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11 DE JULHO DE 1997 3305

pas que têm dois pilotos a correr e em que o patrão da equipa manda um avançar ou recuar conforme os interesses da equipa. É isto que o jogo entre o PS e o PSD parece!

Aplausos do PCP.

O Sr. Deputado tentou fazer aqui o equilíbrio, que é manifestamente difícil, entre o que é querer parecer diferente e não conseguir nem poder inviabilizar as medidas de fundo que o Partido Socialista e, antes, o PSD têm vindo a tomar em matéria de política geral. E este equilíbrio difícil é que é a verdadeira dificuldade da sua intervenção.
Aliás, há outra nota que também quero deixar aqui, que é o facto de o Sr. Deputado se ter referido ao diálogo. Julgo que o PSD é daqueles que menos tem de se queixar da falta de diálogo. Senão, vejamos: o PSD é o parceiro privilegiado do diálogo na revisão constitucional, onde até, como sabemos, conseguiu grande parte daquilo que tem vindo a defender há muitos anos: o PSD é o parceiro privilegiado do diálogo no que diz respeito às questões europeias e à moeda única; o PSD é o parceiro privilegiado do diálogo em relação às questões da grande política económica. Então, de que falta de diálogo se queixa o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho? E uma questão que, manifestamente, não compreendo.
O Sr. Deputado também fez algumas alusões a temas sociais - aliás, alguns deles até ocupam o seu trabalho aqui, na Assembleia da República - em relação dos quais não quero deixar de apontar dois ou três pormenores. Por exemplo, em relação à saúde, o Sr. Deputado falou da sua preocupação com o resvalar do orçamento, mas não falou da sua preocupação, que não existe, em pôr fim ao subfinanciamento da saúde; falou da sua preocupação com os direitos das pessoas a terem acesso à saúde, mas não falou em contestar a diminuição das comparticipações que o Ministério da Saúde está a preparar.
Enfim, há aqui algumas questões onde, manifestamente, as diferenças são muito difíceis de discernir. E afinal de contas, no fim desta intervenção, podemos perguntar: o que é que o PSD oferece aos portugueses? O que é que o PSD oferece de diferente daquilo que está a ser oferecido pelo PS? É, manifestamente, difícil de encontrar este acréscimo de coisas que o PSD pode oferecer. Se não, vejamos! Será que o PSD pode oferecer mais privatizações? Parece-me difícil, com o calendário já aprovado pelo PS, oferecer mais do que isto. Será que o PSD oferece menos despesa social e menos investimento social? Também me parece uma tarefa muito difícil, dado as carências serem gritantes, e o PS tem-nas trazido. Será que o PSD oferece menos fanatismo pela moeda única, pelas políticas monetaristas? Manifestamente, não, porque também as pratica acerrimamente.
Para terminar, Sr. Presidente, há pouco, o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares tentou aqui provar que «um mais um» não é igual a dois, o que me parece ser um pouco difícil, a não ser num caso, naquele que diz respeito ao PS e ao PSD, onde «um mais um» não é igual a dois mas, sim, a uma mesma política, a uma mesma falta de prioridade no respeito pelos direitos das pessoas e a um mesmo respeito pelos portugueses e por Portugal.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Passos Coelho.

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Bernardino Soares, eu também, confesso, não esperava que tosse o Sr. Deputado a ver de forma privilegiada as diferenças, porque, como é natural, o Sr. Deputado está convencido de que entre o PS e o PSD a grande alternativa para o país é o PCP. E, como está convencido deste dado, com o qual o país não se comove, parece-me bem que se mantenha pelo menos convicto a si próprio, para poder continuar a usar aqui da palavra nesses termos. Mas sabe que há de facto algumas diferenças.
Utilizando a linguagem da «Fórmula 1», não direi que estivesse na mesma equipa deste Governo, a correr com um carro diferente, pois não sei em que carro se vê o Sr. Deputado a correr, mas, já agora, nesta alusão automobilística, gostaria, se pudesse, que fizesse um palpite, porque esse carro não se vê de facto na corrida.
Mas, em relação ao Governo, há de facto um carro e uma equipa em que o PSD nunca entra: aquela que prefere desbaratar o erário público, aquela que prefere, de preferência, tanto quanto possível e o mais depressa possível, acordar numa solução que resulte em prejuízo para o Estado do que em resolver para futuro, com bons princípios, os problemas. O autódromo do Estoril é, há muito anos, um problema. Há uma diferença essencial...

Vozes do PCP: - Ai há!...

O Orador: - Há, sim, Sr. Deputado: nós, no passado, nunca resolvemos este problema...

Vozes do PS: - Nunca conseguiram!

O Orador: - ... pelo perdão das dívidas ao fisco, pela toma da responsabilidade para o Estado do que não é seu e mantendo em aberto a possibilidade de parceria para projectos imobiliários no futuro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Protestos do PS.

O Orador: - Isto, Sr. Deputado, o PSD nunca fez, nem nunca fará! Espero, apesar de tudo, que continue a haver «Fórmula 1» no país,...

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Não diga isso!

O Orador: - ... mas não ficaremos a dever isso, com certeza, a uma boa poupança pública nem à competência deste Governo ou deste Ministro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Talvez fosse isto que o Sr. Deputado também devesse questionar.

Aplausos do PSD.

Para terminar, devo dizer ao Sr. Deputado Bernardino Soares que fez alguma confusão, porque não me queixei da falta de diálogo do Governo. Penso mesmo, frequentemente, que há diálogo a mais e decisões a menos, mas