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20 DE JUNHO DE 1997 2921

outra zona do país. Sr. Deputado, em vez de dizer tantas asneiras como as que tem dito, pare um bocadinho para pensar no problema dos seus concidadãos residentes, oriundos da mesma área, da mesma zona do país de que o senhor tanto diz orgulhar-se pertencer, que estão desempregados.
Isto são questões concretas, Sr. Deputado. O desemprego no Porto é maior do que em qualquer outra zona do país. Vivemos uma «setubalização» no distrito do Porto, e o senhor anda preocupado com folclores, com o arranjar empregos para aqui e para acolá, e com futebóis...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por último, Sr. Deputado, quanto à questão da regionalização...

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Você não sabe o que diz!

O Orador: - ..., devo dizer-lhe que terei muito gosto em discutir consigo a questão da regionalização, em expressar-lhe a minha posição, quando o senhor - e estou certo que não vai deixar de o fazer - der o seu contributo para que, em Portugal, os portugueses se possam pronunciar através de referendo, no sentido de saber se querem ou não que o seu país seja regionalizado.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Mas o PSD quer?

O Orador: - Nessa altura, podemos falar. Mas deixe-me que lhe diga uma coisa. Sr. Deputado Pedro Baptista: não é necessário que isso seja feito para que, ao nível do Orçamento do Estado, se corrijam determinadas assimetrias.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Os senhores tiveram oportunidade de o fazer quando apresentaram uma proposta e não o fizeram. Tiveram segunda oportunidade quando foram confrontados com as propostas de alteração que fizemos à proposta, mal feita, do Orçamento do Estado, que não defendia os interesses da região do Norte, com os quais o senhor se diz tão preocupado. Também nessa altura os senhores viraram as costas e demonstraram que uma coisa é aquilo que os senhores dizem, outra é aquilo que fazem!
É por isso, Sr. Deputado, que os senhores estão cada vez mais verdadeiros «Frei Tomás» deste país! ,

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (João Amaral): - Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Ministra para a Qualificação e o Emprego.

A Sr.ª Ministra para a Qualificação e o Emprego (Maria João Rodrigues): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eis como uma interpelação, pedida pelo Grupo Parlamentar do PSD, sobre a situação social e política se transformou num debate, a meu ver extremamente interessante, para saber se é possível compatibilizar construção europeia com promoção do emprego e da coesão social, para saber se é possível compatibilizar convergência nominal e convergência real.
Tenho a dizer, Srs. Deputados, que essa é a questão magna que presidiu à concepção do Programa deste Governo e que preside à sua linha de rumo de trabalho.

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Não se vê!

A Oradora: - Penso que os resultados estão à vista. Este problema, de algum modo, está na cabeça de todos os governos dos Estados membros da União Europeia. Todos têm este problema para resolver. Também nós sabemos que o temos para resolver enquanto Governo e enquanto país. Mas, na realidade, estamos convictos de que estamos a conseguir resolvê-lo, e os resultados estão à vista.
Vamos, primeiro, aos dados, Srs. Deputados.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Lá vêm números!

A Oradora: - Vou reportar-me aos últimos dados disponíveis em matéria de desemprego, divulgados muito recentemente. Diz o PSD que o desemprego tem vindo a aumentar. Não consigo perceber. Srs. Deputados, porque o desemprego registado - e são dados de Maio - sofreu uma redução de 5.4 relativamente ao meio do ano anterior.
Diz o PSD que o desemprego jovem está a aumentar. Não consigo perceber, Srs. Deputados, porque o desemprego jovem sofreu uma redução de 19.5 durante o mesmo período.
Diz o PSD que o desemprego de longa duração está também a subir. Não consigo perceber, porque, nos últimos dados, o desemprego de longa duração desceu de 236 mil para 229 mil.
Mais recentemente, uma intervenção de um Deputado do PSD preocupa-se com a situação de desemprego na região Norte. Pois bem; os últimos dados mostram que o desemprego na região Norte desceu, no último mês, de 162 mil para 154 mil. Isto está exactamente consistente com a evolução líquida do emprego. O Governo tem um objectivo desse ponto de vista, que é o de garantir um crescimento líquido do emprego de 0.8. Isso está consignado no acordo de concertação estratégica e é exactamente essa meta que está a ser concretizada neste momento.
Portanto, Srs. Deputados, tico um tanto atónita com os comentários que ouvi ao longo da tarde de hoje porque começo a perguntar-me se para o PSD dois mais dois são quatro ou se dois mais dois são cinco.

O Sr. Bernardino Vasconcelos (PSD): - Essa é para o Engenheiro Guterres!

A Oradora: - Pode perguntar-se se nós estamos satisfeitos com estes resultados. Eu diria: de modo algum! De modo algum, a nossa posição não é, não foi, nem nunca será uma posição triunfalista! Sabemos que estamos a lidar com um problema mais complexo, um problema de ordem estrutural. Somos, aliás, os primeiros a assumir a verdade do desemprego quando dizemos que o desemprego em Portugal tem uma raiz, cada vez mais estrutural, que tem a ver com a debilidade competitiva de grande parte das nossas empresas, que tem a ver com a debilidade da qualificação de grande parte da população portuguesa, que está muito aquém da média comunitária. E nós, Governo, somos os primeiros a dizer isto de forma insistente, porque o país tem de ter soluções consistentes para afrontar estes dois problemas.