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2298 I SÉRIE-NÚMERO 70

Risos do PS.

Protestos do PSD.

Lá estão os senhores nervosos! De facto, tenho a arte de pôr-vos nervosos.
Julgo que os universitários académicos têm o direito de falar como, onde e quando quiserem e de ter as preocupações que entenderem - os senhores nada têm a ver com isso! O vosso mal é quererem tutelar tudo! Querem tutelar - e tutelam! - as oposições aqui dentro; o Governo quer tutelar a Assembleia - e tutela! - e, por vezes, também tenta tutelar o Presidente; querem tutelar as polícias, os magistrados,... É que, aos vossos olhos, todos são agentes provocadores ou forças de bloqueio. E, agora, também querem tutelar os universitários, porque falaram fora dos cânones académicos!
Não percebo isto! Os senhores têm de cair em si e de aceitar a normalidade do que é normal.
O Sr. Deputado perguntou-me se houve um congresso. Então, o que houve, senão um congresso?! É claro que houve um congresso! Não foi o seu congresso, nem o do seu, do meu ou de qualquer outro partido, mas, sim, o das pessoas que quiseram fazê-lo do modo como entenderam!
O que é que os senhores querem? Tutelar tudo e mais alguma coisa?! Agora, até os universitários!
E se o Dr. Eduardo Lourenço disse que o Congresso podia ter acabado após o discurso do Presidente da República, essa foi uma maneira que ele encontrou de realçar o mérito e a globalização do discurso do Presidente. É tão natural quanto isto!

Risos do PSD.

Riam-se à vontade, porque o «o último a rir é quem ri melhor». Isso de rirem quando dizemos coisas que vos incomodam é uma táctica como outra qualquer. Também podemos praticá-la e, amanhã, quando estiverem os senhores a falar, rir-nos-emos nós. E que, de vez em quando, os senhores até são bastante cómicos!

Protestos do PSD.

Agora, quero dizer-vos que todas as vossas questões e perguntas são filhas da mesma atitude: os senhores não suportam o diálogo, a verdade...

Protestos do PSD.

Lá estão os senhores, outra vez, irrequietos!
Como dizia, os senhores não suportam que a sociedade civil saia fora de casa. Gostam dela ao nível de algumas reuniões, em que os ministros assistem, fazem uns discursos e todos aplaudem. Mas quando vêem 2500 indivíduos, alguns universitários,...

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Sr. Deputado Almeida Santos tem o direito de falar e de ser ouvido em silêncio.

O Orador: - Nunca pensei que as críticas feitas no Congresso e as minhas próprias críticas fossem tão justificadas como o estão a ser neste momento. Os senhores não são mesmo democratas, não têm espírito democrático! Pactuam com a democracia? Assim, não!

Aplausos do PS.

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Ao abrigo do n.º 2 do artigo 81.º do Regimento, tem a palavra, pelo período máximo de 10 minutos, o Sr. Deputado António Murteira.

O Sr. António Murteira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de trazer a esta Câmara uma questão concreta de uma zona do País real. E queria fazê-lo neste momento porque, daqui a um mês e meio ou dois meses, iremos de férias, como de férias irá o País, embora não todo, porque sabemos que 400 000 desempregados, provavelmente, não só não irão de férias, como não terão ainda um emprego, um salário ou um subsídio de desemprego.
Sou Deputado por uma zona onde este drama social e humano é mais grave e que já por mais de uma vez aqui trouxemos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Murteira, peco-lhe para suspender a sua intervenção para que se criem as condições necessárias à sua audição.

Pausa.

Pode continuar, Sr. Deputado.

O Orador: - Obrigado, Sr. Presidente.
Estava eu a dizer - e creio que pouca gente ouviu - que queria trazer aqui um problema muito concreto da região por que sou Deputado e queria fazê-lo neste momento porque, daqui a pouco tempo, tanto os Deputados como parte do País irão de férias. Digo parte do País porque, provavelmente, os 400 000 desempregados não só não irão de férias, como não terão direito a um salário, muitos deles nem sequer a um subsídio e outros talvez já não tenham o suficiente em suas casas para alimentar as suas famílias.
Como sou Deputado por uma zona onde este drama social e humano se tem acentuado, mais uma vez o quero pôr aqui à consideração daqueles que tiverem a amabilidade de me escutar.
Nesta zona, na década de 80, perdemos mais de 40 000 trabalhadores, que partiram para fora da zona, tornando-a ainda mais deserta e mais envelhecida.
Neste exacto momento, temos 42 OOO desempregados, correspondentes a 20 % da população activa, o que é uma taxa muito superior à média nacional. Destes 42 000, 27 000 trabalhadores, ou seja 67 %, não têm sequer perspectivas de vir a ter subsídio de desemprego ou qualquer outro.
Srs. Deputados, com toda a responsabilidade, quero dizer-vos que, no Alentejo, em casas de muitos trabalhadores, particularmente nos concelhos de Beja, Serpa, Odemira e Portei, falta já o estritamente necessário para eles viverem com as suas famílias; há casas em que o pão já só dá para uma refeição e outras em que os pais já não tomam uma refeição por dia para que pelo menos os filhos a possam ter.
Não é uma questão nacional mas, sim, regional, que, pelo dramatismo social e humano que encerra, deve merecer a atenção desta Assembleia. Creio que esta Câmara não pode continuar a fechar os olhos a esta situação e, por isso, estranho que os Deputados pelo Alentejo, particularmente os da maioria, ou estão au-