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2294 I SÉRIE-NÚMERO 70

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Lima, a sua indignação e excitação só veio confirmar aquilo que disse: a incomodidade é vossa, não nossa! Mas isso parece-me tão óbvio que não vale a pena realçá-lo.
Diz que deslizámos para o silêncio há dias. Fizemos apenas o que os senhores tem feito inúmeras vezes. Somos livres de usar o silencio como queremos. Não queira, pois, obrigar-nos a falar quando entendemos que o silêncio é o que os senhores merecem.
Agora, se quiser acreditar na minha inocência, faça favor. É livre disso, pois até talvez lhe de algum jeito... Mas acabará por ter algumas ilusões se continuar por esse caminho. Já sou velho demais para ser inocente e acredite que a minha ascese mística tem aspectos tão contundentes para os vossos erros como a fase anterior a essa ascese.
Não fomos nós que nos recusámos a aceitar o Congresso como uma coisa normal; não somos nós os inimigos do debate nem fomos nós que ocultámos a verdade com fantasias de arco-íris. Não são essas as nossas atitudes. Aceitamos o debate a todos os níveis, a verdade e as críticas. Os senhores é que se colocam na contra-mão de tudo o que são instituições e práticas democráticas e depois, quando 2500 cidadãos se juntam para criticar a vossa politica,...

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Então não eram 4000?!

O Orador: - ... aqui d'el rei que estão fora da democracia, aqui d'el rei que estão contra os partidos!

Protestos do PSD.

Desculpem, mas deixem-me falar porque só disponho de três minutos e...

Aplausos do PS.

... gostaria de ser eu a gastá-los e não os senhores com as vossas intervenções.
Não estejam, pois, tão preocupados com as atitudes do meu líder nem com o que se passa dentro do PS. Ficamos muito comovidos e enternecidos com as vossas preocupações connosco. De facto, têm sempre essa gentileza de se preocuparem com o que se passa dentro do PS. Devolvemos esse tempo gasto e pedimos que o dediquem à solução dos problemas no País.
Aqueles problemas que os senhores não reconhecem existir têm agora de começar a ser reconhecidos porque foram de tal maneira evidenciados que não podem mais continuar com o discurso do arco-íris, da democracia de sucesso, etc.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não compreendi quando disse que só o critério da competência política, e não o da competência universitária, releva. O que é isso de pôr a competência universitária...

Vozes do PSD: - Não, não é nada disso!

O Orador: - ... fora das competências relevantes na política? Entendo que tanto a competência universitária como a...

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Dá-me licença que esclareça, Sr. Deputado?

O Orador: - Se o Sr. Presidente descontar o tempo, faça favor.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos, não excluí o critério da competência universitária. O que disse foi que não é esse o critério e a base para a escolha e selecção dos dirigentes políticos mas, sim, o da competência política. Obviamente, o critério de outras competências, técnicas, universitárias ou de outra natureza, também é importante mas não é aferidor dessa legitimidade.

O Orador: - Sr. Deputado Duarte Lima, numa democracia participativa, nenhuma competência - e até nenhuma incompetência - fica fora da democracia ou da legitimação seja do que for, em termos de competência política.

Vozes do PSD: - Não é isso!

Aplausos do PS.

Depois, veio com a velha e estafada cantata de que o PS não é alternativa. Bom, estamos habituados a isso, ao vosso «faduncho», com o refrão: «O Guterres não presta, o Primeiro-Ministro é que é bom!» Acontece que há vários meses que, com surpresa - em face das vossas críticas -, vejo o PS à vossa frente nas sondagens. Não percebo!...
Acabem, pois, com isso, de uma vez por todas, e terão a resposta. Já a tiveram nas eleições autarcas, vão ter nas europeias e nas legislativas!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Agora, se vos conforta a ilusão de que são eternos e que o Sr. Primeiro-Ministro, de facto, é insubstituível, mandado por Deus para resolver os nossos problemas, continuem a gozar essa ilusão porque, de eleição em eleição, os senhores vão perdendo esse conforto.

Protestos do PSD.

Dizem ter uma atitude de respeito para com o Presidente da República. À segunda-feira têm, à quarta-feira, normalmente, já não têm, à quinta-feira voltam a ter e à sexta-feira têm ou não consoante o dia do mês de que se trate!
Devo dizer que o Sr. Presidente da República, a dissolver e a demitir, preferiu, naturalmente, tentar corrigir.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Claro!...

O Orador: - E o que vos diz é isto: «Estão a errar, corrijam os vossos erros.»

Vozes do PSD: - Ah!

O Orador: - Os senhores são é impermeáveis à crítica! Ficam fulos e fora de si porque, no fundo, não assumem a humildade democrática, para a qual o Sr. Deputado também fez apelo. Assumam-na e verão que não é assim tão doloroso ser criticado e nem é, sequer, tão desgastante em termos eleitorais como, por vezes, parece que julgais.
Agora, o discurso do estado da Nação, o verdadeiro e o de acordo com a realidade, foi o proferido pelo