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538 I SÉRIE - NÚMERO 16

atitude do Partido Socialista, que puxa sempre pelos seus galões ...

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Já percebi que não vai falar sobre o que fizeram nos últimos sete anos!

O Orador: - ... em defesa do respeito e da dignidade desta instituição, quando ontem um estudante, à porta da Assembleia da República, tratou esta Casa por «isto». E lamento que os senhores, que são sempre tão pressurosos a defender, e muito bem, o bom nome desta instituição, tenham ficado calados a esse propósito. A Assembleia da República não é «isto»!...

Aplausos do PSD. Protestos do PS.

O Sr. Presidente: - Peço à Câmara que faça o silêncio necessário para que se possa ouvir o Sr. Deputado que está no uso da palavra.

O Orador: - Sr. Deputado Manuel dos Santos, pergunta V. Ex.ª «então o que é que se fez?!» Bem, primeiro, quando o Governo e a bancada parlamentar do PSD aparecem aqui com um incentivo à reestruturação, à harmonização, ao progresso, ao crescimento, é porque somos ambiciosos, nunca estamos satisfeitos. Naturalmente, há muito por fazer e as dificuldades agora são muito maiores, a margem de manobra é muito menor do que porventura os senhores julgariam que fosse. Mas, e resumindo a resposta, volto a referir-lhe um texto de um homem que é perfeitamente independente do Governo, o embaixador e ilustre escritor José Fernandes Fafe, constante da edição de 16 de Outubro do Diário de Notícias: «Portugal atravessou, nos últimos anos, talvez o mais activo período de modernização da sua história e de tudo isto resultou um manifesto impulso à formação profissional, à modernização do terciário, a algum reequipamento industrial ...»
Isto é inegável! Podia citar outros, mas já que os senhores dizem que só cito o The Economist e o Finantial Times, aqui têm a posição de um homem que não é do sector económico e que nem sequer é da nossa área política.
Quanto aos outros aspectos que referiu, quero realçar que a Grécia e a Espanha também receberam fundos estruturais e pode constatar-se qual é o estado económico da Grécia e as taxas de desemprego da Espanha. Confrontem o orçamento português com o orçamento de crise espanhol! Mas os senhores só gostam de viver em crise e talvez gostassem mais de estar neste momento em Espanha a apoiar este programa. É natural, é a vossa vocação natural!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - A Espanha?! Verificou-se em todo este 92!

O Orador: - Quanto à falta de credibilidade, volto a repetir aquilo que já ontem citaram o Sr. Ministro das Finanças e alguns colegas da minha bancada, recomendando-lhes a leitura da p. 174 do relatório do Orçamento, onde se diz claramente que «este orçamento louva-se em dados bem fundamentados de instituições inquestionáveis como o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia». Naturalmente que se a conjuntura é de grande incerteza é muito difícil fazer previsões.
E a propósito da dificuldade de fazer previsões e de incertezas, recomendo-lhe a leitura de um artigo de alguém que, provavelmente, muito lhes agrada, o Dr. Vítor Constâncio, no último número da revista Expansão. Veja o que ele diz e veja se não refere as dificuldades de previsão e as incertezas! Os senhores já nem sequer ...

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Também fala do crescimento de 1,5 %!

O Orador: - ... conseguem ler aquilo que os mestres de economia da vossa bancada escrevem, pelo que já não posso fazer mais nada!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Deputado Rui Carp, agradeço muito as citações e a leitura dos meus artigos, já não lhe agradeço tanto as deturpações, ...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Para nós são uma bíblia!

O Orador: - ... visto que ninguém falou em baixa administrativa das taxas de juro. Fala-se apenas da necessidade de uma consonância, na política monetária, entre as autoridades monetárias responsáveis, visando uma descida mais rápida das taxas de juro, o que é possível e legítimo.
Em segundo lugar, ninguém fala em desvalorização discreta, mas, sim, na necessidade de, em próximo realinhamento do sistema monetário europeu, existir uma recuperação da nossa competitividade em matéria de paridades cambiais. E vamos ver, se calhar mais depressa do que o Sr. Deputado pensa, quem tem razão nesta matéria. Vamos esperar, talvez, pelo período entre o Natal e Ano Novo para vermos quem tem razão sobre essa matéria!
Agora a questão que lhe queria colocar não está relacionada com o essencial da sua intervenção, que foi uma intervenção apologética e muito seguidista em relação ao Ministro das Finanças, pelo que não suscita outras críticas para além daquelas que já ontem aqui enunciei. Só teve uma parte interessante, que foi a sua profissão de fé no keynesianismo que deve ter deixado alguns dos mais acérrimos seguidores da mão invisível um pouco sem saberem em que partido estão ou se, finalmente, no Congresso do PSD, se tinha chegado a alguma conclusão consensual em matéria estratégica!

Risos do PS.

A questão que lhe queria colocar, muito rapidamente, está relacionada com algumas passagens da sua intervenção. Não leve a mal, mas quando se referiu ao romantismo português e citou Linda-a-Velha, pergunto-lhe se não terá confundido Linda-a-Velha com Linda-a-Pastora; é que nem todas as pastoras são velhas e, depois do grau de elevação que o Sr. Ministro das Finanças ontem deu ao debate do ponto de vista cultural, penso que todos temos de ter um pouco mais de cuidado com alguns desvios.
Segundo ponto: quando compara Linda-a-Velha com o Loch Ness, estará a chamar monstro ao autarca Isaltino de Morais?!