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20 DE NOVEMBRO DE 1992 537

O Orador:- ... e, por isso, não posso comentar. Todavia, não é inédito que esses estudos se louvem em dados ultrapassados ou truncados e não sejam conformes à realidade, estando até errados - aconteceu isso no passado e é provável que aconteça presentemente.
No entanto, noutra ocasião, depois de estudar esse documento, terei muito gosto em o comentar. Porém, devo dizer que me preocupo mais com as análises que conheço e essas são todas bastante favoráveis à forma como o Governo está a «aguentar» os fenómenos de turbulência internacional e a prova é que a nossa economia é a que menos tem sofrido, não obstante ser uma economia aberta.
Aliás, V. Ex.ª ajudou-me a reforçar a minha opinião dizendo que a nossa economia não pode ser construída com «pés de barro» mas, sim, com os pés bem assentes na terra e que, efectivamente, está a ser construída dessa maneira.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel dos Santos.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Carp, enquanto V. Ex.ª falava, lembrei-me daquele magnífico filme, que certamente todos vimos, que tinha por título Bem-vindo Mr. Chance e, com essa lembrança, aproveito para lhe desejar boas-vindas a este debate. Foi realmente importante que tivesse subido à tribuna, porque já estávamos preocupados por V. Ex.ª não ter usado da palavra e não termos podido fruir da sua inteligência, da sua capacidade parlamentar.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Que amigo!

O Orador: - No entanto, coloco-lhe duas questões e faço-lhe um comentário ou uma referência.
V. Ex.ª passa a vida a falar das propostas que diz não existirem. V. Ex.ª pode dizer que as propostas são más e em minha opinião, efectivamente, pelo que se viu na televisão, algumas das propostas que o CDS vai apresentar são muito más. V. Ex.ª pode dizer que as propostas são más, que as propostas do CDS são más ou muito más, boas ou regulares mas já não pode dizer que não há propostas, porque é óbvio que elas existem. Ainda hoje no debate com o Sr. Ministro da Justiça ficou claro que o Partido Socialista apresentou várias propostas, com incidência orçamental, que eram alternativas à forma de gerir e intervir do Governo. Por isso, peço-lhe -a expressão é mesmo esta- que não insista que não há propostas do PS porque é evidente que as há e V. Ex.ª sabe perfeitamente que assim é.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Claro que há! Tem razão!

O Orador: - Todavia, as duas questões que quero colocar-lhe são de carácter geral e têm a ver com o facto de os vossos discursos falarem sistematicamente em modernização, internacionalização, reestruturação, justiça fiscal, que desta vez não há agravamento. Mas não é há sete anos que VV. Ex.ªs estão no Governo? Não é há sete anos que estão a receber ajudas de pré-adesão e pós-Adesão, que têm os valores que já aqui foram citados variadíssimas vezes - neste momento estão numa média de 1,5 milhões de contos por dia? Então, por que é que não fizeram a reestruturação, a internacionalização, a modernização, a justiça fiscal? Por que é que não a fizeram?! O que é que andaram a fazer durante sete anos?
Essa é que é a questão fulcral! Para que serviu toda a ajuda que tiveram? A culpa é dos empresários, disse V. Ex.ª da tribuna e não quero defendê-los porque a posição do Partido Socialista é defender os empresários, os trabalhadores agrícolas, os trabalhadores industriais, em suma, o povo português e sobretudo os contribuintes. Mas será que V. Ex.ª é capaz de sustentar e justificar esse facto e dizer que não há culpa do Governo?
A minha terceira observação: o Sr. Deputado acha, com franqueza, e tendo o Sr. Ministro das Finanças, nos últimos 15 dias, apresentado realmente três cenários enquadradores do Orçamento do Estado - primeiro, crescimento a 3 %, entendendo-se 3 % como 3+1/4 ou 3-1/4; segundo, na Comissão de Economia, Finanças e Plano, crescimento a 3 %, entendendo-se 3 % como algo situado entre 2 % e 3 %, ou seja 2,5 %; terceiro, ontem dito aqui, crescimento a 2 % até 2,25 % mas a tender para 2 % -, que estes números têm alguma credibilidade? Acha que o Orçamento do Estado não «foi» já? Acha que é possível aceitar que a proposta orçamental tem alguma credibilidade quando o Sr. Ministro das Finanças muda o cenário 3 vezes em 15 dias e não muda as receitas, as despesas, as dotações orçamentais?
São estas perguntas que lhe deixo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Carp.

O Sr. Rui Carp (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, meu caro amigo e caro colega, começo por lhe agradecer as boas-vindas profissionais, embora considere que os economistas, como qualquer outro profissional, não se sintam com o dom de tudo saber. Sabem alguma coisa, como sabem os outros, e estamos sempre a aprender uns com os outros.
Porém, considero que a minha bancada ontem, como foi inequívoco e até a própria imprensa já revelou, ganhou o debate.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Que imprensa? O Povo Livre?!

O Orador: - O Povo Livre não sai à quarta-feira, Sr. Deputado! Considero que os outros jornais não são o Povo Livre, mas se V. Ex.ª quer chamar-lhes assim... enfim, de facto, somos um povo livre...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - V. Ex.ª pergunta o que é que se fez nos últimos anos. Afinal de contas, nós é que somos ambiciosos, estamos sempre a querer ...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Não deve ter visto a primeira página do Público de hoje: «Economia em baixa/contestação em alta»!

O Orador: - A propósito da manifestação cuja fotografia vem nesse jornal, senti-me muito triste com a