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118 I SÉRIE - NÚMERO 4

problemas do ambiente. 0 Sr. Deputado sabe que existe um plano para salvar a ria, para a despoluir, desde 1989. Para esse plano, que foi aprovado e tem o apoio da maioria dos aveirenses, foi proposto um orçamento, nessa data, de 27 milhões de contos. Ora, estamos em 1994 e esse plano nada tem avançado, praticamente.
Em segundo lugar, gostaria de lhe colocar outra questão. Quanto ao empreendimento do Carvoeiro, que se destina a abastecer de água uma grande parte dos concelhos do distrito de Aveiro, nomeadamente as cidades de Aveiro, Albergaria-A-Velha, Estarreja, Águeda, Murtosa, não considera que "andou o carro à frente dos bois", visto que a primeira coisa que deveria ter sido feita era, de facto, o aproveitamento das águas do rio, com as barragens do Pinhosão - parece que, agora, essa irá avante - e de Ribeiradio, uma vez que, no Verão, o rio Vouga tem um débito pequeníssimo, correndo-se o risco de o empreendimento do Carvoeiro ser totalmente ineficaz no caso de não se avançar rapidamente com a construção dessas barragens?
Ainda sobre o problema do ambiente, todos sabemos que no distrito há zonas altamente poluídas, que são, naturalmente, aquelas onde a actividade industrial se desenvolveu mais, mas mesmo noutras, onde existem apenas pequenas indústrias, as consequências têm sido catastróficas. Basta referir o último episódio de uma grande mortandade de peixes, que ocorreu na minha terra, no meu concelho, provocada por uma indústria local. Sr. Deputado, pergunto-lhe se tem algumas informações no sentido de que o Governo está atento e disposto a pôr termo a esses atentados.
Para terminar, Sr. Deputado, felicito-o pela sua intervenção e pelo modo como expôs nesta Câmara os problemas de Aveiro e também os seus sucessos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Sr. Presidente: - Sr. Deputado, havendo mais um orador inscrito para pedir esclarecimentos, deseja responder já ou no fim?

0 Sr. Olinto Ravara (PSD): - No fim, Sr. Presidente.

0 Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal.

0 Sr. Carlos Candal (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Olinto Ravara, gostei muito de o ouvir falar sobre os problemas e as capacidades de Aveiro, sobre as carências e o abandono de Aveiro. Há muito que defendo a seguinte tese: a fragilidade do distrito de Aveiro resulta não só de algum despeito, de alguma "ciumeira" das regiões limítrofes - e não menciono nomes porque não quero melindrar ninguém -, mas também de limitações das populações. Talvez porque - V. Ex.ª não o disse bem mas insinuou-o -, em Aveiro, "quem não rema, já remou", temos carência de uma elite aristocrática...

0 Sr. Silva Marques (PSD): - Uma elite aristocrática?!

0 Orador: - É verdade! Até temos uma universidade há pouco tempo!
Daí que os aveirenses sintam a necessidade de alguma solidariedade e de "formarem em quadrado" para se defenderem do "colonialismo", por um lado, e do "imperialismo" - isso é uma história antiga, mas que vem sempre a "talhe de foice" -, por outro.

V. Ex.ª, fez um inventário das reclamações, um caderno reivindicativo do distrito. Algumas são reivindicações muito velhas, que ajudo, bem como outros Deputados, a trazer a este Plenário há alguns anos, e vamos insistindo nisso. É bom que tal fique escrito, até para não sermos acusados de não levantar os problemas.
0 Sr. Deputado pecou - eu teria tendência para a mesma deficiência - porque, ao falar de Aveiro, refere o "salpicar da maresia". É bonito, mas há localidades no distrito de Aveiro, como Sever do Vouga, Vale de Cambra, Arouca, Castelo de Paiva, onde não chega qualquer "cheirinho de maresia".

0 Sr. Silva Marques (PSD): - Belíssimas terras!

0 Orador: - No entanto, também pertencem, nessa perspectiva ampla, ao distrito de Aveiro, ao todo aveirense e à sub-região natural de Aveiro.

0 Sr. Silva Marques (PSD): - E a Curia?!

0 Orador: - A Curia? Boas águas e bons vinhos!
V. Ex.ª tem tendência, um pouco por influência do seu partido, para pensar mais nos ricos do que nos pobres. Mas estes concelhos também pertencem a Aveiro. Apesar disso, estarão desprotegidos enquanto não for criado aquilo a que chamo, provisoriamente, a área metropolitana e de integração solidária da região aveirense. Dentro de pouco tempo apresentarei, a este respeito, um texto definitivo e conto não digo com a solidariedade e o apoio mas, pelo menos, com o interesse, a análise e crítica dos Deputados eleitos pelo círculo de Aveiro e dos demais Deputados.
Dentro de poucos dias, trarei a esta Câmara um problema muito complicado e fá-lo-ei, antecipo já, não numa perspectiva partidária mas, sim, regional. Vou abordar o problema dos lixos.
Como sabe, Sr. Deputado, qualquer dia, em vez dos "salpicos de maresia", terá os salpicos de porcaria, vindos da famosa incineradora, e nem sequer se poderá refugiar nas águas até ao pescoço, porque, depois, haverá também porcaria por baixo, originada pelo tal aterro! Cuidado, porque, se calhar, vamos ter todos de "emigrar" para Coimbra ou para o Porto e fazer aí a "co1ónia dos retornados", no caso de irem avante - espero que não - essas iniciativas tenebrosas! E não me refiro à história contada pelo Dr. Ferraz de Abreu, que falou de uns quantos carapaus moribundos no rio Vouga. Não é isso, é algo mais grave e complicado, que tem a ver com a vida e a sobrevivência das pessoas, de todos nós que somos, afinal, a espécie mais importante do habitat local.

0 Sr. Presidente: - Espero que deste diálogo, cheio de riqueza parlamentar, não extravasem insinuações para as regiões de vizinhas, como sendo "imperialistas" e "colonialistas".
Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Olinto Ravara.

0 Sr. Olinto Ravara (PSD): - Sr. Presidente, de facto, não há aqui qualquer tentação imperialista em jogo mas, sim e apenas, a clara afirmação de uma identidade que é regional, local. Perdoem-me, de facto, se insinuei qualquer "espartilho" que ultrapasse o âmbito das minhas afirmações ou, pelo menos, das minhas intenções.
Antes de mais, agradeço as intervenções, que muito me honraram, dos Srs. Deputados Ferraz de Abreu e Carlos Candal.