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2380 I SÉRIE-NÚMERO 75

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Muito bem!

O Orador: - Foi por isso que só citei o Dr. Miguel Cadilhe, a propósito de 1987 do surto especulativo.
Ou seja, usando as suas próprias expressões, só citei o «vilão» e não citei o «santo»

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas vamos ao que importa.
Quanto à remodelação do «Governo-sombra» tem de solicitá-la ao Dr. Paulo Portas porque o governo é dele e não meu, de modo que aí estamos inteiramente à vontade...

Risos do PS.

Mas repito que vamos ao que importa.
Toda a lógica do vosso discurso é a de fazer uma comparação com o que se passa lá fora.
Hoje, como toda a gente sabe, o motor da economia europeia é a Alemanha. Ora, a Alemanha está a absorver um choque brutal, o choque da Alemanha de leste. Está a subsidiar todo o resto do Leste europeu, incluindo a antiga União Soviética, e está a subsidiar-nos a nós - e pesadamente! Nós, que não subsidiamos ninguém e que recebemos 1000 contos por minuto - 1,5 milhão de contos por dia - , estamos um bocadinho melhor que a Alemanha e os senhores levantam a voz a dizer que este Governo é magnifico.
Sr. Deputado Duarte Lima, o que é dramático é que tal como provei, desde os anos 60, Portugal sempre cresceu acima da média europeia - sempre! - sem ajuda de ninguém e com toda as dificuldades que sabemos, enquanto agora com uma ajuda brutal, que representa uma parte significativa da média europeia e corre o risco
De em breve, estar a decrescer mais depressa que a média europeia., visto que, para este ano, o Ministro das Finanças já nos prometeu um crescimento de 3% depois de 2% a seguir, de 1 % de 0% e não sei onde é que irá acabar!
Por outro lado, os Srs. Deputados falam sempre no século XXI, mas nós pedimos-vos é que antes de discutirem o Portugal do século XXI, deixem de destruir a economia do Portugal do Século XX!

Aplausos do PS:

Não é possível construir o Portugal do século XX. E não é verdade que seja um escudo com uma paridade realista o que favorece a especulação, o contrabando e as taxas de juro elevadas. Era o escudo sobrevalorizado que tínhamos - e já sofreu duas desvalorizações, apesar de os senhores terem dito que não haveria nenhuma - que obrigava à manutenção de taxas de juro elevadas para aguentá-lo e por isso estas baixaram quando o escudo desvalorizou.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quem tem razão somos nós, não os que senhores. E é o escudo sobrevalorizado que favorece a especulação e só não favorece o contrabando porque como sabe agora já não estamos em tempo dessas coisas.
Quando o Sr. Deputado nos pergunta qual é a nossa estratégia alternativa
Respondo-lhe que ela foi evidente desde o princípio. Na verdade, o que dissemos foi que, no plano da conjuntura económica, a vossa era a política conjuntural do ciclo eleitoral. Os senhores nada têm contra os défices orçamentais, mas só gostam deles nos anos das eleições.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Portanto, em 1991 o défice orçamental cresceu brutalmente e, agora, como já não há eleições, houve um enorme esforço de aperto orçamental, esforço este que, como já confessou o Ministro da Finanças, foi irrealista.
Assim, obviamente, este ano vamos Ter um défice muito maior, tal como dissemos há seis meses que era necessário.
Tal como também há seis meses anunciámos que ia ser necessário ter desvalorizado
O escudo.
Quem não tem alternativa à nossa política são os senhores.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Exactamente!

O Orador: - ...que são obrigados a fazer tarde, a más horas e a reboque aquilo que nós anunciamos como inevitável porque, apesar de tudo, temos consciência dos problemas e não andamos aqui a fazer demagogia, nem propomos as coisas que são populares. Nós não fazemos essa demagogia! O que nós propomos não é popular, mas
É o que é necessário para salvar o País de uma crise económica gravíssima. Por isso, o que dissemos e mantemos, é que deveríamos ter tido - e devíamos ter - uma política de conjuntura organizando as políticas cambial, monetária, de rendimentos e orçamental em termos ajustados à necessidade decorrente do ciclo da economia e não do ciclo da política. Por isso, o fim do ano passado e o início deste exigiam era que tivesse sido dada prioridade ao emprego e não tanto prioridade à descida da inflação. É esta a nossa alternativa. É gradual? Com certeza! que, hoje em dia, não é possível governar na Europa moderna fazendo exactamente o contrário do que fazem os outros!

O Sr. Marques dos Santos (PS): - Muito bem!

O Orador: - Isso não acontece em nenhum Estado moderno!
As diferenças entre nós são, em grande medida, degrau, mas é no grau que está a importância, é no grau que está a asneira ou a política certa. Ora, tem-se visto e está provado que o vosso grau é o da asneira.

Aplausos do PS.

E aqui a divergência é total porque a vossa política tem sido um «tontismo» sem prespectiva, o «betão» para o qual há o dinheiro da Comunidade. É bom, não esquecer que nos outros «fontismos» não havia o dinheiro da Comunidade. Só que não basta o «betão». É preciso, apostar em mudar o padrão de especialização deste país porque com aquilo que temos não poderemos competir na Europa daqui a cinco ou dez anos. É isto que não me canso de dizer. É esta alternativa que aqui aponto desde 1987. E é isto que os senhores nunca ouvem porque dizem sempre que o mercado vai resolver esse problema. Mas não vai. Portanto ou nós temos a articulação das várias políticas - educacional, de formação profissional de apoio ao investimento e articulamos estas com a da investigação científica e tecnológica - e temos uma concertação estratégica com as empresas, com os grupos económicos - não