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20 DE OUTUBRO DE 1994 00013

Apesar de ser nossa opinião que o núcleo essência] das suas críticas não é consistente, é licito que se pergunte
Considera o Presidente que o Governo coloca o País perante a maior crise da sua história, ao ponto de se sentir angustiado pelo futuro? Se considera, como o não demitiu? Se o não demitiu, como pode considerá-lo?
Considera o Presidente que a maioria abusa e não. respeita as minorias, guilhotinando-as e paralisando o Parlamento? Se o considera, como o não dissolveu? Se o não dissolveu, como pode considerá-lo?
Entende o Presidente que quem devia fazer oposição não a faz bem, neste caso o PS, que o Secretário-Geral do "partido cor-de-rosa" não é suficientemente duro e, não gera alternativas credíveis no País? Se o entende, como não renunciou como podia às suas funções e, assumindo a chefia do seu antigo partido, não fez ele a oposição correcta, gerindo a alternativa sonhada? Se não renunciou, como pôde entendê-lo?

Aplausos do PSD.

Por isso nos sentimos no direito de relembrar, com respeito e muita consideração, ao Sr. Presidente da República o compromisso que prometeu honrar perante os portugueses. Ele explicitou bem claramente o que entendia pólo exercício da função.
E já que é moderador, modere e não acicate.
Pois que é árbitro, arbitre e não jogue.
Visto que é isento, abstenha-se e não interfira.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, hoje não é apenas dia para queixas, é igualmente dia para felicitações; E que maior prova de cordialidade democrática posso eu dar do que felicitar um dos mais encarniçados adversários do Governo?
Eu queria falar dos Estados Gerais organizados pelo "partido cor-de-rosa".
Mas não posso falar dos Estados Gerais organizados pelo "partido cor-de-rosa". Por três razões em primeiro lugar, porque o líder do "partido cor-de-rosa" não disse nada que não tenha dito pelo menos dez vezes no último ano, com a excepção da radicalização da sua posição sobre a revisão constitucional; em segundo lugar, não apontou uma única solução para os problemas com que vê confrontado o País, mas isso também não é novo. E novas, finalmente, não foram as presenças. Alguém com malícia comentou que aquilo parecia - e cito "um amável congresso de antigos combatentes". Nós somos mais comedidos. Lembrando-nos de um evento ocorrido há meses na FIL, com idênticos propósitos, podemos qualificar o encontro do Ritz como "Meio Congresso Portugal: Que Futuro?" E bastai
Passo, pois, às felicitações - e já viram para onde me vou dirigir Neste início de sessão legislativa, o meu grupo parlamentar pretende dar parabéns ao PCP pela sua espectacular eficácia nos últimos meses
É sabido que, até hoje, tem havido duas estratégias antagónicas na política portuguesa.
Oiçam, por que isto dá-vos votos!

Risos do PSD.

Uma, de moderação, comum desde sempre ao PSD, ao PS e ao CDS, e uma de radicalismo, protagonizada pelo PCP. A primeira, adepta de reformas; a segunda, defensora das rupturas. A primeira, educada na acção parlamentar; a segunda, adestrada na acção de rua. A primeira, subordinando o realismo à demagogia; a segunda, sobrepondo a demagogia ao realismo. A primeira, construindo o futuro em
nome do possível; a segunda, destruindo o presente em nome da utopia.
Hoje, o PCP já não definha na sua incrível solidão Em termos estratégicos, conquistou a actual liderança socialista para a sua causa.

Protestos do PS.

Quatro pontos fundamentais provam que o "partido cor-de-rosa" se converteu à linha de radicalismo que era atributo do PCP.
Passo a enunciá-los.
Primeiro: a controvérsia sobre o pagamento das portagens na Ponte 25 de Abril Defensor de posições diferentes das do Governo, o PS nunca caminhou, até há pouco, para posições extremas - até há pouco, disse. Preocupado com as reprimendas que de Belém pululam nos jornais, assistimos a uma inflexão do Engenheiro Guterres, na semana passada, com uma acção conjugada entre responsáveis do PS e do PCP, com alguns da UDP pelo meio, na qual figuras com particulares responsabilidades Deputados que fazem as leis e que devem ser os primeiros a dar o exemplo do seu cumprimento - não se coibiram de recorrer a procedimentos claramente ilegais para manifestar o seu desacordo perante decisões legítimas da autoridade.
Segundo: na mesma semana, foi possível ver o Engenheiro Guterres- com o justo ciúme do Presidente comunista da Câmara de Loures, autor da ideia- apelar desabridamente para que se acabe com as portagens de Alverca, num claro apelo para que a população local repita a contestação da Ponte. Esta posição, como se sabe, era exclusiva do PCP. Deixou de o ser. O PCP conquistou o Engenheiro António Guterres para a sua causa.

Protestos do PS.

Aguarda-se agora, em coerência, que o líder do PS leve esta posição até às últimas consequências, ou seja, que solicite ao Dr. Jorge Sampaio a abolição dos pagamentos nos parques de Lisboa A lógica e elementar, Srs. Deputados: se se defende a abolição da portagem para que os carros entrem mais facilmente em Lisboa, tem que se defender igualmente mais facilidade para os mesmos carros estacionarem na cidade.

Aplausos do PSD.

Terceiro: A posição sobre a concertação social É do domínio público que o acordo de concertação social esteve quase a ser assinado. E do domínio público que as únicas entidades que se lhe opuseram tenazmente, até há poucos dias, foram a Intersindical e o PCP. É igualmente do domínio público que, nestes últimos dias. as pressões do PS e do seu líder atingiram os limites do inqualificável.
O Engenheiro Guterres começou por acusar o seu colega de partido, Torres Couto, de coisas graves, o que provocou a justa indignação do visado Mas não se ficou por aqui. Num momento menos lúcido, cometeu a suprema irresponsabilidade de vir exigir 6 % de aumentos salariais, contra os 5 % pedidos pela UGT. Como se pode levar a sério um líder político destes, que passa um atestado cie incompetência aos sindicatos onde o seu partido é maioritário, dizendo-lhes que, se fosse primeiro-ministro, dana mais do que eles pediam? Em que país da Europa poderia um líder da oposição fazer uma coisa destas, sem se cobrir de ridículo?
Este homem não é um líder político, é um pródigo.