O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

31 DE OUTUBRO DE 1997 343

real e enveredam pela vida política, mal entendida e mal digerida, porque há limites.
Sr. Deputado, no, que toca à conjuntura favorável, se bem me recordo, o seu anterior líder dizia ser uma coisa que não existia. Conjunturas favoráveis foi coisa que os senhores sempre negaram existir.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Privatizações, ó da guarda! Porque este Governo teve sucesso e receitas elevadas nas privatizações. O Sr. Deputado esqueceu que as privatizações eram, enfim, o vosso grande objectivo e que não o conseguiram realizar, realizaram-no mal, realizaram-no curto e com todos aqueles problemas que, aparentemente, o Sr. Deputado esqueceu, como o do Banco Totta & Açores, o do BPA, o das questões na Bolsa, todas aquelas negociatas,...

O Sr. Manuel Monteiro (CDS-PP): - Negociatas! Isso dá um inquérito!

O Orador: - ... porque era isso que, na altura, se lia nos jornais, e que hoje desapareceu da vida económica portuguesa. Será que isso não tem valor, Sr. Deputado? Será que isso não vale nada?
Depois, Sr. Deputado, quanto à sua insistência nas reformas de fundo, às vezes fico sem perceber se sabem o que são reformas de fundo - se não sabem, é ignorância - ou se é, mais uma vez, uma mera atitude política, se é que podemos chamar a isto política. Porque é evidente que os senhores têm obrigação de saber que as reformas de fundo fazem-se, muitas vezes, todos os dias. Têm obrigação de saber, até porque anunciaram «montes» de reformas de fundo que não concretizaram.
E, para não usar as minhas próprias palavras, limito-me a ler o que vem no Diário de Notícias de hoje, escrito por um comentador que, enfim, não é da nossa área política, que diz: «a inauguração do Centro de Formalidades das Empresas e a criação de Lojas do Cidadão são, inequivocamente, duas medidas governamentais que merecem um claro elogio».

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Mais uma coincidência!

O Orador: - E termina dizendo: «Tenho para mim que um Governo que execute muitas destas medidas funcionais, práticas e eficazes recolhe mais simpatias e elogios da opinião pública do que aqueles que vivem com a preocupação exclusiva das grandes transformações que nunca chegam a realizar».

O Sr. José Magalhães (PS): - Bem dito!

O Orador: - Suspeito que este comentador estava a pensar nalgum governo em particular e nalgum partido político em concreto!

O Sr. José Magalhães (PS): - Bem dito! Muito bem!

O Orador: - Ainda por cima, Sr. Deputado, vem falar do Quadro Comunitário de Apoio dizendo que o Governo e o Sr. Ministro teriam dito que se estava a perder a ineficiência! Para já não é verdade! Aquilo que o Sr. Ministro disse foi que, no caso de o Quadro Comunitário de Apoio seguinte se atrasar, teria meios para criar essa continuidade. Foi isto que ele disse!
Mas o Sr. Deputado sabe que o atraso que existe foi legado por VV. Ex.as. Foram 280 milhões - estou a falar de cor - de atraso do Quadro Comunitário de Apoio que este Governo herdou de VV. Ex.as.
Finalmente, a questão da saúde, Sr. Deputado, já agora, quanto a esta questão, pego-lhe na palavra, porque eu próprio, no relatório que fiz das Grandes Opções do Plano - esta é uma matéria que me preocupa pessoalmente - escrevi o seguinte: «No campo da saúde, a formulação de um conjunto de propostas legislativas que promovem no sector da saúde uma evolução de uma Administração Pública tradicional subsidiada para uma organização enquadrada e contratualizada, criando as condições necessárias para o ensaio de novos modelos de administração pública em saúde, porque, pela sua importância, poderá não ser menos do que uma revolução, sendo desejável que as forças conservadoras e os diversos corporativismos de interesses existentes não se sobreponham ao interesse nacional». Foi isto que eu disse no meu relatório das Grandes Opções do Plano.
Perante isto, desafio-o a dizer-nos se V. Ex.ª e o seu partido estão dispostos a viabilizar esta grande revolução do sector da saúde, que é, no fundo, tornar o sector da saúde eficiente, uma das grandes reformas de fundo que VV. Ex.as tanto pedem.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Rio.

O Sr. Rui Rio (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este Deputado está mais interventor do que o Sr. Deputado Joel Hasse Ferreira. É preciso olhar para ele com atenção em Janeiro!

Risos.

Sr. Deputado Henrique Neto, falou em negociatas. Não percebo bem a que se está a referir, mas as negociatas mais recentes de que me lembro foram o «totonegócio» e o «cinenegócio». Estas são as mais recentes de que me lembro, mas julgo que não se estava a referir a elas.

Vozes do PSD: - E a Autodril!

O Orador: - E a Autodril, é verdade! A memória atraiçoou-me agora.
Sr. Deputado Henrique Neto, disse tanta coisa que não sei por onde começar!

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Desista!

O Orador: - Quanto à questão da conjuntura económica, aproveito para falar na «herança» da forma como o Sr. Primeiro-Ministro ontem aqui a trouxe. A questão da inflação é pacífica, uma vez que o Sr. Primeiro-Ministro assumiu que não se faz descer a inflação em apenas dois anos, como é pacífica a estabilidade cambial e parece-me que também a entrada para o Sistema Monetário Europeu.
Porém, já não é pacífica a questão da dívida pública, mas a dívida pública, Sr. Primeiro-Ministro, também tem uma questão, é que...

Vozes do PS: - Os gráficos!