente conjuntura portuguesa.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - É óptima, a nossa economia é óptima!...

O Orador: - Anunciaram, por exemplo, que o desemprego iria agravar-se em 1992, mas a taxa de desemprego está ainda mais baixa do que a que o próprio Governo previa para esta altura.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PS: - Já lá vamos!

O Orador: - Outro exemplo: anunciaram que a inflação iria disparar com a harmonização das taxas do IVA, mas a inflação entrou numa trajectória de desaceleração desde Maio, tal como o Sr. Ministro das Finanças garantiu na altura. Lembro, com modéstia à parte, um debate que tive na televisão com o Sr. Deputado Ferro Rodrigues, onde por ele fui criticado por ser irrealista ou optimista.
Outro exemplo ainda: afirmavam a oposição e alguns parceiros sociais que os salários iriam ter um comportamento negativo em 1992, mas a verdade é que o crescimento real das remunerações por trabalhador foi dos mais elevados, se não o mais elevado, da CEE em 1992, o que até poderá complicar o indispensável aumento da competitividade do nosso sector produtivo se não caminharmos para uma maior moderação salarial.
Houve mesmo um analista económico - o Dr. Nicolau Santos, que muito respeito e prezo - que, há um ano, titulava um editorial de Outubro de 1991 sobre a economia nacional com a frase «A festa acabou», quando, pelo contrário, é agora a revista Fortune a considerar o caso português uma economia de sucesso das melhores do inundo para se investir ou o Financial Times do passado dia 13 de Outubro a relatar a fortaleza do escudo face ao desfalecer de outras moedas, devido à saúde dos «fundamentos» da sua economia.

Risos do PS e do PCP.

Os senhores riem-se porque, enfim, têm um espelho imaginário à vossa frente.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Poderia ainda citar outros testemunhos de entidades estranhas ao PSD sobre a economia portuguesa em 1992, mas penso que os exemplos dados são concludentes.
Desculpar-me-ão pela insistência em citar mais uma análise comparada à economia portuguesa. Há um ano (4 de Outubro de 1991), o Semanário Económico anunciava as conclusões do 21.º Seminário para Banqueiros Estrangeiros, organizado pelo Banco Português do Atlântico, com o seguinte título: «Nada será como dantes na economia portuguesa/Perspectivas críticas paru a conjuntura económica nos próximos anos». Há dias (16 de Outubro de 1992), o mesmo semanário anunciou as conclusões do 22.º Seminário para Banqueiros Portugueses, organizado pelo Banco Português do Atlântico, com o seguinte título: «Os inexplicáveis êxitos da economia portuguesa». E prosseguia descrevendo a excelente impressão dos financeiros internacionais sobre o rumo da nossa economia em 1992.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Razões para este sucesso de política económica actual? Julgo que a coerência, a firmeza e a consistência da mesma assenta nos três pilares anunciados sistematicamente pelo Governo, em especial pelo Sr. Ministro das Finanças, que saúdo mais uma vez pelos sucessos obtidos: o crescente rigor orçamental, a paciente concertação social e as políticas estruturais e financeiras. Desculpar-me-ão que os repita, mas a verdade é que há pessoas, em especial da oposição, que estão permanentemente a esquecer-se deles. São «três pilares» presentes na política do Governo, sempre devidamente calibrados e articulados, visando os compromissos nacionais da convergência real e da convergência nominal com a Europa comunitária antes do final deste século. Ainda